Contas externas até Setembro: ainda e bastante positivas...
- Com a doce turbulência
política dos últimos dias – agora suavemente ultrapassada – nem reparamos
na divulgação dos dados sobre as contas externas até Setembro, ocorrida na última 6ª
Feira, e de que aqui temos por hábito deixar um breve apontamento – atenta
a decisiva importância desta informação para se perceber como vai a
economia do País.
- E esses dados são
bastante positivos: o saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital
subiu quase € 600 milhões em relação ao mês anterior, totalizando agora perto
de € 3 mil milhões (€ 2.913,8 milhões), sendo superior em 10,2% ao
verificado no período homólogo de 2014.
- Para esta evolução
é fundamental a melhoria do saldo da Balança Corrente, que se
situa em € 1.232,8 milhões, mais 62% que o valor verificado no período homólogo
de 2014…e, dentro da balança corrente, registam-se melhorias nas rubricas de Bens – diminuição do défice em € 240 milhões e Serviços – aumento
do excedente em € 281 milhões, enquanto o défice dos Rendimentos apresenta um ligeiro agravamento, de € 52,6 milhões.
- Quanto à Balança de
Capital, o excedente, de € 1.681 milhões, é ainda inferior ao apurado no
mesmo período de 2014 (€ 1.881,7 milhões), embora esta diferença tenha
vindo a estreitar-se nos últimos meses.
- Com estes dados, torna-se
verosímil um saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital superior a
2% do PIB no final do ano, podendo mesmo ultrapassar o verificado em 2014 (€
3.513,5 milhões), até porque o preço do petróleo continua muito contido,
devendo proporcionar um saldo na rubrica de Bens menos negativo do que em
2014.
- Resta saber por quanto
tempo durará esta formidável inversão das contas externas, que se iniciou
em 2012/2013, depois de um longuíssimo período de enormes défices desde a
segunda metade dos anos 90…
- …inversão que, como
aqui temos repetidamente salientado, foi produto de um trabalho extraordinário de
muitas centenas senão mesmo de milhares de empresas portuguesas – privadas
na sua esmagadora maioria – bem como dos seus gestores e trabalhadores…
- … que não pouparam a
esforços nem sacrifícios para dar a volta à situação totalmente insustentável de desequilíbrio e de
asfixia financeira a que a economia portuguesa tristemente chegou nos
primeiros meses de 2011.
- Resta-nos deixar os
mais ardentes votos para que esses esforços e sacrifícios não tenham sido
em vão, agora que se concluiu o ciclo político iniciado precisamente no 2º
trimestre de 2011 e se inicia outro, sob o lema do Crescimento “a todo o pano”,
supostamente empurrado pela procura interna.
- Cá estaremos, se possível,
para explicar como vai ser.
D'O "Ovário de Eva" irão finalmente começar a sair gerações ininterruptas de monstroosos resultados económicos, capazes de afrontar com mágno arrojo o até agora fantasmagórico e tenebroso percipício do enésimo resgate financeiro.
ResponderEliminarRazão, encontramo-la no adágio popular « guardado está o bocado... para quem o ha-de-comer».
Rogo aos letrados deuses da finança que não se lembrem de aumentar a taxa do Iva na restauração. animados pelo Crescimento da procura interna... pelo menos até dia 17/12/2015.
Mas que inspiração e exegese socio-política mais aprofundadas, caro Bartolomeu...
ResponderEliminarQuanto ao IVA, pode dormir descansado, que o anunciado plano Crescimentista até prevê redução do IVA sobre a restauração, de 23 para 13% - sem exclusão do FUSO, obviamente - em ordem a combater a dolorosa desertificação que grassa nos restaurantes, fenómeno nosso bem conhecido.
E a redução do IVA deverá ser acompanhada da libertação de rendimentos, nomeadamente dos funcionários públicos, que até agora se encontravam agrilhoados, por força da maldita Troika, em ordem a aumentar a procura de refeições no exterior dos lares, assim reforçando os efeitos no combate à dita desertificação.
Nada de cuidado, pois, só esperamos que o preço final das refeições seja ajustado em baixa para reflectir a redução do IVA...
Quanto a 17/12, convém ir já planeando as encomendas.
As perspectivas macroeconomicas não poderiam ser mais animadoras. Primeiro, porque basta o membro da junta golpista responsável pelas finanças mudar o cenário macroeconomico para a realidade acompanhar. Depois, parece natural que depois do esforço feito para consumar o golpe pelas forcas leais a DDT, quer em Belém quer no Parlamento, e do sucesso esperado que a candidatura que o entretém de donas de casa anunciou, que o sistema financeiro volte à pujança que tinha antes daquelas pessoinhas de Massamá o terem destruído em favor de uns indignados quaisquer cujas famílias ninguém conhece. Finalmente, este país vai poder voltar a ser o que era, pelo menos até ao próximo resgate. Depois logo se vê.
ResponderEliminarCaro Pires da Cruz,
ResponderEliminarO seu compreensível optimismo parece estar a ser posto em causa face aos dados hoje divulgados pelo INE, mostrando que tanto as Famílias como as Empresas estão agora (Novembro) mais pessimistas em relação ao futuro do País...
Será porque ainda não foi devidamente difundida e absorvidas essa mensagem de esperança quanto à capacidade do Cenário para determinar a realidade, de forma mecânica?
Ou haverá outra explicação, porventura mais comezinha - por hipótese o prolongamento dos custos impostos pelo PR ao País, com a delonga no "fixing" de uma solução óbvia para o impasse político?
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarAproveito esta caixa de comentários para lhe agradecer as suas palavras.
Quanto ao tema do post, receio muito que o que foi alcançado com tanto esforço e sacrifício comece a ir por água abaixo. De novo, o PS insiste nos mesmos erros: aposta no consumo, nos gastos públicos, etc. Mais cedo ou mais tarde, recomeçará a acentuação do endividamento, a deterioração da balança comercial, etc. Se o derrotado nas eleições se vir naufragado, criará uma qualquer crise política para pular fora do barco, vitimizando-se e atirando as culpas para os outros. Depois, lá se terão de fazer as correções com mais sacrifícios. Esta parece ser uma triste sina do país. O ajustamento deveria ser um processo de, pelo menos, duas legislaturas. No entanto, depois de passado o pior, o derrotado nas eleições logo encontrou a maneira de tentar salvar a própria face e a sua própria liderança do PS. Resta saber se o feitiço não se virará contra o feiticeiro...Mas como digo, quando se vir em apuros, inventará uma crise política, dizendo que não tem condições de governar. E depois quem vier atrás que feche a porta. E o bom povo mais uma vez pagará a fatura.
Há um outro assunto que talvez tenha passado um pouco despercebido na mídia: a própria natureza semi-presidencialista do regime. Perante a advertência do PR de que mantém todos os seus poderes, excepto o de dissolver a AR (e entre esses poderes está o de demitir o Governo), o derrotado nas eleições, em jeito de desafio, afirmou que responde perante a AR. Isto, aparentemente parece não significar nada de mais. pode esconder um desejo de parlamentarização do regime. E as críticas do PCP e do BE, associadas às do PS, no que toca ao PR, parecem reforçar isso mesmo. O PR, no entanto, nada fez de inconstitucional, é bom ter presente.
ResponderEliminarLeia-se "...mas pode..."
ResponderEliminarJá agora, convém lembrar que a mesma esquerda não teve os arroubos parlamentaristas quando Jorge Sampaio fez o que fez a Santana Lopes e ao seu Governo...
ResponderEliminarA notícia é que Costa entrega mil milhões às famílias
ResponderEliminarE o que devem fazer as famílias?
Guardar muito bem esses mil milhões pois os mesmos, na verdade, não existem (por vivermos em défice, que passará a ser crescente) pelo que terão de ser emprestados, por alguém que, naturalmente, logo, logo, os vai querer de volta (com juros). E aí, também, logo, logo, voltará a austeridade pelo que valerá esse dinheiro bem guardado.
Mas, bem guardado, terá de ser longe dos bancos. Já disse a DECO (o juro é quase negativo) e mais se deverá reforçar que - já o fez Sócrates - é aí que os socialistas vão quando mais ninguém lhes empresta para as despesas.
Assim, o que vier ... logo para o colchão.
Caro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarCompreendo e partilho em grau apreciável as suas preocupações quanto ao futuro do País.
Vamos no entanto dar - nem que seja apenas pela generosidade para que somos naturalmente impelidos pelo espírito da época natalícia que se aproxima, a passos rápidos - algum benefício da dúvida aos novos responsáveis pela política económica, para verificar como vão cumprir os compromissos que até aqui tanto nos custaram a manter.
sabemos que não será com grandes facilidades, como aquelas que estão sendo anunciadas, que se pode satisfazer esse desiderato - mas pode ainda haver uma inversão de marcha, quem sabe,nem que seja em jeito de manobra perigosa...
Aqui no 4R iremos estar atentos, pode crer. E, certamente, no almoço do próximo dia 17/12, no FUSO, em A. dos Vinhos, este já deverá constituir um tema central do debate que esse convívio proporcionará.
Caro Gonçalo,
Quem nos avisa, nosso amigo é...pela minha parte, obrigado pelo aviso. Quanto ao resto, permito-me, com a devida vénia, remeter para o comentário que acabei de dirigir ao Pedro de Almeida.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarComo diria o grande Galamba, o crescimento dos salários na função publica é uma condição essencial para o crescimento económico. E face à concordância generalizada quanto a este pilar fundamental das políticas crescimentistas, percebe-se que a falta de confiança das famílias é totalmente injustificada porque, embora algumas possam ficar mais pobres, a verdade é que as famílias que interessam vão estar empenhadas a sério no crescimento económico ao receberem de volta os rendimentos que lhe foram subtraídos pela troca malvada. Só os organismos estatísticos ao serviço das políticas austeritárias da Sra. Merkel é que podem trazer números fabricados como esses, certamente andaram a perguntar ás famílias cê forma indiscriminada e sem terem em atenção aquelas que verdadeiramente contribuem para o Cenário.
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarRegistro a sua observação e aproveito para citar o seguinte excerto de notícia do público. Aguardemos mais desenvolvimentos...
Os projectos de lei do PCP, PS, BE e PEV que definiam a anulação, cancelamento e reversão dos processos de subconcessão dos transportes públicos de Lisboa e Porto baixaram, nesta sexta-feira, à Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas, sem votação na generalidade por um período de 30 dias. João Paulo Correia, do PS, bem falou que se tratava de “um dia histórico para o sector dos transportes, para o serviço público, para os trabalhadores e para a luta dos autarcas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”, destinado a por fim “ao maior ataque ideológico contra o sector dos transportes” que foi protagonizado pelo anterior governo liderado por Pedro Passos Coelho. Mas, afinal, a história terá de ser escrita noutro dia, já que os nove projectos acabaram por não ser votados.
Durante o debate parlamentar em que cada um dos diplomas foi apresentado (mas pouco discutido), os deputados do CDS-PP e do PSD bem tentaram desafiar o PS, agora no Governo. Ora lembrando que a mudança de rumo nos sistemas de transporte foi uma imposição da troika (“e não fomos nós que a chamámos”, lembrou Pedro Rio, do PSD), ora recordando que a diabolização dos privados na gestão das empresas publicas também não deveria estar na matriz dos socialistas – “Vale a pena perguntar ao PS porque decidiu subconcessionar o Metro do Porto em 2008. (…) Os resultados estão à vista, está a ganhar quota e teve zero dias de greve. Estão a proteger as 1070 greves dos últimos quatro anos. E é o PS a ceder aos interesses da CGTP”, disse Hélder Amaral do CDS-PP, acusando os socialistas de estarem a entregar pedidos "às escondidas" para não votarem as propostas de imediato. “Tenham coragem, digam ao que venham”, atirou Hélder Amaral, que é também o presidente da Comissão de Economia, Inovação e Obras Publicas, onde estes diplomas vão ser debatidos.
http://www.publico.pt/economia/noticia/cancelamento-dos-contratos-de-transportes-com-um-compasso-de-espera-1715762
Comi escreve Pedro Correio no Delito de opinião:
ResponderEliminarOlho para o novo Governo e em vez de observar uma construção sólida vejo um castelo de areia. Erguido pela negativa, com o propósito de "travar a direita". Sem uma base parlamentar consistente, sem um só membro à esquerda do PS - mera emanação de 32% do eleitorado.
Bloco de Esquerda e Partido Comunista, que reivindicavam pertencer ao "arco governativo", optaram afinal por ficar de fora, na posição sempre cómoda de tentar ditar a táctica no conforto da bancada. E o secretário-geral do PCP nem se dignou comparecer na cerimónia de posse do Executivo, o que não deixa de ser sintomático sobre a frouxidão dos elos entre as diversas esquerdas. Em política, estes gestos contam muito.
Na sessão parlamentar de hoje já ficou patente como será difícil alcançar consensos em temas tão diversos como a supressão da sobretaxa do IRS, o descongelamento das pensões, a reposição integral dos cortes salariais na função pública, a legalização das barrigas de aluguer e a anulação das subconcessões nos transportes públicos urbanos em Lisboa e Porto.
Todas baixaram às comissões para debate suplementar. Questões adiadas, sem votação.
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/um-castelo-na-areia-7971271
Leia-se "Como escreve Pedro Correia no Delito de opinião"
ResponderEliminarCaro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarEssa triste história da reversão da concessão a privados do serviço de diversos transportes públicos - um feudo da CGTP como bem assinala - ou me engano muito ou ainda vai dar muito que falar...
Para além dos elevados custos financeiros para o Estado se tal reversão for concretizada - custos não considerados no famoso Cenário - importa ter em conta o elevado custo reputacional para o País, pois vai-se saber que esta péssima ideia, este retrocesso em termos da gestão racional destes serviços resulta de uma imposição do PC/CGTP ao governo PS.
E vai-se saber no País e no exterior, a credibilidade do País sairá seriamente abalada.
É um triste fado, se tal vier a acontecer...serão necessários muitos anos para corrigir - se é que tal ainda vai ser possível - os tremendos efeitos negativos para o País de uma tal insensatez, ditada por deplorável cedência PS a interesses políticos obscuros...