sexta-feira, 27 de abril de 2007

99,999%!...

A Assembleia da República debateu hoje as conclusões do Inquérito Parlamentar sobre o "Envelope 9".
Como em 99,99% dos Inquéritos Parlamentares, não houve acordo sobre as conclusões. E como em 99,99% dos Inquéritos Parlamentares, as conclusões seguem as maiorias, do PSD quando este está no Governo, do PS, quando este no Governo está. O que se conclui e vota é sempre aquilo que agrada ou convém ao Partido governamental.
Por isso, sempre me interroguei sobre a razão da formação de Comissões de Inquérito cujas conclusões se conhecem à partida. Pela minha experiência pessoal, aliás, constituem a maior perda de tempo que alguém possa imaginar, não só para os Deputados que são capazes de fazer coisas dignas e úteis, mas sobretudo para muitas das vítimas que são chamadas a depor. Os deputados insistem nas mesmas perguntas, questionando até à náusea matérias já perfeitamente esclarecidas para uma mente normal. E as convicções com que partiram são sempre as convicções finais.
Face à vergonha que vinham constituindo, as Comissões de Inquérito foram suspensas pelo antigo Presidente da Assembleia da República, Mota Amaral. Foram retomadas, com os mesmos vícios, na presente Legislatura.
O PSD afirmou hoje que a Comissão do envelope 9 desprestigiou o Parlamento e nunca deveria ter sido constituída.
Devem sobrar muitos dedos de uma só mão para contar as que prestigiaram o Parlamento.
Por incapacidade, demagogia, facilitismo, politiquice, praxe, avilta-se um instrumento que, com outro espírito, poderia ser uma arma poderosa para assegurar a legalidade e a transparência de actos da administração que, de uma forma ou de outra, nos afectam. Lamentável!...

3 comentários:

  1. Como termo de comparação se tiverem oportunidade observem algumas das "Comissões de Inquérito" feitas no Congresso dos EUA.

    Aquilo é que são verdadeiras CI. Claro que há sempre os "artistas" do costume, como em todo o lado, mas quanto mais não seja em termos de espectáculo é do melhor...

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  2. Mas só são perda de tempo para os deputados capazes de fazer coisas dignas e úteis. Se acabassem com isso, o que é que faziam aos outros?

    Portanto o mal está em que o assunto do inquérito possa ser importante. Por exemplo, urge um inquérito parlamentar, sem prazo, sobre a lógica do pensamento feminino, outro sobre Camarate (ah, sobre isto já há...) e outro sobre se o Vitor Baía foi ou não buscar a bola dentro da baliza no jogo da Luz de há uns anos e que nunca ficou completamente esclarecido.

    Agora é só pegar nos deputados que não sabem fazer coisas dignas e úteis (se quiserem ajuda na escolha...) e formar as comissões de inquérito. Por exemplo, uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os Casos da Jornada Passada...

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  3. Caro Tonibler:
    Comissões de Inquérito ao caso de Camarate creio que foram oito, a última das quais na anterior Legislatura...

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