sexta-feira, 11 de agosto de 2006

E a Europa?

A propósito do post anterior um dos amigos atentos ao que por aqui se escreve, cujo interesse pelas questões do direito e das relações internacionais conheço bem e cuja opinião muito respeito, enviou-me um e-mail defendendo em suma que a solução para o conflito passará pela maior capacidade de a Europa se envolver na busca de uma resolução pacífica no quadro da Carta das Nações Unidas.
Tenho lido opiniões semelhantes. Suscitam-me algumas reservas que aqui sintetizo em brevíssimas linhas.
Primeiro, este não é um conflito entre Estados (ainda não é, e esperemos que nunca o venha a ser). É uma guerra aberta entre um Estado e uma organização terrorista sedeada no território de um Estado, mas que não exerce nele, formalmente, o poder político. Uma organização que atenta contra a segurança e, em alguma medida, contra a existência de Israel que aí encontra fundamento para desencadear a guerra. Nesta circunstância residirá sempre uma dificuldade de aplicar "receitas" jurídicas que foram pensadas para confrontos entre soberanias.
Quanto ao maior envolvimento da Europa. Os factos comprovam que a UE pura e simplesmente não existe em matéria de relações externas e de defesa. Existe o Reino Unido em estratégia quase sempre concertada com os EUA. E quando se trata de conflitos no médio-oriente, existe a França com uma estratégia concertada consigo própria e com os seus interesses na região. A UE, enquanto tal, não mete prego nem estopa. Ou melhor, meterá quando for o momento de pagar a conta de reconstrução do Líbano...

6 comentários:

  1. Ui, "Direito Internacional"....

    Caro JMFA, se há coisa que não se conjuga é direito e internacional.

    "Direito Internacional" é uma expressão que traduz uma fraude cujo lema é "Vae Victis".

    Sejamos honestos quando olhamos para as relações internacionais com base na moralidade pessoal. O maior inimigo do português é o espanhol, o francês, o inglês, dependendo da ocasião, dependendo da circunstância. Quando uma fábrica alemã resolve fechar em Freamunde para ir matar a fome a 1000 crianças no extremo oriente, nós não temos problema nenhum em virar o problema a nosso favor, esquecer que as criancinhas vão morrer, e bradar contra o capitalismo. Se forem os israelitas a bombardear as criancinhas então é caso para nos unirmos todos contra a barbárie.

    Pois, mas as 1000 criancinhas vão morrer quer num caso, quer noutro. Significa isto que, de acordo com o direito internacional claro, o que é relevante é a arma com que se mata, não o assassinato por si.

    Pedir que a Europa se una em relação a alguma coisa, isso só acontece numa única circunstância, como a história já nos ensinou a todos - que a coisa dê dinheiro a todos. Senão, esqueçam lá isso do ideal europeísta...

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  2. Caro JMFA,

    Pois confesso que partilho da sua opinião mas, reconheço que a perspectiva do seu amigo não é tola de todo, apenas parte de uma visão para Europa. É legítima essa visão mas, a verdade é que os factos não apontam para que a PESC algum dia venha a funcionar.

    Quanto ao camarada Tóni, pois que quer que lhe diga? Concordo com todas as letrinhas do seu comentário. Mesmo. Não há espaço nem para eu inventar um bocadinho. Que indecência!

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  3. em 67 e em 82 , a guerra era entre estados.hoje em dia a tecnologia permite que os terroristas lançem nuvens de fuma sobre as organizões do direito internacional , como a ONU,para quem sinceramente o mundo se está a borrifar e não lhes dá credibilidade.devo dizer que isso do "direito internacional" sempre me pareceu um argumento instrumental , daqueles que dá jeito de vez em quando.Quando paises como a china e a russia (violadores sistemáticos dos direitos humanos )tem o poder de veto no conselho de segurança da ONU e paises como cuba e a libia se sentam na Comissão dos Direitos humanos da ONU e constantemente utilizam esse argumento ,sempre como arma de arremesso contra os EUA..bom dá que pensar.
    Quanto á questão da Europa,duas pontos.
    1.A organização,a estrutura e o processo de decisão.25 paises com diferentes ideologias,culturas e maneiras de ver o mundo.. é dificil de chegarem a acordo.
    2.Alguns "pesos pesados" com visões sobre os eua e rivalidades , muitas vezes estupidas.A frança a quem após a segunda guerra mundial , o UK deu a mão e levou para o conselho de segurança para contrabalançar o poder da potência emergente , os Eua.Em vez de um contrapeso, a frança sempre pareceu um animal ferido , pela humilhação que sofreu na WWII.França ,que mesmo durante a guerra fria , aceitou a condição de aliado de forma relutante.acabada a guerra fria , passou para uma posição de confronto com os eua, iniciando uma guerra cultural ( ah grande jean paul sartre!) , intoxicando a opinião publica internacional contra os Eua.
    A grã-bretanha, por outro lado em nome da "relação especial", sempre esteve ao lado dos Eua.e estará sempre.
    dito isto , quando estes dois não estão de acordo na UE, nada pode funcionar na ue . e assim a europa será inutil no libano se for para fazer figura de corpo presente..

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  4. Quando estes dois, não. Quando estes três. O amigo, Menino Mau, esqueceu-se de incluir a Alemanha.

    Não se esqueça que cada vez que a Alemanha tem uma constipação, o resto tem uma pneumonia.

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  5. não me esqueci.mas a alemanha , pela história que tem e por sentir q israel é um peso na sua consciência.a alemanha tem sido um aliado mais ou menos silencioso de israel.e nesta situação tem apaziuado a frança.agora o cadáver politico que é chirac veio a terreno "mostrar faladura", tentar mostrar o peso politico que ele e a frança já não teêm.mas no resto concordo consigo anthrax.França , grã-bretanha e a alemanha são quem manda na ue . e se os 3 não se entendem ..a ue não se entende

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  6. Tonibler... 5 Estrelas. Captou toda a essência da coisa... mas as 1000 crianças no extremo oriente não se vêem nas notícias!

    O problema da França é que tem de apaziguar internamente a juventude reivindicalista que ajudaram a criar, a mesma que mata as pessoas com base na côr da pele e da religião, a mesma que incendeia os carros e escolas, a mesma que...

    Enfim, palavras para quê... São uns pobres coitados.

    Meus caros, isto é só o prelúdio...

    O Schwarzkopf é que tinha razão!

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