Em pequeno ensinaram-me a respeitar os outros em todos os sentidos. Fui educado a respeitar a lei, a justiça e o senhor doutor juiz. Um homem de bem nunca deve ter medo da justiça, porque esta é o nosso garante e defesa, dizia o meu avô. É aqui que devemos procurar a justiça, dizia apontando o dedo para o tribunal velho.
Ao longo da vida tive de ir algumas vezes ao tribunal, não como arguido, felizmente, mas como testemunha. Uma das vezes fui despronunciado por um hipotético crime que afinal não existia e uma outra como queixoso, mas da qual não obtive o reconhecimento devido. Fui atropelado por uma bicicleta, mas os ciclistas, donos das estradas, não são obrigados a terem seguro!
Participar como testemunha é um dever cívico. Não me importuna, o que me incomoda é aquele conteúdo cheio de ameaças. É a chapa “cinco”. O pior é quando adiam os julgamentos. No último, que acabou por ser repetido, e depois de já ter sido ouvido por duas vezes, fui notificado quatro vezes, o que me obrigou a alterar a minha vida com prejuízos, e incómodos, indiretamente, a muitas dezenas de pessoas. Esperei mais de duas horas até ser, conjuntamente com outras testemunhas, convidado a entrar na sala de audiências. O juiz explicou que a nossa dispensa foi da responsabilidade dos advogados de defesa. Fê-lo formalmente, explicando que a “Justiça” não tinha qualquer culpa. – Está bem. Pensei. O juiz defendeu a sua “Justiça”, mas não explicou o facto de ter adiado por quatro vezes os nossos “silenciosos” depoimentos.
Será que ele pensa que a "Justiça" está acima de todos? Julgo que sim, e não deve ser o único. Mas não, a Justiça está "abaixo" de todos. É o pilar, é o baluarte, é a terra-mãe em que a sociedade assenta de forma a garantir a nobreza e a honra de quem quer viver em paz e em liberdade. Os cidadãos merecem ser respeitados.
Sem sombra de dúvida!
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