Muito tem sido comentado, na comunicação social
lusa, em torno do relatório FMI sobre a economia portuguesa, ontem
divulgado, o segundo após a conclusão do PAEF “Second Post-Program
Monitoring Discussions”…
…tendo sido dado enorme destaque às dúvidas,
enunciadas no parágrafo 16, sob título “The authorities should move cautiously in
reversing key revenue measures adopted in recente years”, onde é referida a questão da possível
redução da sobretaxa que presentemente incide sobre os rendimentos tributáveis
em sede de IRS, na qual o Governo tem insistido.
O
que está dito no relatório, a esse propósito, é um prudente conselho,
redigido nos seguintes termos: “Lower revenues than projected or insufficient
spending adjustment would require postponing or partially cancelling the
proposed phasing out of the PIT surcharge, the extraordinay contributions
on energy and natural gas, and the reform of the real estate taxes”.
Ou seja, trata-se de um aviso alargado à navegação,
que se dirige não apenas à questão da sobretaxa do IRS, como se constata,
mas abrange outros impostos extraordinários - não exclui a possibilidade
de uma redução da famosa sobretaxa, mas aconselha, e muito bem, a maior cautela quanto à eventual redução dessa
tributação.
A nossa distintíssima comunicação social, como
lhe cumpre, só conseguiu ler a parte referente à sobretaxa do IRS, não
teve tempo para mais…e, sobretudo, não teve tempo para prestar atenção a
um aviso bem mais importante, constante do parágrafo 27, sobre a
necessidade de não afrouxar o ritmo das reformas estruturais.
Deste
parágrafo vale a pena retirar a seguinte passagem: “Product markets
reforms that are now on paper need to be effectively implemented with an eye
to producing tangible results in terms of lower cost and higher quality of
goods and services…
…moreover,
new
pressures to add to already existing
overcapacities in the energy and transport sectors should be RESISTED…
…while
fresh reform initiatives regarding employment protection rules and
collective bargaining are needed. In addition, a still large and
inefficient public sector remains a source of high transaction costs; improving the efficiency of public administration, SOEs and
courts, while increasing the payments discipline of public sector
entities, would boost potential growth”.
Isto, que é infinitamente mais importante que o
tema da sobretaxa, mereceu, que eu tenha dado por isso, uma muito breve
referência na edição de hoje de um dos jornais económicos - os demais media
simplesmente ignoraram…é a apagada e vil tristeza a que estamos condenados…e
a força da mesa do Orçamento.
Obrigado pelas informações. Seria excelente se certos "jornalistas" e políticos lessem este post e depois, obviamente, o relatório na íntegra.
ResponderEliminarMas eles não lêem, até porque é duvidoso que alguns saibam ler. Nem precisam: porque estão ajuramentados, basta-lhes editar a prosa que recebem gratuitamente das agências de imagem que lhes agradam.
ResponderEliminarÉ esse, cada vez mais, o critério jornalístico.
Desculpe-me, Pinho Cardão, mas parece-me mais adequado dizer que muitos socialistas estão arregimentados e deixaram de pensar, funcionando como simples papagaios. Mas, atenção, também há disso nos outros Partidos
ResponderEliminarNada tem a agradecer, caro Alberto Sampaio, quanto à sua expectativa de que este texto seja lido por políticos e media-makers, será melhor não acalentar grandes esperanças...
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão,
Se assim for, então o grau de indigência mediática terá atingido um nível outrora impensável...felizmente que há excepções, embora possam ser contadas pelos dedos das duas mãos.
Caro Tiro ao Alvo,
Quase se pode dizer que as tradicionais funções se inverteram: agora são os homens (políticos/media makers) que imitam os papagaios e não o inverso...
Não deixo de concordar consigo, caro Tiro ao Alvo
ResponderEliminar