Contas externas em Maio: Crescimentistas estarão mesmo cegos?!
- Foram hoje divulgadas
as contas externas até Maio/2015, havendo a registar, como 1º apontamento,
o regresso do saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital a valores negativos:
défice de € 104,3 milhões, que compara a superavits de € 186,3 milhões até
Abril e de € 367,3 milhões nos primeiros 5 meses de 2014…
- …o que traduz, em Maio,
uma deterioração deste saldo em €
290,6 milhões em relação a Abril, e de € 471,6 milhões em relação ao mesmo período de 2014, este
último explicável por um agravamento do défice da Balança Corrente,
de € 776,1 milhões nos primeiros 5 meses de 2014 para € 911,1 milhões em
2015, bem como por um pior desempenho da Balança de Capital, com um superavit de € 806,9 milhões até Maio de 2015 que compara
a € 1.143,4 milhões no mesmo período de 2015.
- No caso da Balança
Corrente, começa a sentir-se o impacto da subida das importações de bens (automóveis e outros bens duradouros, sobretudo),
bem visível nos últimos 3 meses: apesar da enorme bonança dos preços do petróleo,
o défice na balança de Bens foi de € 3.460 milhões, quase igual aos € 3.489
milhões registados no mesmo período de 2014…
- Salva-se a Balança de
Serviços, com alguma melhoria do saldo positivo, de € 3.621,2 milhões em 2014
para € 3.731,7 milhões em 2015, graças sobretudo à muito boa performance da
componente Viagens e Turismo, cujo saldo positivo aumentou 16,5% (de € 1.896
milhões em 2014 para € 2.209 milhões em 2015).
- Perante este cenário,
justifica-se perguntar aos ilustres Crescimentistas, que continuam teimosamente a advogar
medidas de política económica, de teor desconhecido é certo, para estimular a
procura de bens e de serviços por parte de Empresas e de Particulares, se
estão realmente cegos…
- …ainda não perceberam
mesmo que o tempo para esse tipo de medidas - se alguma vez se
justificaram - já passou, manifestamente já passou, e que a insistência
nesse tema é reveladora, nas actuais circunstâncias, de propósitos suicidários?
- É muito curioso, a este respeito, que o simpático Líder Crescimentista,
tenha hoje vindo dizer que "o Governo desistiu de por em causa o Programa Económico do PS"...pudera, pois se é a própria realidade que coloca o dito Programa em causa, e de forma tão evidente, porque razão haveria o Governo de se preocupar com o assunto?
Então o governo fez alterações económicas estruturais, isto é , alterações na estrutura económica portuguesa, festejada aqui múltiplas vezes, com rasgados elogios à governação, ou afinal tudo não passou de um foguetório, levando os mesmos que aqui louvavam o governo a agora considerarem afinal que tudo se encontra na mesma.
ResponderEliminarÉ preciso ter muita lata!!!
Mas pelo que nos dizem agora, o que é preciso é reforçar a austeridade, com mais cortes e redução de salários. Isto é, mais recessão e voltarmos à recessão do PIB em 1 ou 2%.
É a proposta destes ilustres sábios da doutrina económica que mais parecem uns cataventos.
Só um cego é que não vê que há 500.000 a ganhar demais para o país que temos. Nem os patrotas dão o exemplo.É mais interessante comprar, Mercedes, BMWs, Audis, computadores actualizados na hora.
ResponderEliminarPassos está a amolecer perante os lóbis.Veja-se o caso indecente dos juízes.
Profissões há, que estudaram à conta do Zé e reformam-se cedo sem retribuirem o justo daquilo que receberam. Não é por acaso que conheço juízes, médicos, militares, etc que muito cedo (50,52,54, 56 anos) foram para casa cozer meias e o Zé paga..
Caro opjj,
ResponderEliminarMuito bem observado, e esse "amolecimento" das políticas nesta fase pós-troika esta necessariamente reflectido na evolução desfavorável dos pagamentos com o exterior.
Os lóbis, como seria de esperar, estão-se movimentando em fúria, tentando aproveitar até ao limite esta fase pré-eleitoral, em que do outro lado estão, em pose de manifesta irresponsabilidade, os Crescimentistas acenando com aumentos suicidas do rendimento disponível.
Ainda quero ver no que vai dar a proposta de OE para 2016...
O risco é evidente.
Caro Dr. Tavares Moreira, independentemente das tendências que os resultados das sondagens demontram, duvido cada dia mais que as próximas eleições legislativas venham a ser ganhas por António Costa.
ResponderEliminarMas se eventualmente as superiores engrenagens que regem estas coisas, desatarem a rodar nesse sentido, não tenho qualquer dúvida que António Costa não cumprirá nenhuma das medidas que agora apregoa.
Aliás, nada que surpreendesse o eleitorado já habituadíssimo a políticos que prometem para ser eleitos mas que depois são atacados por profundas crises de amnésia.
Reparo também que a rainha de Inglaterra não tem respondido aos meus comentários. Significa que ela acha que eu tenho razão. Ah, já que falamos nisso, o PM também não, portanto ele concorda simultaneamente com os meus comentários e com o programa do PS.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarIndependentemente de preferências partidárias, assunto a cuja discussão sou manifestamente alérgico, tranquiliza-me muito pouco essa sábia previsão "não tenho qq dúvida que AC não cumprirá nenhuma das medidas que agora apregoa".
E tranquiliza-me muito pouco porque o simples enunciado/promessa dessas "medidas", ainda que profundamente insincero, é revelador de um grave desconhecimento da realidade subjacente, fermento propiciador dos maiores erros neste campo da decisão económica.
Caro Pires da Cruz,
Custa-me muito crer que a Rainha do UK não esteja pelo menos atenta aos seus comentários - já quanto a não responder, será certamente falha, e grave, do seu staff!
Em relação ao PM, receio que também se encontre rodeado de Crescimentistas, por esta altura, dos quais terá bastante dificuldade em libertar-se, pelo menos até ao final do Verão...
"o Governo desistiu de por em causa o Programa Económico do PS", diz António Costa.
ResponderEliminarMas qual, se o PS já nem fala naquele que há tempos apresentou? O que, a falar verdade, só revela alguma réstea de bom senso. Porque aquilo seia um programa de destruição maciça da economia. É que há uma vida real muito diferente para além de power-points de académicos...
Caro Pinho Cradão,
ResponderEliminarConvém ir deixando cair no esquecimento as propostas de Crescimentismo acelerado, avançadas com pompa e circunstância ainda não há muito tempo, sob pena de se transformarem num exercício de alquimia económica de consequências desastrosas...é bom, mesmo, que esqueçam de vez.