quinta-feira, 30 de julho de 2015

Economias da Irlanda e de Espanha deverão crescer mais de 4% e cerca de 3%, em 2015 - Tudólogos meditem...


 

  1. O tema da infertilidade obrigatória dos Programas de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF’s), e do Euro, cuja elaboração tanto tem ocupado os nossos principais Tudólogos, ameaça sofrer um forte revés quando se começa a analisar o desempenho de algumas economias europeias, com base na informação já disponível para o 1º semestre de 2015.
  2. Começo por notar a fortíssima insistência, nos últimos tempos, por parte de eminentes Tudólogos Lusitanos - tendo por base a preciosa experimentação que tem vindo a ser realizada no laboratório político e social de Atenas - na incompatibilidade entre as regras (leia-se disciplina) do Euro e os objectivos de crescimento económico…
  3. Interrogo-me sobre o que dirão estes laboriosos Tudólogos do facto de a Irlanda e a Espanha apresentarem para 2015 perspectivas económicas muito favoráveis, traduzidas em taxas de crescimento do PIB de mais de 4% e de cerca de 3%, respectivamente…
  4. …tratando-se, como bem sabemos, de Países que estiveram sujeitos à camisa de forças de PAEF’s – de natureza e estrutura diferentes, é certo – tendo ambos sido forçados a beber o “fel da Austeridade”, que se mantêm no Euro e não mostram vontade de Euroxitar…
  5. Não dirão nada, talvez, ou dirão simplesmente, inspirados por(boa)ventura em modelos coimbrões, que a realidade está errada, que se trata de crescimentos insustentáveis…
  6. ...Pois que o único crescimento verdadeiramente sustentável que se conhece é o que resulta da expansão indefinida da despesa pública, financiada sob a forma de maná, e, obviamente, em ambiente de perfeita autonomia monetária, fora do colete de forças austerista do Euro…
  7. E, nesse quadro de análise, os nossos Tudólogos não deixarão de comparar o saudável crescimento de economias como as do Zimbawe e da Venezuela - para citar apenas dois casos de utilização intensiva do privilégio da autonomia monetária – com o precário crescimento das economias irlandesa e espanhola, sempre sujeitas ao cutelo do Euro e da sua insanável disciplina financeira!
  8. E é neste Papaçordismo que iremos continuar a viver, por muitos e bons anos.

10 comentários:

  1. O ponto 3 deste seu post, caro Dr. Tavares Moreira, confesso, estimulou a minha curiosidade, estimulou o meu relativo interesse pelo paranormal, pelo metafísico, pelo espiritual e pelo astrológico.
    Sentei-me no meu sofá, agorinha mesmo, depois de um simples mas saborosíssimo almoço de joaquinzinhos fritos, acompanhados de um aroz de coentros malandrinho, uma salada de tomate da horta, regado por azeite aromático fabricado por amigos e para consumo restrito e um tinto reserva da Quinta de S. Sebastião, quando de súbito, a vista poisou casualmente sobre o "Almanaque Borda D'Água" - «Reportório útil a toda a gente» - Para 2016 (Bissexto). Bissexto, repito porque é da máxima importância para o que a seguir irei escrever.
    Refere na última página deste Almanaque, com o título "Juízo do Ano" o que passo a transcrever: «Em 2016, daremos início a um novo ano e dele/com ele esperamos continuar a busca incessante da luz que nos guie e nos permita perpetuar o verdadeiro sentido da nossa existência no Universo.
    Em termos de planetas regentes é o anos do Sol.
    O ano será tranquilo, pacífico e amistoso, depois da turbulência criada pela crise económica mundial. Deverá portanto cultivar-se a paz e a tolerância preservando e preservando-se do mal estar que causam atitudes contrárias.
    ... É altura de reforçar o uso do diálogo, do entendimento e da negociação em todas as áreas como alicerce para um futuro melhor, começando desde já a desfruta-lo.»
    Ora bem, este resumo do Juízo, garante-nos, a par das promessas eleitorais deos partidos políticos, que não serão somente as economias irlandesas e espanholas a conhecer fortes crescimentos. Como frisei, o ano é bissexto e o Sol brilhará intensamente, até para os gregos.
    Conclui-se assim, que os "tudólogos" deixarão de encontrar matéria de opinião, dado que, o Sol brilhará tão intensamente, a luz inundará de tal forma a vida económica e social do país, tudo será tão grandiosamente brilhante que, o melhor que os "tudólogos" inveterados deveriam fazer e quanto mais rápidamente, melhor; seria comprar viagem para aquele planeta descoberto recentemente, que segundo parece, reune as condições necessária para que lá, possa haver vida.

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  2. Mas que inveja, caro Bartolomeu, mas que inveja...dos seus joaquimzinhos fritos, com arroz malandro de coentros, regado com o saboroso néctar que escolheu...à comida quase de "plástico" que me foi servida no El Corte Ingles, vai uma distância quase planetária, que nem os ilustres Tudólogos estarão em condições de avaliar, apesar da sua quase infinita capacidade de tudo poderem comentar...
    Quanto às profecias do Borda d'Água, deixam-me bastante mais tranquilo, pode mesmo acontecer que as economias europeias, portuguesa incluída, venham a igualar a "performance", invejável, do Zimbawe e da Venezuela!
    Os meus melhores votos de uma excelente digestão, embalado por essa aliciante leitura!

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  3. Apenas para acrescentar que na edição de amanhã do F. Times se poderá encontrar uma notícia mais desenvolvida sobre este tema, com os seguintes títulos "Spanish and Irish recoveries accelerate - two of the Eurozone's hardest hit economies rebound strongly".
    Deve ser leitura interessante.

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  4. Devem ser uns regimes de selvagens onde o princípio da igualdade da primeira derivada e o princípio da protecção da confiança do estado no estado não são aplicados. Ou, pior, na volta até os funcionários públicos deles são obrigados a usar os serviços públicos de saúde. Aquilo dever ser como as fábricas da Adidas na Indonésia.

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  5. Caro Pires da Cruz,

    Quando fala em regimes de selvagens, refere-se aos regimes de Espanha e da Irlanda, em oposição aos do Zimbawe e da Venezuela?
    Se sim, estou de acordo. As diferenças entre os dois universos são abissais e resultam, basicamente, da capacidade que uns têm - e utilizam até ao limite - de exercer o privilégio da autonomia monetária, enquanto que os outros (ES e IR) continuam agrilhoados ao Euro e à sua insuportável disciplina austerista.

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  6. Sim, a falta que faz um Ferreira do Amaral espanhol....

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  7. Boas notícias. Esperemos que Portugal acompanhe, que bem falta nos faz. Claramente, o estado não pode criar dependências e dedicar-se àquilo que lhe compete como estado e que certamente não será ser patrão ou dono de todos os portugueses.

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  8. corrijo "e deve dedicar-se"

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  9. Só para que fique registado em acta e para memória futura(espero que num futuro muito próximo) e para causar alguma inveja ao grego Varoufakis e ao seu tão badalado terraço com vista para a Akropole, o almoço de hoje constou de duas valentes postas de cherne grelhadas no carvão, acompanhadas de uma salada "mistério" pensada e executada pela minha mulher e que incluía entre várias sementes (algumas com prognóstico de causar algum efeito afrodisíaco) variadíssimos vegetais e tomate cherry de uma "casta" especial, um azeite aromático que não existe à venda no mercado e um branco da Qunita do Rol que não admite comentários. Fruta daqui, café, biscoitos regionais e o sempre requerido Licor Beirão.
    Meu Amigo Tavares Moreira... se mesmo assim continua a dar preferência ao seu eleito El Cortinglés... Olhe... temos pena! :)

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  10. Não faltarão pela outra parcela da Ibéria alguns valentes F. Amaral, abrigados pelo chapéu do Podemos, com a diferença de pugnarem pelo regresso não do Escudo mas da Peseta!
    E, caso faltem, estou certo de que F. Amaral (pessoa aliás muito respeitável) estará sempre disponível para ceder a patente a nuestros hermanos!

    Caro Alberto Sampaio,

    Ora aí temos um excelente tema para debate, saber a que deve o Estado dedicar-se e aquilo em que não deve intrometer-se...os Tudólogos, na sua maioria, nunca estarão satisfeitos com a extensão objectiva das funções do Estado, acharão sempre que é pouco, que o Estado não cumpre todas as suas funções, bla, bla, bla...
    Pelos vistos o Senhor não tem esse entendimento e ainda bem.

    Caro Bartolomeu,

    A minha preferência pelo El Corte tem pouco a ver com fundamentos gastronómicos...são a geografia e o relógio que me empurram para lá, quem me dera poder fugir mais vezes até Arruda e outros monumentos gastronómicos...
    Mas prometo mudar de vida, não tarda...
    E estas suas preciosas notas vêm dar-me força, ânimo, coragem, para operar essa mudança, pode crer...

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