Os telejornais das diversas estações televisivas tornaram-se telenovelas da pior qualidade.Conteúdo repetitivo até à náusea, milagre será que alguém aguente até à terceira notícia.
O apresentador dá e pormenoriza a notícia e passa para o primeiro repórter no terreno, que acaba por referir o que o apresentador já disse, o microfone é devolvido ao pivot que logo passa para o segundo repórter que repete o primeiro e repassa para o apresentador que, na melhor das hipóteses, insiste num resumo alargado do que já todos disseram e há muito sabemos. Seguidamente, entra um especalista, género sociólogo, politicólogo, psicólogo ou economitólogo que debita as explicações de sempre, quaisquer que sejam as matérias em discussão. Para terminar, o apresentador torna a recuperar a notícia.
Claro que quanto maior for o drama e a tragédia maior é a exploração dos sentimentos das pessoas. Aí chamados também populares a emitir opinião.E, na actual época de incêndios, não faltam os comandos da protecção civil, chiquemente ataviados nas suas impecáveis fardas negras a fazerem o ponto do número de bombeiros envolvidos, dos carros e dos meios aéreos deslocados. A imagem dada pelas televisões, a que fica, e a que as apresentações da protecção civil não desmentem é que o seu serviço se resume à compilação de estatísticas a cargo de meros escriturários.
Enfim, novelojornais, em que um, para as distintas redacções indiscutível critério jornalístico o que faz é tratar-nos como imbecis. E, numa das estações, ainda temos que pagar o tratamento.
Não existem notícias culturais, tal como não existem programas culturais para transmitir e ajudar os portugueses a perceberem o mundo, o país e eles próprios.
ResponderEliminarO que existe, e atrair a atenção geral, são "notícias" transmitidas da forma que acaba de descrever, frenética a roçar o histerismo; forma essa que agita os espíritos daqueles que, com a vida toda lixada, pregados ao televisor se sentem vingados da pobreza em que vivem, quando é transmitida a notícia de mais um escândalo de corrupção ou fraude financeira ou fiscal, que envolva uma alta figura pública ou política.
Além do mais, o povo simples, iletrado, operário, pouco ou nada se interessa por cultura. O povo letrado, interessa-se um pouco pela cultura de algibeira e pouco mais. Uma fina fatia da população interessa-se por cultura, não só a de cariz intelectual como a social, científica, artística, erudita.
Nesta matéria, "dão-nos cartas" os nossos vizinhos espanhóis e os nossos irmãos brasileiros. Nós... é mais "calhandrice", comentar de ouvido, assistir a novelas e defender o clube como se se tratasse da honra da família.
Caro Bartolomeu:
ResponderEliminarTem razão. Procurar cultura nos telejornais é procurar agulha em palheiro. Tudo aquilo é deseducação e, até, um atentado à dita. Além disso, com tanta reportagem balofa, não há tempo para questões mais sérias e até os bons jornalistas se vão desabituando. A não ser quando há que promover o livro de um amigo, o disco de um cantor do regime, um filme bem patrocinado, uma peça da nomenklatura...
Desculpem lá, mas isso é auto infligido. Para quem tem quase 200 canais para ver e vai ver os moribundos canais portugueses merece levar com telejornais para velhas. Já experimentaram ver o que anda à volta do telejornal? Programas de variedades com horóscopos e publicidade a comprimidos milagrosos que curam a incontinência , a espondilose e a disfunção eréctil.
ResponderEliminarConcordo plenamente.
ResponderEliminarNa questão dos incêndios não podemos esquecer as responsabilidades políticas dos governantes por acção ou omissão. Convém não esquecer o que aconteceu em 2013 e os alertas que foram então dados.
“O nome das coisas: o Decreto-Lei nº 96/2013 de 19 de Julho, é a "Lei do Eucalipto Livre.
Esta lei simplifica plantações de eucaliptos, mas complica a plantação de espécies florestais autóctones como o sobreiro, o castanheiro, o carvalho ou a azinheira.
É nas áreas de plantação de eucalipto e pinheiro desordenadas, como aquelas que esta lei criará em grandes e contínuas extensões, que o país mais arde, ano após ano. São estas áreas que a "Lei do Eucalipto Livre" pretende continuar a expandir, entregando a floresta portuguesa nas mãos da fileira da celulose, que não quer ter nenhuma responsabilidade pela floresta e pela sua manutenção, ordenamento ou equilíbrio, mas apenas a possibilidade de extracção máxima de madeira produzida pelos milhares de pequenos proprietários que arcarão com todo o risco”.
(João Camargo, Visão, 27.11.2013)
http://visao.sapo.pt/ambiente/opiniaoverde/joaocamargo/o-nome-das-coisas-o-decreto-lei-n-962013-e-a-lei-do-eucalipto-livre=f759210
“Os impactes irreversíveis da implementação de tal legislação não são tidos em conta, nomeadamente alguns já observáveis que contribuíram para os piores índices de fogos florestais da Europa, a perda de áreas naturais de conservação reservatórios de biodiversidade, a degradação dos solos e a desertificação do país.
A utilização extensiva e desordenada de espécies exóticas de produção industrial como o eucalipto, tem consequências absolutamente gravosas, como está documentado não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo, reduzindo biodiversidade, degradando física e biologicamente os solos e contribuindo para um aumento brutal dos incêndios florestais”.
(Lisboa, 18 de Julho de 2012, Liga para a Protecção da Natureza)
http://www.lpn.pt/Backoffice/UserFiles/menu_lpn/CI/2012/CI%20liberalização%20florestas.pdf
Caro João Pires da Cruz:
ResponderEliminarNão vou longe disso. Mas há quem, no seu perfeito juízo, queira saber o que se passou em Portugal e no mundo no telejornal das 20 horas, por exemplo. Claro que não fica a saber, porque desiste.
Caro Carlos Sério:
ResponderEliminarOnde nós já vamos!...O post era sobre telejornais, melhor, sobre as novelas dos telejornais. E, de novela em novela, o meu amigo já novela com um um Decreto de 2013, de 19 de Julho, pelos vistos o grande responsável pelos incêndios, mesmo que ainda não haja pinheiros ou eucaliptos que se vejam plantados ao abrigo de tal legislação.
Por isso, nem comento. E, sobretudo, transcrições que iludem e mascaram problemas, como aquelas que refere.
Ah, e já agora, nacionalize-se e municipalize-se a terra que, está visto, estado e municípios dão conta do recado. Como se prova nas áreas que uns protegem e de que outros são donos, que nunca ardem.
Quanto às celuloses, bem, essas de facto só estão interessadas em que o eucalipto arda, a matéria prima para a indústria para elas é mero acidente...
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarUma vez mais o meu amigo olha para a árvore sem querer ver a floresta. Mais, tapa os olhos com as duas mãos para não ver a realidade, para não aprofundar a questão, a causa das coisas, causa que só depois de conhecida nos permite partir com segurança para as soluções.
A conclusão de atribuir responsabilidades aos incêndios que grassam pelo país ao dito Decreto é apenas uma piada sua.
O importante do meu comentário, como certamente compreendeu embora não o admita dada a sua irresistível propensão para tergiversar, foi chamar a atenção de como os governantes com tal legislação em nada contribuíram para minorar o desastre que constituem os incêndios.
Só porque foi no governo PàFiano que surgiu o dito decreto, o meu caro ficou todo ofendido. Paciência.
Quanto ao meu comentário fugir ao assunto principal do seu Post, olhe, seja amistoso e conceda-me essa liberdade.
Nunca essa liberdade lhe faltou neste Blog, caríssimo CS.
ResponderEliminarDentro de poucos dias irá surgir mais uma novela infantil nas nossas televisões; Intitula-se: Sou Tó tó, por isso ninguém me passa cartuxo.
ResponderEliminarElenco:
Tó tó Lima no papel de Calimero
Esticadinho Silva no papel de Homem de lata (do feiticeiro de Oz)
A Cavaca no papel de Dona Disto Tudo
Zé do Fundão no papel de detective Morillo
A novela não promete arrebatar a atenção do grande público, assim como o romance em que a estória se baseia. No entanto, é possível que consiga atirar com alguns mitos pelo chão...
A ver vamos...