Assinalam-se hoje 31 anos sobre a passagem do 25 de Novembro de 1975.
Na confusão e turbulência do PREC, o PCP foi o primeiro a gravar na tábua de cera virgem da consciência política de muitos militares, aberta e disponível para todas as inscrições, a ideia de que o movimento libertador do 25 de Abril apenas se poderia realizar num regime comunista.
A falta de preparação política era terra fecunda para o florescimento da propaganda e as viagens, nomeadamente a Cuba, onde eram recebidos com todo o aparato propagandístico, levaram-nos rapidamente a aceitar como desígnio a instauração em Portugal da ditadura comunista.
Se tivessem alguma preparação política que lhes moderasse o entusiasmo, saberiam que, cerca de uns dez anos antes dessa data, Che Guevara, aquando de uma passagem pelo Cairo, nas vésperas da sua ruptura com Castro, tinha proferido as seguintes palavras:
"...Acredito na transformação da sociedade, mas as pessoas capazes que colocámos em Cuba depressa esqueceram o seu fervor revolucionário nos braços de encantadoras secretárias, no seu carro, nos privilégios e no seu ar condicionado. Começaram a fechar as portas dos seus gabinetes, para aí manterem o ar fresco em vez de as abrirem ao povo do trabalho. Compreendi que favorecíamos o oportunismo..." E ainda:
“…Há no comunismo um paradoxo. Quando negoceio com a União Soviética, constato que os Russos querem comprar as nossas matérias-primas aos preços fixados pelo imperialismo. Não posso admitir isso da parte de um país socialista. Discuti o assunto com eles e disseram-me que eram obrigados a vender a preços competitivos. Então perguntei-lhes: qual é a diferença entre vocês e os imperialistas? Disseram-me que compreendiam o meu ponto de vista, mas repetiam: somos obrigados a vender a preços competitivos. Então, fiz-lhes perguntas sobre os artigos acabados que nos vendem. Disse-lhes: têm automatização, não pagam salários elevados, todavia vendem-nos os vossos produtos ainda mais caros que no mercado. Estamos esmagados. Não há esperança para nós nesta via…”
Na confusão e turbulência do PREC, o PCP foi o primeiro a gravar na tábua de cera virgem da consciência política de muitos militares, aberta e disponível para todas as inscrições, a ideia de que o movimento libertador do 25 de Abril apenas se poderia realizar num regime comunista.
A falta de preparação política era terra fecunda para o florescimento da propaganda e as viagens, nomeadamente a Cuba, onde eram recebidos com todo o aparato propagandístico, levaram-nos rapidamente a aceitar como desígnio a instauração em Portugal da ditadura comunista.
Se tivessem alguma preparação política que lhes moderasse o entusiasmo, saberiam que, cerca de uns dez anos antes dessa data, Che Guevara, aquando de uma passagem pelo Cairo, nas vésperas da sua ruptura com Castro, tinha proferido as seguintes palavras:
"...Acredito na transformação da sociedade, mas as pessoas capazes que colocámos em Cuba depressa esqueceram o seu fervor revolucionário nos braços de encantadoras secretárias, no seu carro, nos privilégios e no seu ar condicionado. Começaram a fechar as portas dos seus gabinetes, para aí manterem o ar fresco em vez de as abrirem ao povo do trabalho. Compreendi que favorecíamos o oportunismo..." E ainda:
“…Há no comunismo um paradoxo. Quando negoceio com a União Soviética, constato que os Russos querem comprar as nossas matérias-primas aos preços fixados pelo imperialismo. Não posso admitir isso da parte de um país socialista. Discuti o assunto com eles e disseram-me que eram obrigados a vender a preços competitivos. Então perguntei-lhes: qual é a diferença entre vocês e os imperialistas? Disseram-me que compreendiam o meu ponto de vista, mas repetiam: somos obrigados a vender a preços competitivos. Então, fiz-lhes perguntas sobre os artigos acabados que nos vendem. Disse-lhes: têm automatização, não pagam salários elevados, todavia vendem-nos os vossos produtos ainda mais caros que no mercado. Estamos esmagados. Não há esperança para nós nesta via…”
De facto, não havia esperança nessa via. O 25 de Novembro fez voltar a esperança.
Caro Pinho Cardão, você aparece sempre no momento certo, na hora certa e com o tema certo!
ResponderEliminarPelas 19h ou à volta disso, vim aqui ao 4R e fiquei preocupado. A dita preocupação vinha já da leitura dos principais jornais do dia.
Ninguem falava do 25 de Novembro? Eu que que adoro efemérides! os 17 anos de, os 28 de, os 31 de, os 44 de....e por aí fora!
E o 25 de novembro, essa sim, data marcante, nem nada! Pois..não eram as viagens a Cuba ou à Libia, apenas,...nem o imperialismo, ou melhor, talvez sim! Quero ver os jornais de 11 de Março proximo! Era a descolonização! O 25 de Novembro já nada vinha acrescentar. E por isso tantos o esquecem! Para quem se interessa por estas coisas recomendo o vol. II das "Quase memórias de Almeida Santos", que por acaso comecei a ler há dias, como se não bastasse, há 4 ou 5 anos, a ultima entrevista de Melo Antunes, poucos meses antes de morrer!
Rejeitando os actos solenes comemorativos e repetitivos, é bom que não esqueçamos a História. E o que dela retiramos, aprendendo, de bom e mau!
Dr. Pinho Cardão,
ResponderEliminarAcredite que estava à espera do seu "25 de Novembro de 1975"!
Com esta data, em boa hora se fez com esperança a História que queríamos que acontecesse, muito diferente daquela que não poderia acontecer.
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarDesde 1820 que as FAs portuguesas protagonizam uma revolução interna, no seguimento da participação em qualquer conflito armado.
A quartelada de 74 não é mais uma das muitas, com a diferença que esta, teve êxito.
Llanhamente, as motivações eram rasteiras como o era (e ainda o é) a profundidade e conhecimentos políticos dos seus autores: O pré era interessante, os negócios tambêm, apenas essa coisa de ir combater não estava de acordo com o que consideravam as funções do posto (ainda não se dizia job description).
Com qualquer quartelada que se preze, com o êxito fugiu-se-lhes o controle da situação, as finanças do país, apesar de tudo, eram solventes e aguentou durnate quase ano e meio a folia.
O resto são conversas da treta próprias de um país de miséria, inculto, ileterado, desconfiado e tacanho (esta é a versão soft).
Nesse sentido o cidadão Torres tem razão quando afirma que o 25/A não foi feito para lhes "gamarem" a reforma.
O lado positivo, então não estamos na CEE (?) e o nosso panteão de santinhos já admite os laicos, com o pai da pátria à cabeça, o velho leão, do Terreiro do Paço e da Fonte Luminosa.
Cumprimentos
Adriano Volframista
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ResponderEliminarUsando um pouco mais de rigor caro A, Volframista olhe que a "quartelada" de 28 de Maio tb teve êxito! E rotundo.
ResponderEliminarE já agora não subscrevo que as motivações eram assim tão rasteiras...! As rasteirices serviram apena para mobilizar os que estavam fora do contexto, não sabiam do que se tratava, nem do que lhe estava subjacente! De resto olhe que a profundidade das motivações politicas eram bem claras! E bem situadas! E gente muito bem preparada, com objectivos bem definidos! O resto foi o folclore que a certos politico-militares até, porque não era isso o seu mote, mas lançou a confusão e baralhou os menos atentos! E controle só fugiu ( ou abandonaram-no) quando o essencial estava feito. Não sejamos ingenuos!...E o problema não era "negócio"!
Por isso o 25 de Novembro foi importante quando, alguns, tal perceberam! Só que, entretanto muito se perdeu, e tempo ainda mais!
Como diz Pinho Cardão a Espanha não se deixou enganar, teve líderes mais "olho fino", e antecipou a "borrasca"!