Segundo hoje revela o Instituto de Análise Económica IFO (Alemanha), o clima empresarial, depois de ter alcançado no 2º trimestre deste ano os valores mais altos dos últimos 5 anos (103,4 pontos), terá piorado na zona Euro no trimestre em curso (101,7 pontos).
Essa evolução ter-se-á dado na generalidade dos países da zona, com excepção da Itália e de Portugal, em que a confiança empresarial terá subido.
Numa outra perspectiva, todos os países se mostram mais satisfeitos com a situação económica actual do que em inquérito anterior, com a excepção da Espanha (!).
São curiosas – no mínimo – estas variações climáticas.
Itália e Portugal são as duas economias da zona Euro com pior desempenho, ao longo dos últimos anos.
São também aquelas que enfrentam problemas estruturais mais sérios, devido às acentuadas perdas de quota de mercado das suas exportações e ao estado muito débil das respectivas finanças públicas.
O relatório Bruegel, aqui apresentado e debatido há poucos meses, com grande participação dos Comentadores, ofereceu uma perspectiva clara dos sérios problemas que os dois países enfrentam para suplantar as suas fragilidades económicas.
De repente, contrariando a tendência dos demais, parecem exibir um optimismo de excepção.
Como interpretar este fenómeno? Várias hipóteses/reacções se podem considerar.
A 1ª, de senso comum, consiste em dizer que já batemos tão fundo que não é possível que as expectativas continuem a baixar. Qualquer variação, só pode ser de sentido positivo.
A 2ª, que no caso da Itália até tem melhor cabimento – foi campeã do Mundo de futebol – tem uma raiz desportiva e de contágio ao clima de negócios. Isto é, os sucessos desportivos animaram os homens de negócios.
A 3ª, para os mais pessimistas, de que estamos sempre do lado errado. Neste caso, se o clima de negócios melhora, seria preferível que não melhorasse, seguindo o exemplo dos países que estão em melhor posição.
Pois não é verdade que o claro afrouxamento da economia americana, no 2ºtrimestre, foi recebido pelos mercados de capitais como “muito boas notícias” tendo contribuído para um comportamento positivo nas bolsas de valores?
Pela minha parte prefiro uma 4ª reacção, mais ao jeito de La Palisse: vamos ver no que este optimismo vai dar, quando forem divulgados os dados do 3º trimestre. Lá para o início de Dezembro, apenas.
Mas acredito que os senhores Comentadores terão interpretações bem mais engenhosas do que estas. Por exemplo, o talento neo-realista de Pinho Cardão é sempre susceptível de nos oferecer uma surpresa.
Gosto da 1ª, conjugada com os estado débil das finanças públicas. Uma coisa que a Itália e Portugal também partilham é da forma "familiar" (em conjunto, portanto...) como são tomadas algumas decisões de investimento público. O não haver dinheiro no estado é sempre boa notícia para os empresários que têm relações familiares mais afastadas.
ResponderEliminarCaros Comentadores,
ResponderEliminarEu bem dizia que podíamos esperer sempre algo surpreendente do neo-realismo de Pinho Cardão.
Interpretando o seu comentário - com a devida vénia - concluo que somos para os demais países europeus um "cão polícia" invertido.
Não intrepretem mal, por favor, o último adjectivo. Significa apenas que damos as indicações exactamente ao contrário da realidade.
Mas isto não reduz a utilidade do nosso papel, desde que seja prestada a devida atenção aos sinais que emitimos. Assim,por exemplo, se apontarmos para a subida, os outros saberão que devem tomar a via descendente.
Se exibirmos um ar de satisfação, dando largas à despesa, os outros saberão (e souberam) que está na altura de apertar o cinto (e apertaram).
E assim, sucessivamente.