terça-feira, 21 de julho de 2015

Contas externas em Maio: Crescimentistas estarão mesmo cegos?!


  1. Foram hoje divulgadas as contas externas até Maio/2015, havendo a registar, como 1º apontamento, o regresso do saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital a valores negativos:  défice de € 104,3 milhões,  que compara a superavits de € 186,3 milhões até Abril e de € 367,3 milhões nos primeiros 5 meses de 2014…
  2. …o que traduz, em Maio,  uma deterioração deste saldo em € 290,6 milhões em relação a Abril, e de € 471,6 milhões  em relação ao mesmo período de 2014, este último explicável por um agravamento do défice da Balança Corrente, de € 776,1 milhões nos primeiros 5 meses de 2014 para € 911,1 milhões em 2015, bem como por um pior desempenho da Balança de Capital, com um superavit de € 806,9 milhões até Maio de 2015 que compara a € 1.143,4 milhões no mesmo período de 2015.
  3. No caso da Balança Corrente, começa a sentir-se o impacto da subida das importações de bens (automóveis e outros bens duradouros, sobretudo), bem visível nos últimos 3 meses: apesar da enorme bonança dos preços do petróleo, o défice na balança de Bens foi de € 3.460 milhões, quase igual aos € 3.489 milhões registados no mesmo período de 2014…
  4. Salva-se a Balança de Serviços, com alguma melhoria do saldo positivo, de € 3.621,2 milhões em 2014 para € 3.731,7 milhões em 2015, graças  sobretudo à muito boa performance da componente Viagens e Turismo, cujo saldo positivo aumentou 16,5% (de € 1.896 milhões em 2014 para € 2.209 milhões em 2015).
  5. Perante este cenário, justifica-se perguntar aos ilustres Crescimentistas, que continuam teimosamente a advogar medidas de política económica, de teor desconhecido é certo, para estimular a procura de bens e de serviços por parte de Empresas e de Particulares, se estão realmente cegos…
  6. …ainda não perceberam mesmo que o tempo para esse tipo de medidas - se alguma vez se justificaram - já passou, manifestamente já passou, e que a insistência nesse tema é reveladora, nas actuais circunstâncias, de propósitos suicidários?
  7. É muito curioso, a este respeito, que o simpático Líder Crescimentista,  tenha hoje vindo dizer que "o Governo desistiu de por em causa o Programa Económico do PS"...pudera, pois se é a própria realidade que coloca o dito Programa em causa, e de forma tão evidente, porque razão haveria o Governo de se preocupar com o assunto?

8 comentários:

  1. Então o governo fez alterações económicas estruturais, isto é , alterações na estrutura económica portuguesa, festejada aqui múltiplas vezes, com rasgados elogios à governação, ou afinal tudo não passou de um foguetório, levando os mesmos que aqui louvavam o governo a agora considerarem afinal que tudo se encontra na mesma.
    É preciso ter muita lata!!!
    Mas pelo que nos dizem agora, o que é preciso é reforçar a austeridade, com mais cortes e redução de salários. Isto é, mais recessão e voltarmos à recessão do PIB em 1 ou 2%.
    É a proposta destes ilustres sábios da doutrina económica que mais parecem uns cataventos.

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  2. Só um cego é que não vê que há 500.000 a ganhar demais para o país que temos. Nem os patrotas dão o exemplo.É mais interessante comprar, Mercedes, BMWs, Audis, computadores actualizados na hora.
    Passos está a amolecer perante os lóbis.Veja-se o caso indecente dos juízes.
    Profissões há, que estudaram à conta do Zé e reformam-se cedo sem retribuirem o justo daquilo que receberam. Não é por acaso que conheço juízes, médicos, militares, etc que muito cedo (50,52,54, 56 anos) foram para casa cozer meias e o Zé paga..

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  3. Caro opjj,

    Muito bem observado, e esse "amolecimento" das políticas nesta fase pós-troika esta necessariamente reflectido na evolução desfavorável dos pagamentos com o exterior.
    Os lóbis, como seria de esperar, estão-se movimentando em fúria, tentando aproveitar até ao limite esta fase pré-eleitoral, em que do outro lado estão, em pose de manifesta irresponsabilidade, os Crescimentistas acenando com aumentos suicidas do rendimento disponível.
    Ainda quero ver no que vai dar a proposta de OE para 2016...
    O risco é evidente.

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  4. Caro Dr. Tavares Moreira, independentemente das tendências que os resultados das sondagens demontram, duvido cada dia mais que as próximas eleições legislativas venham a ser ganhas por António Costa.
    Mas se eventualmente as superiores engrenagens que regem estas coisas, desatarem a rodar nesse sentido, não tenho qualquer dúvida que António Costa não cumprirá nenhuma das medidas que agora apregoa.
    Aliás, nada que surpreendesse o eleitorado já habituadíssimo a políticos que prometem para ser eleitos mas que depois são atacados por profundas crises de amnésia.

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  5. Reparo também que a rainha de Inglaterra não tem respondido aos meus comentários. Significa que ela acha que eu tenho razão. Ah, já que falamos nisso, o PM também não, portanto ele concorda simultaneamente com os meus comentários e com o programa do PS.

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  6. Caro Bartolomeu,

    Independentemente de preferências partidárias, assunto a cuja discussão sou manifestamente alérgico, tranquiliza-me muito pouco essa sábia previsão "não tenho qq dúvida que AC não cumprirá nenhuma das medidas que agora apregoa".
    E tranquiliza-me muito pouco porque o simples enunciado/promessa dessas "medidas", ainda que profundamente insincero, é revelador de um grave desconhecimento da realidade subjacente, fermento propiciador dos maiores erros neste campo da decisão económica.

    Caro Pires da Cruz,

    Custa-me muito crer que a Rainha do UK não esteja pelo menos atenta aos seus comentários - já quanto a não responder, será certamente falha, e grave, do seu staff!
    Em relação ao PM, receio que também se encontre rodeado de Crescimentistas, por esta altura, dos quais terá bastante dificuldade em libertar-se, pelo menos até ao final do Verão...

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  7. "o Governo desistiu de por em causa o Programa Económico do PS", diz António Costa.
    Mas qual, se o PS já nem fala naquele que há tempos apresentou? O que, a falar verdade, só revela alguma réstea de bom senso. Porque aquilo seia um programa de destruição maciça da economia. É que há uma vida real muito diferente para além de power-points de académicos...

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  8. Caro Pinho Cradão,

    Convém ir deixando cair no esquecimento as propostas de Crescimentismo acelerado, avançadas com pompa e circunstância ainda não há muito tempo, sob pena de se transformarem num exercício de alquimia económica de consequências desastrosas...é bom, mesmo, que esqueçam de vez.

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