“…Infelizmente, não é possível para já na Educação, e vai demorar tempo na Segurança Social…” Sim, vai levar tempo. Uma constatação a partir da evidência do passado e do presente. O tempo vai passando, as gerações vão-se sucedendo, os problemas estão a crescer e a solução política alargada e duradoura tarda em aparecer. Em matéria de Segurança Social, ao contrário de outras, a passagem do tempo não ajuda a resolver os problemas e a antecipar caminhos e soluções.
Há um pecado original que impede uma solução política (um entendimento) que corresponda a um projecto e uma visão global para a segurança social. Uma solução política que tenha uma base de representação social alargada.
O pecado original é a falta de um diagnóstico credível e independente das contas da segurança social. A falta deste diagnóstico radica na falta de transparência. Não é possível, nem admissível, que as divergências políticas assentem neste vazio. Não é uma discussão séria. Não é credível, está, à partida, viciada. Não se pode esperar nada de bom.
Parece ser, portanto, uma prioridade que o diagnóstico seja feito, que seja aceite e, então, sim poderemos discutir politicamente o assunto de forma transparente, com as medidas, os argumentos e as projecções em cima da mesa.
Numa matéria tão delicada como é a Segurança Social e, em particular, o sistema de pensões, as soluções que uns e outros defendem e criticam - à direita e à esquerda, no governo e na oposição, na concertação social ou fora dela - têm que ser compreendidas por todas as gerações em presença.
A falta de transparência virou-se contra o sistema de pensões. As pessoas não acreditam nele e sem confiança as mudanças, ainda que necessárias, são muito difíceis de fazer. O leque de soluções tende a estreitar-se. As pessoas - os pensionistas e as novas gerações - sentem-se inseguras. Quanto mais tempo vai demorar?
Do alto da minha incoerência e da minha incongruência, clamo: este, é um edifício que urge demolir e construir de novo, antes que os alicerces corroídos colapsem de vez!
ResponderEliminarCara Margarida,
ResponderEliminarComo diz, "O pecado original é a falta de um diagnóstico credível e independente das contas da segurança social".
À evidente falta de vontade política para a realização dos estudos que permitam o diagnóstico não será uma excelente altura, e oportunidade, para a sociedade civil avançar?
Porventura, uma excelente causa e finalidade para o dinheiro de fundações.
Por falta de pessoas competentes para esta tarefa é que não será!
Bem haja.
Dois problemas:
ResponderEliminar- Os 500 milhões das reformas que o governo vai usar para reabilitação urbana;
- A educação está entregue à fenprof e ao bloco.
Estes serão alguns dos motivos que devem dificultar o consenso. Mas parece que não preocupa grandemente os responsáveis.
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarTemos o hábito terrível de ir "empurrando com a barriga para a frente"!
Caro SC
E é o que está a acontecer. O tema está definitivamente na agenda. A sociedade civil já percebeu que as coisas não estão bem e que pode e deve ter um papel fundamental na condução de assuntos que lhe dizem respeito. Portugal tem uma sociedade civil fraca, o que explica muita coisa. É tempo de assumir o seu lugar, aumentando o escrutínio da decisão política e exigindo responsabilidades aos políticos. E deve fazê-lo de uma forma esclarecida e construtiva.
Caro Alberto Sampaio.
Sim, dificultam. Mas o problema vem de longe.
Off Topic: Preciso parabenizar o povo de Portugal, pelo seu Presidente da República!!! Flagrado a tomar sol, sozinho, numa praia em Cascais!! Pessoa simples, excepcional como poucos!!! Reconhecido, foi logo cercado por jovens, aos quais atendeu gentilmente, em fotos para recordação!!! Cena emocionante!
ResponderEliminarAs declarações do Sr. PR não me deixam perplexo porque pouca coisa acontece nesta 3.ª republica capaz de me espantar. Mas não deixa de incomodar que o senhor PR reconheça urgência no consenso em tudo menos no que urge resolver. Como a Margarida aqui e noutros fora tem procurado demonstrar, o diagnóstico está feito e não descansa ninguém, nem a atual geração de aposentados, muito menos os jovens. A urgência no consenso quanto a um modelo que garanta a sustentabilidade da SS não é um capricho, é um dever salvo se quisermos abdicar de uma das conquistas sociais mais relevantes da História da humanidade e mandar às malvas o valor da solidariedade intergeracional. Mas está a classe política atual interessada no que é estrutural? Esta que conheço tem um programa político avesso às verdadeiras reformas estruturais, o programa "logo se verá". E esse parece-me incompatível com a ideia de que é possível garantir um sistema de apoio após a vida ativa compaginável com o contrato social formalmente vigente.
ResponderEliminarJosé Mário
ResponderEliminarO "logo se verá" já mostrou que não funciona. Mas ainda assim não arrepiamos caminho. A factura já é elevadíssima.
O contrato social vigente foi quebrado pelo Estado. Está quebrada a confiança no sistema de pensões e no Estado, a quem as gerações no activo e as gerações de pensionistas confiaram o contrato social intergeracional, no qual repousa o actual modelo de financiamento das pensões. É grande a responsabilidade do Estado. Uma das razões por que o Estado deve prover sistemas públicos de pensões tem que ver com a necessidade de gestão dos riscos de longevidade e de redistribuição do rendimento. A situação é de grande incerteza. Nenhum sistema sobrevive à incerteza.