Exportações no 1º semestre/2015: dois pontos nos ii...
- No último Post aqui
editado fiz referência ao inquestionável bom desempenho das exportações de
bens no 1º semestre de 2015 (+5,7%), face ao mesmo período de 2014, após
um mês de Junho excepcional (+9%).
- Constatei, entretanto,
que a generalidade dos comentadores têm colocado ênfase quase exclusiva
nas exportações para países UE, em oposição a países não UE (com destaque,
neste último caso, para a forte quebra das exportações para Angola), na
explicação para o bom desempenho das exportações.
- O que está longe de ser
verdade: neste mesmo período, as exportações para os EUA aumentaram 27,4%,
subindo do 6º para o 5º lugar no ranking dos mercados de destino, as
exportações para a China subiram 10,4% (mantendo o 10º lugar), o que não
deixa de ser notável quando se pensa na desaceleração a que se assiste na
economia chinesa, e as exportações para o Canadá aumentaram em flecha
(+73,6%) fazendo este mercado subir do 24º para o 16º lugar no ranking.
- Em conjunto, os
aumentos das exportações para os EUA (€ 270 milhões), para o Canadá (€ 88,1
milhões) e para a China (€ 43,1 milhões), suplantaram largamente a
diminuição das exportações para Angola (€ 366,6 milhões).
- Este, o primeiro ponto
nos ii…quanto ao segundo, cumpre esclarecer que nesta como noutras áreas, “nem
tudo o que luz é oiro”, como se usa dizer…
- Com efeito, se
excluirmos as transacções com petróleo, o saldo comercial, em vez da
melhoria que se observou na sua expressão global (de € 182 milhões, ou
3,6%), evidencia uma deterioração de 53,1% (de € 932 milhões), o que
mostra bem a importância do ganho de termos de troca, decorrente da quebra
dos preços do petróleo, nas nossas contas externas…
- E aqui entram os
habituais avisos aos Crescimentistas: a bonança do petróleo não dura
sempre e a procura interna está aí, em força, a recuperar – cuidado pois
com as promessas de melhoria discricionária dos rendimentos dos
particulares e das empresas, deixem as coisas seguir o seu caminho, sem
exageros…
Não é para admirar, mas a série de posts do Tavares Moreira sobre o tema dos movimentos com o exterior é o melhor que se tem publicado neste país. Pela objectividade e pela análise lucida que coloca nos textos. Parabéns, caro Tavares Moreira.
ResponderEliminarApoiado!
ResponderEliminarEssa é muito forte, caro Pinho Cardão, é mesmo muito forte...não sei o que dirá a Academia de Coimbra em tal contexto, mas devo admitir que não esteja nada disponível para subscrever tal loa.
ResponderEliminarE logo com o apoio do Pires da Cruz!
Eu também não posso subscrever, sou sincero; certamente que aprecio o comentário amigo mas reconheço que o que aqui tenho escrito sobre esta matéria é o chamado bê-a-bá...muitas vezes esquecido, é certo, mas não deixa de ser bê-a-bá.
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarA qualidade não se mede pelo gongorismo dos textos. Claro que há especialistas em juntar palavras sem qualquer conceito subjacente e sei que esses tratadistas são os mais apreciados pelos ignorantes que querem apresentar- se como inteligentes.
Quanto à "real" e "boaventurada" escola de Coimbra...creio bem que eles não sabem, nem sonham o que seja economia...Mas escrevem e, sobretudo, falam sobre ela como gente grande...
"Com efeito, se excluirmos as transações com petróleo, o saldo comercial, em vez da melhoria que se observou na sua expressão global (de € 182 milhões, ou 3,6%), evidencia uma deterioração de 53,1% (de € 932 milhões), o que mostra bem a importância do ganho de termos de troca, decorrente da quebra dos preços do petróleo, nas nossas contas externas…
ResponderEliminarE aqui entram os habituais avisos aos Crescimentistas: a bonança do petróleo não dura sempre e a procura interna está aí, em força, a recuperar – cuidado pois com as promessas de melhoria discricionária dos rendimentos dos particulares e das empresas, deixem as coisas seguir o seu caminho, sem exageros..."
Observação lúcida e sábia, caro Dr. Tavares Moreira! Permita-me só acrescentar que também a atual maioria governativa, caso continue em decorrência de vitória nas eleições (o que muito espero), deve ter também cuidado com o rumo das coisas, nomeadamente com o perigo de ilusão do aumento da procura interna e das consequências de uma volta ao passado e com o perigo do arrefecimento de um percurso de reformas estruturais que se impõem, nomeadamente a reforma do Estado.
Caro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarA sua observação é completamente pertinente, na minha apreciação, creio que na área política governamental também não faltam Crescimentistas, espero que sejam adequadamente controlados na fase pós-eleitoral, na fase agora em curso aparenta estar um bocado mais difícil...
Eu acho que a academia de Coimbra não se importará que o caro Tavares Moreira nos faça a análise dos números associados às epistemologias do norte ao serviço do capitalismo, do colonialismo e do patriarcado. Afinal, a Economia que eles praticam não é esta Economia main stream ortodoxa que se baseia em números,..
ResponderEliminarCaro Pires da Cruz,
ResponderEliminarA dita Academia estará por esta hora ocupada em exclusivo na desmatação dos números aferentes ao crescimento do PIB, em especial no 2º trimestre de 2015, hoje divulgados, para demonstrar à população, ávida de novidades,que a economia continua em crise profunda, e que não será possível qualquer recuperação enquanto permanecer sujeita aos ditames do mercado, de políticas neoliberais de das agências de rating.
Portanto, mesmo que se importasse com estes modestos textos, não teria tempo para deles se ocupar.
Sorte minha...
É certamente um crescimento baseado nos baixos salários, na venda de património - particularmente ouro penhorado e empresas públicas de elevado valor estratégico - e na exportação de bens para portugueses na diáspora, afastados do seu país pelas políticas austerizarias da era. Merkel.
ResponderEliminarEstou a concluir que o Senhor, caro Pires da Cruz, se está a transformar num fã das exegeses económicas e sociais da famosa Academia...ainda corremos o risco de o ver doutorado por essa vetusta e prestigiada escola!
ResponderEliminarA explicação que oferece, para este falso crescimento económico, encaixa, na perfeição, nos manuais boa-venturistas...
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