Roubar bebés às mães, num conluio ideológico, e até com interesses financeiros, informando as mães de que os filhos morreram à nascença, constitui um crime de lesa-majestade. Iniciado no período pós-guerra civil espanhola, continuou durante o franquismo e até depois, em plena democracia. Calcula-se que foram mais de 300.000 as crianças roubadas às mães com a ajuda de médicos, de enfermeiras e de muitas pessoas ligadas a ordens religiosas. Uma aliança contranatura, que não só ofende os princípios sagrados das profissões da saúde, mas chega a humilhar de forma obscena os "princípios" divinos por parte de quem fez votos de consagração a Deus.
Nunca consegui entender as razões deste tipo de comportamento. Entender, talvez consiga, mas não consigo aceitá-las. Roubar um filho é matar a alma de qualquer mãe.
Neste momento, um médico espanhol, de oitenta e cinco anos, Eduardo Vela, está a ser julgado por um caso ocorrido há cinquenta anos em que foi protagonista de um roubo de uma menina. Arrisca onze anos de prisão, segundo li. Que seja condenado, Não merece perdão ou compaixão. Nem ele nem ninguém, os que foram capazes de violar as almas de tantas e tantas mães.
Mataram o Filho a Maria, mas a estas mães roubaram os seus bebés, sem nunca terem sentido o cheiro, o choro, o calor e o amor de um filho.
Melhor sorte teve a mãe de Cristo...
300.000... qual será o número de crianças abandonadas pelas mães á nascença? Qual será o número de crianças colocadas pelas mães nas rodas dos conventos e das casas senhoriais…?
ResponderEliminarNão sei. Falo destas. Não posso comparar quem sofre com quem não sofre. A mim importa-me os sofredores, os humilhados e os desprezados. Não há termo de comparação, nem pode haver, por muitos crimes e desprezo de mães que não sabem reconhecer o seu papel. O mal, que existe, não pode ser analisado dessa maneira, com outro mal, Bartolomeu. Não pode e nem deve. Basta haver apenas uma para justificar qualquer grito de indignação.
ResponderEliminarNão quis desculpar ou… branquear os motivos que deram azo a um mal. Referia-me aos contextos e ás circunstâncias. Acredito que no pós-guerra civil houvesse quem entendesse justo retirar os filhos a mães que não possuíam a menor condição para os criar, entregando-os a quem as possuía. O crime mantem-se, as intenções podem ser inúmeras.
ResponderEliminarIntenções ideológicas, sim, mas eivadas de maldade. O inferno é o local mais apropriado para purificar essas intenções. Pena não existir...
ResponderEliminarDeus nunca mais acorda, enquanto muitos dos seus defensores não conseguem dormir. Tristes insónias...
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ResponderEliminarÉ impensável discordar da sua repulsa e da sua condenação de tais roubos.
São monstruosidades que, creio que a maior parte de nós, não sabíamos que se passavam aqui ao lado, numa sociedade onde os valores familiares ainda são muito persistentes.
Queria, no entanto, referir um outro tipo de roubo não menos monstruoso: o da alienação parental. Aquele em que um dos pais, na esmagadora maioria dos casos, a mãe, recusa a presença, a visita, do pai aos filhos, além da decisão quanto à educação das crianças, as maiores vítimas destas situações inqualificáveis.
E o que faz a justiça?
Dorme o sono dos inimputáveis.
“Aqui ao lado”... vê-se tudo! Tudo, infelizmente. A natureza humana comporta-se de forma humilhante e agressiva.
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