segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

As realidades ao nosso lado...

No meio da discussão política do Orçamento do Estado com uma capacidade quase ilimitada de esgotamento e de uma comunicação social à procura de alimento para o seu sucesso mediático surgem por vezes uma notícias completamente fora da caixa. Mas não são fora da caixa as realidades que às vezes retratam.
É o caso desta iniciativa. Foi notícia. Parece coisa pouca,  mas não é. Num país em que as dificuldades de vida atingem uma percentagem significativa das famílias, a solidariedade e a responsabilidade social continuam a ser importantíssimas e podem assumir novas formas e contornos. Não apenas porque aliviam quem mais precisa, mas porque unem as pessoas, diluindo o que as distingue e unindo o que de bom têm. Têm o sentido transformador do amor ao próximo, dos que dão e dos que recebem.

5 comentários:

  1. Cara Drª Margarida Agiar,
    Aquilo que poderá a alguns parecer "coisa pouca" é, como refere, uma iniciativa solidária que para além da ajuda que proporciona aos que dela tanto precisam, restaura o espírito de solideriedade que em tempos caracterizou tão bem os habitantes dos tradicionais bairros lisboetas.
    Introduzo um comentário, que espero não leve a mal: vamos lá ver se aquela ideia da emissão de notas de vinte Santos António não venha a levar o Presidente da Junta à barra do tribunal, acusado de inflacionar a economia do país, emitindo dinheiro por conta própria.
    ;)

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  2. Caro Bartolomeu
    Com tantos atrasos que abundam nos tribunais, esperemos que não se lembrei de tal coisa...
    Caro Rui Fonseca
    Conheço bem o sector social, têm surgido muitas iniciativas solidárias que procuram justamente aproximar quem quer dar de quem precisa de receber. Estas ideias para se concretizarem implicam gestão e organização. Estes recursos não abundam no terceiro sector. O défice de gestão é ainda um problema. Existem boas vontades, mas por vezes não há capacidade de as transformar

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  3. Estimado Rui Fonseca
    Inadvertidamente apaguei o seu comentário. Se quiser ter a amabilidade de o voltar a colocar fico-lhe agradecida. As minhas desculpas.

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  4. Não são devidas desculpas, Estimada Margarida C de Aguiar.
    Recordo-me que concordei com o seu apontamento, que é um exemplo que pode frutificar em outros lados, mas que a escassez de recursos não permitirá que a iniciativa da junta de freguesia de Santo António, em Lisboa, seja muito alargada.

    A propósito: ontem, ou anteontem, ouvi num telejornal que o PCP reclama a distribuição gratuita de manuais escolares em todo o país.
    Segundo o que tenho lido, é uma acção que algumas freguesias já adoptaram há uns anos.
    Mas pode a iniciativa ser generalizada a todo o país? E se não puder, é aceitável haver filhos e enteados do mesmo OE?

    Tenho netos a residir na Virgínia, EUA, e a estudar em escolas públicas.
    Os manuais são fornecidos pela escola, independentemente dos rendimentos das famílias, mas devolvidos, em boas condições, no fim do ano para serem entregues aos mais novos. Se um aluno não cuida do livro e o entrega em condições não aceitáveis, é obrigado a pagar o livro.

    Em Portugal, tanto quanto me consigo aperceber, ainda continua o negócio dos manuais, que são alterados todos os anos, disputando as editoras um mercado que o governo deveria moderar.

    Mas ninguém parece querer lembrar-se disto.
    Muitas iniciativas políticas, e não só dos autarcas, são manifestamente tomadas com intenções de promoção dos seus autores.
    À escassez de recursos junta-se a abundância de demagogia.

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  5. Estimado Rui Fonseca
    Muito obrigada.
    Pegando no tema dos manuais escolares...
    Todos os anos somos invariavelmente noticiados com as negociações entre o ministério da educação e a associação de livreiros com vista à revisão dos preços dos manuais escolares. E todos anos sabemos, e sentimos na carteira, que os pais quantias exorbitantes pelos manuais escolares dos seus filhos. Montantes obscenos num país em que os salários em média são baixos. Existe um grande negócio neste sector.
    Este caso dos manuais escolares é um bom exemplo de muitas más práticas que abundam na gestão da coisa pública, de políticas (ou não políticas) que se discutem recorrentemente sem um resultado satisfatório.
    O nosso país tem práticas que os países ricos há muito abandonaram. São muitos os países europeus em que os manuais escolares são fornecidos gratuitamente aos alunos - Bélgica, a Dinamarca, a França, a Noruega, a Polónia, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, a Suécia - países em que o rendimento médio das famílias é muito superior ao de Portugal, mas nem por isso obrigam os pais a comprar livros de estudo todos os anos. E em outros países como a Alemanha e a Espanha existem sistemas de empréstimo de manuais escolares.
    Pelo menos o sistema de empréstimo de manuais escolares deveria ser obrigatoriamente adoptado. Uma medida que permitiria às famílias pouparem nas despesas com a escola dos filhos e ao Estado poupar em despesas com a acção social escolar, sem perda de qualidade na aprendizagem dos alunos. A implementação deste sistema seria também uma via para cultivar os valores da responsabilidade individual e da consciência social, ajuda a dar valor aos materiais escolares e promove o espírito de entrajuda.
    É verdade que surgiram há já alguns anos bancos de manuais escolares. Ora promovidos por juntas de freguesia ora por escolas, com o objectivo de justamente permitir a reutilização dos manuais escolares. São medidas solidárias promovidas numa base pontual por entidades que procuram ajudar pais e alunos, reduzir a factura das famílias com a educação, combater o despesismo e o desperdício. Mas confrontam-se com o facto de os manuais ser alterados de ano para ano, inviabilizando a sua reutilização.
    A sociedade civil pode fazer muito mais, mas com um Estado mau legislador e mau regulador é muito difícil. Não faz sentido não termos evoluído. Nem a crise ajudou.

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