sábado, 9 de janeiro de 2016

Sem custos para os contribuintes...

O governo anulou a privatização dos transportes públicos de Lisboa e Porto. Em nada lhe interessaram os custos para os contribuintes: os da reversão das privatizações e aqueles que os contribuintes terão que suportar com a exploração dos ditos. Nem os custos para os cidadãos que pagam os passes e as sucessivas greves.
O Governo quer anular a privatização da TAP, tal como foi contratada. Em nada lhe interessaram os custos para os contribuintes: os da reversão do contrato estabelecido e aqueles que os contribuintes terão que suportar como bombo da festa do Estado, accionista maioritário. Nem os custos das greves para os cidadãos.
Claro que são empresas estratégicas, altamente estratégicas para os sindicatos patrões que decretam lockouts ilegítimos, mas que se chamam greves legais.
Nós todos cá estamos para pagar. Sem custos para os contribuintes!...
Maravilha de governo!...

28 comentários:

  1. Sinceramente, cada vez mais, acho que a dicotomia esquerda vs direita está ultrapassada, actualmente o que vejo é partidos que defendem quem depende do erário público vs contra partidos de quem subsidia o erário. E em democracia os partidos defensores de mais estado há muito que perceberam que basta colocar mais de metade dos eleitores dependentes do estado para serem sempre eleitos.
    O que temos assistido neste último mês é paradigmático.

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  2. Em minha opinião, a questão da anulação das privatizações dos transportes públicos de Lisboa e Porto, não podem comparar-se à anulação da privatização da TAP.
    Primeiro, porque segundo foi dito pelo PM, as anulações das privatizações dos transportes públicos, não trarão custos para os contribuintes, na medida em que não haverá lugar ao pagamento de indeminizações. Ao passo que, se o governo for para a frente com a ideia de fazer voltar a TAP para a posse do estado, lá se vão os dedos, porque os aneis já foram (parece que a maior parte deles... dos que enchiam a tão badalada "almofada" foram empenhados pela própria ministra que se gabou de os ter amealhado).
    Quanto às greves... desculpe-me o caro Dr. Pinho Cardão mas... greves? Qual é o sindicato que vai "declarar" greve a um governo de coligação ao centro-esquerda, mais esquerda do que centro?
    Quanto aos custos de exploração dos ditos transportes públicos, é para mim evidente que se foram alvo do interesse privado, é porque os privados estudaram o negócio e concluiram que seria rentável. Ora, se é rentável para os privados, porque carga de água não poderá se-lo também para o estado?
    Além do mais, é de todo negativo que um Estado dependa de interesses e gestões privados para garantir os seus transportes urbanos.
    No entanto, fazendo eco do título do posta anterior da Drª Margarida, não tenhamos dúvida, estamos a passar por uma "era" governativa, absolutamente "experiencialista". E... como em todas as experiências, é necessário esperar pelos efeitos... as causas já de ha muito estão perfeitamente identificadas, pesadas, medidas e catalogadas.
    Sejamos otimistas, afinal, se correr bem, é bom para o país e para os paisensses. Se não... será mais uma catástrofe a somar às anteriores. Assim como assim, a malta já está habituada a pagar os erros de má governação.

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  3. Anónimo10:54

    Caro Bartolomeu, no que toca aos transportes públicos urbanos, eles não são lucrativos. Nem podem ser, de resto, como não são em sítio nenhum do mundo. É uma actividade inerentemente deficitária e que, dada a forma como funciona, num regime de mão de obra intensiva e com muito baixa produtividade (não por culpa dessa mão de obra mas sim porque é inerente ao funcionamento da própria actividade) a par de tarifas sociais muito abaixo do preço de custo, dá prejuízos por si mesma. Em todo o lado os operadores de transportes públicos urbanos, sejam empresas públicas ou empresas privadas, dependem de compensações de serviço público para sobreviver. A questão aqui é a dimensão dessa compensação pelo serviço público que, nos contratos que havia com os privados, era inferior à que vem sendo paga pelo Estado às empresas no regime actual. Daqui vinha o grande ganho.

    Quanto a ser negativo que o Estado dependa de privados para gerir os seus transportes urbanos, bem, há várias cidades por esse mundo fora onde os transportes urbanos são explorados por empresas privadas em regime de concessão ou mesmo privatização. Não se dão mal. Sem ir longe, o Metro do Porto tem sido ao longo de toda a sua vida explorado em regime de concessão e é cotado como dos melhores sistemas do seu género no mundo. Onde é que está o problema?

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  4. Do caro Zuricher,
    "A questão aqui é a dimensão dessa compensação pelo serviço público que, nos contratos que havia com os privados, era inferior à que vem sendo paga pelo Estado às empresas no regime actual. Daqui vinha o grande ganho.

    O pm tem andado muito ocupado e esqueceu-se de referir isso.
    Mas não vem daí grande mal ao mundo, só aos contribuintes de um pequeno país. Como benefício adicional vou poder continuar a pagar as greves no metro de Lisboa, etc.

    Já agora Caro Pinho Cardão, foi pena não ter incluído o "acordo" do governo com os estivadores que parece ter contornos "fascisto-comunistas" e que permitiu acabar com greve, mais uma vez à nossa custa.

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  5. Caro Luís Barreiro,
    "E em democracia os partidos defensores de mais estado há muito que perceberam que basta colocar mais de metade dos eleitores dependentes do estado para serem sempre eleitos."

    perceberam isso há muito. Não é por acaso que o fazem sistematicamente. Apresentam sempre uma justificação de carácter social, mas na realidade trata-se de poder. Para não ser essencialmente pelo poder, teriam de ser demasiado burros e ignorantes, o que não são. Para além dos casos do artigo, veja-se o centeno, que ontem dizia uma coisa acerca dos salários mínimos (em artigo científico) e hoje outra. Porque é que o ps fomentou quase indiscriminadamente o rendimento mínimo garantido (não é que não haja quem necessite)?
    Ou porque está a repor com tanta urgência os salários na função pública.

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  6. Anónimo12:42

    Começo a estar farto da defecação persistente nos comentários em quase todos os blogs portugueses. Vou deixar de me ralar e esperar a guerra civil.

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  7. Estimado António,

    O primeiro-ministro conseguiu o lugar cedendo às incontornáveis exigências dos srs. Arménio Carlos e Mário Nogueira. Por isso afirmou, muito claramente, que estas reversões de contratos têm de ser feitas "custe o que custar".

    E pagam os "tansos fiscais". Muito claramente.

    Aliás, pagam tudo isso e muito mais: pelas implosões banqueiras, p.enorme exemplo, já estamos a entrar com mais de treze mil milhões, diz quem fez as contas.

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  8. "Em todo o lado os operadores de transportes públicos urbanos, sejam empresas públicas ou empresas privadas, dependem de compensações de serviço público para sobreviver. A questão aqui é a dimensão dessa compensação pelo serviço público que, nos contratos que havia com os privados, era inferior à que vem sendo paga pelo Estado às empresas no regime actual. Daqui vinha o grande ganho".

    Mas à custa de quê?
    Da abolição de itinerários de baixa frequência privando os utentes de transportes públicos, da redução de horário de itinerários, do aumento de tarifas.
    Com os privados não há as preocupações sociais que o Estado tem por obrigação proporcionar às populações. Visam o lucro apenas.
    A salvaguarda do interesse público só pode ser acautelado pela intervenção do Estado nos transportes como em alguns outros ramos da actividade económica.
    E isto é doutrina social democrata.

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  9. Anónimo20:22

    Caro Carlos Séria, nada do que inventou é realidade. Com o que disse, aliás, mostrou a sua total ignorância sobre o que está aqui em causa e sobre o que era a privatização dos transportes urbanos de Lisboa. Limitou-se a debitar ideologia, ou seja, algo totalmente irrelevante quando o objectivo é a protecção do erário público.

    O regime escolhido pelo anterior governo era um regime de contratação de serviços pelo Estado. O Estado é que, no caderno de encargos, definiu as carreiras e frequências a operar, bem como várias outras condições. Ganhou o operador que cobrou menos dinheiro por fazer essa operação nas condições definidas, condições essas que tinham a ver com as carreiras e frequências bem como com outros aspectos da operação. Ou seja, o operador privado não teria nada a ver com a definição de carreiras e frequências dado essas serem definidas pelo Estado. Quanto muito poderia aumentar, por sua conta e risco, os serviços. Nunca diminuir. Ao operador caberia operar e ser pago por isso conforme contratado com o Estado. Revela ainda a sua ignorância quando fala em aumento de tarifas. No regime escolhido o concessionário não teria absolutamente nada a ver com as tarifas. Estas seriam fixadas pelo Estado e as receitas do tráfego seriam do Estado. Não do concessionário.

    Quanto à salvaguarda do interesse público e ser doutrina social-democrata e só o Estado poder assegurar todas essas coisas que diz, bom, não me parece que os transportes urbanos de Oslo, Copenhaga, Helsinquia ou Estocolmo sejam ruins. Olhe, são todos operados em regime concessional por operadores privados. Apenas quatro exemplos desgarrados. Poderia acrescentar Londres, outro exemplo. Sendo que estou a restringir-me apenas a transporte urbano em cidades capitais. Se for para transporte suburbano aí a lista é de centenas começando logo em Portugal. Se adicionar transporte urbano em cidades não-capitais, pois aí a lista não tem fim. Até mesmo o transporte regional e o transporte regional ferroviário é operado por privados em vários países começando em França e acabando na Polónia. Faço esta distinção porque transportes urbano, suburbano e regional são realidades totalmente diferentes tal como o são transportes rodo e ferroviário. O mais complexo em termos de financiamento é o transporte regional ferroviário. Há inúmeros modelos de financiamento possiveis adequando-se cada um à sua realidade.

    Por fim, agora, a Carris. A Carris foi privada até Dezembro de 1973. Nessa altura terminou a concessão sendo esta dada para uma empresa que passou a ser detida em 2/3 pela CML e em 1/3 pela Lisbon Electric Tramway Limited, o detentor da concessão original que a tinha desde 1872. Com as nacionalizações de 1975 o capital pertencente à CML passou para o Estado, mantendo-se a LETL com o terço que tinha. Em 1980 a Lisbon Tramway vendeu ao Estado esse último terço que ainda mantinha.

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  10. É triste que o interesse Nacional fique sempre em segundo lugar. O governo acena a bandeira dos coitadinhos e vai um mar de gente a trás, pensando que está a ser feita justiça. Em parte as pessoas não terão culpa, porque acreditam em quem deviam acreditar. Também penso que não devia ter de ser especialista em todas as áreas da governação para poder ser governado. Mas temos tantos políticos mentirosos e de má fé.

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  11. Anónimo21:20

    Sim, Alberto Sampaio, é realmente pena a secundarização do interesse Nacional que não é mais do que o interesse público aos interesses da propaganda partidária. Os Portugueses, por cultura, são especialmente bons a embarcar em conversas de coitadinhos e de harpas e violinos. É pena mas é ancestral. Sempre foi assim.

    Esta minha resposta, porém, tem a ver com algo em que toca e sobre que reflito muitas vezes. O mundo em que vivemos é complexo. Cada vez mais complexo, mesmo. A evolução tecnológica, científica e social deu-nos ferramentas para lidar com os mais diversos problemas e uma miríade de soluções seja para o que for com que os nossos pais apenas podiam sonhar. Tudo isto aduziu complexidade ao governo das sociedades e da própria vida. É por isto que é cada vez mais importante a competência técnica dos governantes sobre as áreas que governam. Assistimos porém - não é exclusivo Português embora em Portugal vá muito longe a brincadeira - ao exacto oposto, ou seja, gente cada vez mais medíocre, sem conhecimentos e sem experiência à frente da coisa pública. O que é triste. Muito triste e, claro, com os maus resultados que são de esperar. Por outro lado, claro, os governados não podem saber a fundo sobre todas as áreas, é evidente. Eu, porém, uso uma tacticazinha. Pelas minhas costas vejo as dos outros, com as devidas adaptações. Passo a explicar. A minha área de formação e na qual desenvolvi parte da minha carreira profissional é precisamente a dos transportes. Ou seja, é esta área que conheço com alguma profundidade e na qual me mexo com desenvoltura. Ora, eu vejo muitas asneiras serem ditas e feitas mas só as vejo porque tenho os conhecimentos necessários para as detectar. Pois aplico o mesmo àquelas que não domino: tanta e tanta asneira será feita da qual eu não consigo aperceber-me...

    Uma última notinha sobre os políticos mentirosos e de má fé. Mentirosos estou de acordo. Acho, aliás, que para ser político em Portugal é necessário ser mentiroso compulsivo. Alguém honesto não teria votos como, aliás, Manuela Ferreira Leite experienciou há uns anos. Já quanto à má fé... Aceitar que agem de má fé seria assumir que têem, sequer, os conhecimentos suficientes para se aperceberem das asneiras que fazem. Algo que, de todo, não assumo. Bem o contrário. Acho é que há ideologia e objectivos propagandísticos a mais e biblioteca a menos na esmagadora maioria das pessoas que ocupa cargos públicos. Advindo daqui a generalidade das consequências nefastas que ocorrem no seguimento de diversas políticas adoptadas.

    Bem Haja!

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  12. Caro Luís Barreiro:
    A sua observação é muito pertinente. E também é um facto que governos de funcionários nunca fazem qualquer reforma do estado ou da administração pública, pois que ela iria contra os seus interesses. Aliás, o que fazem é empolar os serviços e prestar um pior serviço. E mais caro. Neste governo, por exemplo, não se vislumbra (ou custa a enxergar...) alguém da área empresarial ou das profissões liberais. Tudo funcionários. Que se pode, pois, esperar?

    Caro Bartolomeu:
    Santo Deus!...A renacionalização dos transportes não traz custos para os contribuintes? E porque António Costa o afirmou? Ora aí está a primeira razão para dizer que vão trazer. E grandes!...

    Caro Zuricher:
    Claro que não traz qualquer problema. Aliás, a concessão a privados, com um caderno de encargos bem definido, é que resolve o problema!...

    Caro Alberto Sampaio:

    Não referi a greve dos estivadores, mas penso referir quando tiver conhecimento preciso das concessões feitas pela Ministra. É que vi, e não pude confirmar, que uma das razões para o fim da greve seria a consagração da ideia de que não seriam admitidos a trabalhar trabalhadores não "autorizados" pelos sindicatos. O que, a ser verdade, me parece uma monstruosidade.


    Caro Rui:
    Pois tens razão: mesmo sem irem a votos, são o Sr. Arménio e o Sr. Nogueira os donos da governação. Uma democracia de qualidade, como se vê.

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  13. Caro Carlos Sério:
    O meu amigo confunde tudo. Tudo e mais alguma coisa.
    Diz que "a salvaguarda do interesse público só pode ser acautelado pela intervenção do Estado nos transportes como em alguns outros ramos da actividade económica.E isto é doutrina social democrata".
    Admitindo que sim, não pode essa intervenção efectivar-se através de um contrato de concessão que proteja esses interesses e que, como valor acrescentado, proteja os interesses dos contribuintes? Claro que pode! E deve!
    O resto ou é demagogia ou argumentação falaciosa ou as duas coisas juntas.

    Caro Zuricher:
    Pois tem toda a razão e a argumentação é bem real. Acontece que o nosso Carlos Sério aparenta andar cada vez mais longe da realidade...E, pela insistência, parece gostar. Assim sendo, ainda bem!...
    Todavia, também me parece que ele sobretudo gosta é de dialética. Com o tempo, chegará a uma síntese apurada e correcta...

    Caro Zuricher:
    Diz: "Acho é que há ideologia e objectivos propagandísticos a mais e biblioteca a menos na esmagadora maioria das pessoas que ocupa cargos públicos. Advindo daqui a generalidade das consequências nefastas que ocorrem no seguimento de diversas políticas adoptadas".
    Não posso estar mais de acordo. É isso mesmo. No fundo, são uns pobres coitados. E nóa as vítimas.

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  14. Pois, na verdade a nova PPP em que consistia a concessão dos transportes em Lisboa permitia aos concessionários obter rendimentos assegurados independentemente do número de utentes dos transportes ou da frequência dos mesmos. O Estado assegurava o pagamento quer os autocarros fossem vazios ou cheios, e pagava pela maior ou menor frequência de transportes. Qualquer coisa semelhante às PPP das auto-estradas. A concessionária não teria riscos e asseguraria rendimentos garantidos à partida, não sei se os cerca de 20% das PPPs rodoviárias, maiores ou menores.
    Uma coisa é certa. Como não pode haver milagres, o Estado pagaria sempre o custo total de exploração dos transportes ( custo de exploração mais custo de modernização da frota) mais um rendimento adicional que seria o “lucro” esperado dos privados pela operação.
    E sendo assim, a exploração dos transportes pelo Estado poupa sempre aos contribuintes esse “lucro” adicional dos privados. Não entendo portanto a vantagem da entrega a privados da exploração dos mesmos. A não ser que me digam que a gestão privada é superior à do Estado. Um argumento que, atendendo ao momento presente da falência e às falcatruas a que temos assistido na Banca nacional, ou da antiga Pt, não me parece muito aceitável.
    Caro Pinho Cardão, olhe que não, olhe que não. Então o meu amigo empenha-se em convencer o pessoal contribuinte que é possível “proteger os interesses sociais dos transportes públicos e que, como valor acrescentado (através da concessão), qual quadratura do circulo, proteger simultaneamente os interesses dos contribuintes”?

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  15. Caro Carlos Sério:
    Não vou perder tempo a demonstrar uma coisa que o meu amigonsabe muito bem: é que a gestão privada é mais eficiente do que a gestão pública. Essencialmente, por causa do accionista, que por vezes nem é o governo, nem o ministro, nem o secretário de estado, e por vezes são todos ao mesmo tempo, sem saberem o que querem. Depois, porque onaccionista está sempre a mudar, a tutela que começa quase sempre não é a tutela que acaba e cada tutela tem a sua estratégia. Depois, falham os aumentos de capital e as indemnizações compensatórias e as empresas são deixadas à deriva. Ainda, porque as empresas públicas se tornaram feudos de grevistas, em prejuízo do interesse colectivo. Podia continuar até ao infinito, mas para quê, se o meu amigo sabe isso muito bem?

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  16. Anónimo21:12

    Pode discutir-se o modelo escolhido e eu não sou fã deste modelo específico para a concessão de transportes urbanos. Agora, uma coisa é certa: mesmo com o modelo escolhido o Estado ficaria a pagar menos em cada ano do que actualmente. Sendo que aqui não há discussão nem argumentação retorcida possivel. São números, simplesmente. Se alguém insistir muito posso ver e colocar porque de memória não os tenho. Isto advindo da melhor gestão e maior eficiência da gestão privada. E ainda com um pormenor adicional, o de melhor serviço. A Carris faz coisas hoje em dia que se fosse algum dos operadores privados que existem em todas as cidades Portuguesas a fazer, em tamanha quantidade, o operador já tinha perdido as concessões e licenças.

    É muito bonito dizer-se que o Estado também pode gerir bem. Mas fica apenas pelo bonito. É que na practica, empresas públicas, sujeitas a uma série de pressões políticas a todos os niveis, restrições orçamentais de toda a espécie e feitio e com os sindicatos a fazer delas gato sapato, de todo em todo, é impossivel haver essa melhor gestão.

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  17. Razão não lhe falta, caro Zuricher. É mesmo isso.

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  18. Pois eu acho que o nosso caru Zuricher só tem meia-razão.
    Digo isto porque não acho inevitável haver uma má gestão da coisa pública, desculpada pela pressão política, orçamento e sindicatos, mas sim, porque os gestores públicos são nomeados para o "tacho", por vezes sem capacidade para as exigências dos mesmos e ainda sem a coragem e determinação suficientes para colocar em prática as boas práticas que seriam exigíveis. Isto complementado ainda, pela falta de apoio do órgão máximo que o nomeou.
    Ou seja, um gestor público é nomeado à partida, não para gerir eficazmente mas, para ocupar um cargo que lhe trará benefícios, os quais retribuirá com fidelidade ao órgão.

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  19. "caru"... "colocar em prática as boas práticas"
    Tzzz...
    Não sei como é que ninguem elimina os comentários deste Bartolomeu analfabeto...

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  20. Anónimo14:25

    Caro Bartolomeu, basta ver os resultados, não é? Aliás, compare o que era o antigo Roubo Nacional com o que eram as empresas que existiam anteriormente e foram roubadas em 1975 e com o que são hoje em dia depois da privatização.

    Toca ainda em dois pontos importantes. Um, a falta de capacidade dos gestores públicos. Sim, é verdade em muitos casos. Mas por 6 ou 7000€ por mês o que é que espera? Não há milagres e a qualidade é cara. Por outro lado os gestores públicos estão sujeitos a fazer uma série de fretes à tutela. Sobre isto conto-lhe uma historieta passada há uns anos comigo e um amigo de longa data. A propósito de maluqueiras várias relacionadas com o serviço regional da CP e os problemas que naquele momento específico a CP enfrentava devido aos seus prejuízos disse a esse bom amigo que se algum dia assumisse a presidência da CP a primeira coisa que faria era dar um ultimato ao Estado em como ou era contratualizado o serviço regional ou eu acabava com ele. A resposta foi lapidar, lacónica e 100% certeira. Foi-me respondido que uma das condições para ser nomeado presidente da CP era nunca sequer pensar em dizer coisas destas. E é esta a realidade dos presidentes das empresas públicas. São capachos da tutela. Depende um pouco do estilo de cada presidente e do de cada secretário de estado mas essencialmente é o que são. O último presidente da CP que tentou libertar-se dessa grilheta foi sumariamente exonerado, já lá vão uns quantos anos. Um outro antes que tinha feito algo semelhante - e o tempo veio a dar-lhe razão... - como faltavam apenas uns meses para acabar o mandato, pois acabou e não foi reconduzido. Na altura foi nomeado um presidente para a empresa com a missão específica de fazer o que o anterior tinha recusado fazer. Fez e foi-se embora. Esteve pouco mais de um ano no cargo. Há ainda o aspecto das contas. Ora, se o Estado não põe dinheiro nas empresas, dinheiro este que lhes é devido, mas ainda assim as empresas têm que continuar a operar os serviços que as arruinam, pois a solução é endividarem-se seja ao preço que for. Por fim, como as empresas públicas servem também objectivos políticos não resta outra alternativa às empresas que submeter-se a uma série de ditames de gestão que vão totalmente em contra do que é a boa gestão mas servem obectivos políticos. Os sindicatos, por seu lado, sabem disso daí usarem e abusarem do previlégio. Foi assim que na CP se chegou a absurdos acordos de empresa que não têm pontas por onde pegar. Há ainda depois mais questões que, embora relevantes, são-no menos mas exercem a sua influência. As empresas públicas são muito politizadas na sua estrutura daí que geri-las seja muitas vezes um exercício de equilibrismo porque se não se respeitam essas sensibilidades é a própria estrutura que começa a atirar areia para a engrenagem, algo aliás comum em vários departamentos da administração pública.

    Ou seja, pode realmente haver muito boas intenções. Mas em sociedades como a Portuguesa - e na esmagadora maioria pelo mundo com rarissimas excepções -, a lisura na gestão pública é uma historieta para crianças. E, repito, por 6-7000€ por mês, enfim, também não se pode pedir muito mais do que comissários políticos. Uns melhores (e conheci gente muito capaz), a grande maioria piores, alguns maus e umas quantas nulidades pelo meio mas todos obedientes comissários do poder político. Afinal, o seu pão depende da sua capacidade para baixar as orelhas ao politicastro de turno, não é?

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  21. Resumindo, vou continuar a pagar para as greves do metro, etc.

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  22. Ai, isso é o que tem mais certo, caro Alberto Sampaio. Vai pagar o metro e o táxi. E se o táxi fosse público, o metro, o táxi e a gasolina do seu carro.

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  23. Pois tem muita razão no que diz respeito às nomeações tuteladas, caro Zuricher.
    Sabemos perfeitamente que nos sectores da Administração Pública de maior importância para o(s) governos e não para o Estado, tudo se passa da forma que descreve.
    No entanto, penso que a remuneração auferida não tem relação direta com a falta de verticalidade dos nomeados.
    Quanto ao primeiro argumento que refere, o das expropriações no periodo do PREC, desculpe mas, acho-o absolutamente descabido. Não existe comparação possível.

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  24. Anónimo17:42

    Caro Bartolomeu, gerir uma empresa não é questão de verticalidade. Ela é importante mas nem fundamental nem sequer o principal. De que me serve uma pessoa honesta e vertical mas com fraquissimos conhecimentos sobre o que está a fazer? É preciso essencialmente quem saiba o que fazer e como o fazer. Mas esses são muito poucos e, claro, fazem-se pagar muito bem. São bem pagos, naturalmente.

    Diga-me cá porque é que não existe comparação possivel entre as empresas que existiam antes de 1975, a RN e as empresas privatizadas. Pelo contrário, parece-me exemplo clarissimo de mau exemplo da gestão pública. Permite estabelecer um fio condutor nas mesmas empresas com gestão privada e com gestão pública. E os resultados de cada uma delas, naturalmente.

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  25. A minha opinião não coincide com a que pretende demonstrar, caro Zuricher. No entanto, respeito-a.

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  26. E eu vou continuar a pagar não milhões mas milhares de milhões pela "boa gestão privada da Banca". E ainda, pela "boa gestão privada" da Galp com seus preços de monopólio, ou pela "boa gestão da EDP" igualmente com seus preços de monopólio e, ou ainda, pela "boa gestão" da ANA com seus preços de monopolistas.

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  27. Anónimo00:14

    Bandalhos

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  28. O problema da gestão pública/privada deixo para outro momento.
    Pegando na conclusão que ficou clara, que a concessão trazia uma poupança para o estado, o que realço é a falta de honestidade de muitos políticos, e no caso presente, deste governo. Se fosse honesto, teria o cuidado de apresentar não só os benefícios, mas também os custos da decisão de retirar a concessão. Se este é o tempo novo que um arauto proclama bem alto, então que venha rapidamente outro, mas limpo.

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