No ano passado um sudanês foi surpreendido a fazer sexo com uma cabra. Os anciãos locais, para castigá-lo, obrigaram-no a casar com a dita. De acordo com as leis do Sul do Sudão, quando um homem é surpreendido a dormir com uma mulher, recebe ordem de se casar com ela imediatamente para salvar a sua honra e a da família. Neste caso, mutatis mutandi, Charles Tombe foi obrigado a dar um nome à cabra, Rose, e a pagar um dote de cinquenta dólares alem de sofrer pública humilhação pelo seu acto bestial.
Não vale a pena dissertar sobre a honra da cabra e da sua família, que deixa muito a desejar, e nem é preciso entrar em pormenores.
O assunto voltou a ser notícia quando a cabra morreu. As circunstâncias da morte de Rose começam a ser muito frequentes. A causa da morte foi asfixia quando, ao procurar comida nas ruas de Juba, quis engolir um saco de plástico.
Este episódio obrigou-me a reflectir, mais uma vez, sobre a problemática dos sacos de plástico como uma das principais fontes de poluição à escala planetária.
De facto, os oceanos, e não só, estão cheios de produtos à base deste material, os quais constituem focos de atracção para várias espécies marinhas. Ao ingeri-los acabam por sofrer consequências muitas vezes mortais. Tartarugas, golfinhos, baleias e muitas aves, nomeadamente albatrozes, são vítimas deste grave atentado ambiental.
Dentro do “mundo plástico”, os sacos que utilizamos no dia a dia, e que começaram a ser introduzidos na década de setenta, constituem uma das principais fontes. Basta dizer que, globalmente, utilizamos entre 500 mil milhões a um trilião por ano, qualquer coisa como 150 sacos por pessoa, ou seja a um ritmo de um milhão de sacos por minuto. Não esquecer que o tempo médio de vida de um saco de plástico é bastante miserável, cerca de 12 minutos, o que contrasta com a sua permanência no meio ambiente que se pode contabilizar por dezenas e mesmo centenas de anos! Tudo isto, porque degradam-se muito lentamente. A natureza não previu que um dia aparecessem coisas “estranhas” e, consequentemente, não desenvolveu mecanismos adequados à sua destruição.
Há que interromper este ciclo. O facto de começarem a surgir movimentos contra o uso sacos de plástico, estimulando o uso de materiais biodegradáveis é de louvar e de encorajar.
A este propósito, a cidade Modbury, na Grã-Bretanha, passou a constituir o primeiro local a abolir os sacos de plástico nas compras. Todos os 43 comerciantes desta localidade passarão a receber sacos de papel reciclável ou sacos reutilizáveis feitos de algodão, de juta e de outros materiais biodegradáveis.
A ideia partiu da fotógrafa Rebeca Hosking que, numa viagem ao Hawai, acabou por verificar que os albatrozes, e sobretudo os seus filhotes, morriam devido ao facto de se alimentarem com tudo o que era plástico que encontravam nas suas longas peregrinações em busca de alimentos. Tudo o que brilha à superfície é interpretado como alimento, é “pescado” e ao fim de centenas e centenas de milhas, pensando que carregam alimentos para os filhotes, acabam por lhes enfiar nas goelas brinquedos, plásticos variados e até isqueiros. Claro que os animais morrem e os seus corpos ao degradarem-se revelam as causas já que no meio das carcaças surgem os tais plásticos prontos a serem novamente “pescados” ou engolidos por outras espécies, perpetuando a morte.
Chocada com este quadro, Rebeca conseguiu convencer os comerciantes de Modbury a associarem-se a este projecto. Não importa se é ou não a primeira localidade a assumir este comportamento, até, porque São Francisco na Califórnia acabou, muito recentemente, por tornar-se na primeira cidade a proibir o uso de sacos de plástico nos grandes supermercados e farmácias. Apesar de todo o processo legislativo ainda não estar completo, os envolvidos manifestaram o seu acordo e não deve haver grandes problemas (supermercados com facturação superior a dois milhões de dólares por ano e farmácias com mais de cinco filiais).
A necessidade em promover a reciclagem não é nova. Até o próprio Bangladesh, pais paupérrimo, já proibiu o uso de sacos de plástico quando se descobriu que o sistema de esgotos do pais ficava entupido, contribuindo para o agravamento de inundações tão comuns naquela parte do globo.
Aqui está uma medida simples, perfeitamente acessível, capaz de contribuir para um ambiente melhor e estimular a consciência ambiental dos cidadãos, preservando um planeta que tem sido tão mal tratado. Uma medida simples arrasta outras medidas simples.
Alguns supermercados começam a tomar medidas, utilizando, por exemplo, materiais recicláveis. Um bom princípio, mas manifestamente insuficiente sem o concurso dos restantes operadores, comerciantes e clientes.
E se as nossas cidades aderissem a um projecto desta natureza? Bastaria que os comerciantes, com a ajuda dos responsáveis locais e com a “anuência” do cidadão anónimo aceitassem. Com tanta discussão ao redor dos perigos ambientais, bem poderíamos mostrar que também somos capazes de os evitar...
Não vale a pena dissertar sobre a honra da cabra e da sua família, que deixa muito a desejar, e nem é preciso entrar em pormenores.
O assunto voltou a ser notícia quando a cabra morreu. As circunstâncias da morte de Rose começam a ser muito frequentes. A causa da morte foi asfixia quando, ao procurar comida nas ruas de Juba, quis engolir um saco de plástico.
Este episódio obrigou-me a reflectir, mais uma vez, sobre a problemática dos sacos de plástico como uma das principais fontes de poluição à escala planetária.
De facto, os oceanos, e não só, estão cheios de produtos à base deste material, os quais constituem focos de atracção para várias espécies marinhas. Ao ingeri-los acabam por sofrer consequências muitas vezes mortais. Tartarugas, golfinhos, baleias e muitas aves, nomeadamente albatrozes, são vítimas deste grave atentado ambiental.
Dentro do “mundo plástico”, os sacos que utilizamos no dia a dia, e que começaram a ser introduzidos na década de setenta, constituem uma das principais fontes. Basta dizer que, globalmente, utilizamos entre 500 mil milhões a um trilião por ano, qualquer coisa como 150 sacos por pessoa, ou seja a um ritmo de um milhão de sacos por minuto. Não esquecer que o tempo médio de vida de um saco de plástico é bastante miserável, cerca de 12 minutos, o que contrasta com a sua permanência no meio ambiente que se pode contabilizar por dezenas e mesmo centenas de anos! Tudo isto, porque degradam-se muito lentamente. A natureza não previu que um dia aparecessem coisas “estranhas” e, consequentemente, não desenvolveu mecanismos adequados à sua destruição.
Há que interromper este ciclo. O facto de começarem a surgir movimentos contra o uso sacos de plástico, estimulando o uso de materiais biodegradáveis é de louvar e de encorajar.
A este propósito, a cidade Modbury, na Grã-Bretanha, passou a constituir o primeiro local a abolir os sacos de plástico nas compras. Todos os 43 comerciantes desta localidade passarão a receber sacos de papel reciclável ou sacos reutilizáveis feitos de algodão, de juta e de outros materiais biodegradáveis.
A ideia partiu da fotógrafa Rebeca Hosking que, numa viagem ao Hawai, acabou por verificar que os albatrozes, e sobretudo os seus filhotes, morriam devido ao facto de se alimentarem com tudo o que era plástico que encontravam nas suas longas peregrinações em busca de alimentos. Tudo o que brilha à superfície é interpretado como alimento, é “pescado” e ao fim de centenas e centenas de milhas, pensando que carregam alimentos para os filhotes, acabam por lhes enfiar nas goelas brinquedos, plásticos variados e até isqueiros. Claro que os animais morrem e os seus corpos ao degradarem-se revelam as causas já que no meio das carcaças surgem os tais plásticos prontos a serem novamente “pescados” ou engolidos por outras espécies, perpetuando a morte.
Chocada com este quadro, Rebeca conseguiu convencer os comerciantes de Modbury a associarem-se a este projecto. Não importa se é ou não a primeira localidade a assumir este comportamento, até, porque São Francisco na Califórnia acabou, muito recentemente, por tornar-se na primeira cidade a proibir o uso de sacos de plástico nos grandes supermercados e farmácias. Apesar de todo o processo legislativo ainda não estar completo, os envolvidos manifestaram o seu acordo e não deve haver grandes problemas (supermercados com facturação superior a dois milhões de dólares por ano e farmácias com mais de cinco filiais).
A necessidade em promover a reciclagem não é nova. Até o próprio Bangladesh, pais paupérrimo, já proibiu o uso de sacos de plástico quando se descobriu que o sistema de esgotos do pais ficava entupido, contribuindo para o agravamento de inundações tão comuns naquela parte do globo.
Aqui está uma medida simples, perfeitamente acessível, capaz de contribuir para um ambiente melhor e estimular a consciência ambiental dos cidadãos, preservando um planeta que tem sido tão mal tratado. Uma medida simples arrasta outras medidas simples.
Alguns supermercados começam a tomar medidas, utilizando, por exemplo, materiais recicláveis. Um bom princípio, mas manifestamente insuficiente sem o concurso dos restantes operadores, comerciantes e clientes.
E se as nossas cidades aderissem a um projecto desta natureza? Bastaria que os comerciantes, com a ajuda dos responsáveis locais e com a “anuência” do cidadão anónimo aceitassem. Com tanta discussão ao redor dos perigos ambientais, bem poderíamos mostrar que também somos capazes de os evitar...
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarO seu relato sobre o "mundo plástico" ensina muito.
Mas a história da cabra é difícil de acreditar!
Há ainda pouca consciência social sobre o periogoso impacto ambiental da brutal utilização dos sacos plásticos. Alguns supermercados já estão a cobrar um preço aos clientes, não sei se movidos por preocupações ambientais ou se por razões puramente financeiras. Há também outros supermercados que estão a introduzir sacos verdes, mais ecológicos, porque podem ser reutilizados mais tempo devido à sua maior resistência .
Mas penso que terá que haver uma vontade política muito firme para incentivar a eficiência no consumo de sacos plásticos.
Cara Margarida
ResponderEliminarAcredite na história da cabra. Olhe que foi a notícia da BBC mais lida até hoje...
Quanto aos sacos de plástico temos que fazer ainda muito.
Mas é postivo lembrar. Não acha?
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarÉ essencial educar e informar, para que as pessoas tomem consciência e se sintam impelidas a ser parte das soluções dos problemas.
Há muito a fazer neste campo. Por isso, nunca é demais lembrar...
Caro Prof. M.C., correndo o risco de o meu comentário, poder ser tomado como inconveniente...manda a curiosidade que coloque esta questão: A "Rose" morreu, por asfixia, mas se tivesse sido comida pelo marido, como aliás, é o destino das suas congeneres, a lei sudaneza teria condenado o marido pelo acto de prática de canibalismo?
ResponderEliminarAgora num registo sério, porque séria e preocupante é a questão que o seu post refere, eu assisti à chegada do saco de plástico e lembro-me, que de início se verificou alguma resistência na sua utilização, assim como das restantes embalagens. Hoje já se consideram parte integrante do nosso cuotidiano. Apesar desse "enquadramento" estou convicto que alternativas menos agressivas para o ambiente, serão aceites pela sociedade sem dificuldade, desde que não representem um custo acrescido.
Para quem anda muito por fora, sobretudo fora da Europa, de certeza que já viu os "famosos" sacos de papel (aliás utilizados pelo IKEA cá em Portugal e em todo o lado).
ResponderEliminarMesmo correndo o risco de os pagar acho que são uma excelente opção... Bom... menos para as árvores...
Eu acho que é um dilema. É claro que os pláticos são um atentado à natureza, é certo que podíamos usá-los mais vezes, mas era preciso que nos lembrássemos que íamos ás compras e, além disso, que eles aguentassem ser usados duas vezes, o que não é habitual.Por outro lado, alguém já experimentou trazer as compras do supermercado em sacos de papel? Mesmo levando os carrinhos até à bagageira, como é que os levamos até casa? E se formos a pé? É um drama, não se pode pegar nas asas...e se forem garrafas de azeite, enfim, já fiquei sem uns sapatos (e sem o azeite, claro) à conta de querer ser amiga do ambiente!
ResponderEliminarAmigos,
ResponderEliminarOs sacos de plástico vão ser sempre precisos, pq são feitos do etileno que é a parte mais pobre´extraída do crude, logo se não fosse para o plástico certamente iria para o "lixo".
Quanto aos sacos de plástico já existe solução para o aceleramento da sua degradação, visitem o site www.sacos88.pt e vejam nas notícias sobre o aditivo que faz com que o produto se degrade ao fim de uns meses, este fenómeno chama-se oxi-biodegradável.
Prezados amigos do Blog.
ResponderEliminarboa Noite.
Sou Um Ecologista Brasileiro, temos uma Ong. O Despertar da Consciencia, atuamos com Escolas e comunidades da zona rural. Com relacao aos plasticos , ele veio para ficar, pior que o plastico é a falta de consciencia que existe hoje no mundo, ou o que as pessoas jogam dentro dos plasticos, nao separam, 60% de qualquer sacola com objetos poderia ser reciclado, estamos tentanto colocar na ONU, Unesco, dentro da Educacao Ambiental e Cidadania Planetaria, um projeto onde as pessoas irao fazer a separacao e as sacolas plasticas ja sao recicladas para virar materia prima, com relacao aos plasticos supostos biodegradaveis, esse sim é terrivel para nossa saude, pelo composto quimico que acelera sua decomposicao, a maioria da populacao nao sabe disso e carregam produtos in natura dentro das sacolas, que recebem metais pesados para sua decomposicao. Vamos lancar o desafio ao mundo, tanto como nos plasticos, como na reciclagem do lixo, como no controle do desperdicio de agua, as pessoas irao cuidar do Diamante que nos garante a Vida e nao aquele que enfeita os dedos das pessoas, o maior diamante sera a Agua para a Vida, todos se juntarao na causa, e vejam que os Governantes nao conseguiram nenhum avanco para a reducao dos gases que ajudam no aquecimento Global, agora teremos que partir a humanidade, nao poderemos estar para 2009, temos que agir, para isso iremos lancar em 2008 o Projeto O Despertar da Consciencia, viajaremos por Rios, Florestas, Desertos e Mares, cidades com Milhoes de pessoas, ricas e pobres, todos darao sua contribuicao pela Cidadania Planetaria. Quem viver verá.... Feliz Natal, Feliz 2008 a todos, esse sera o ano do Planeta e do Despertar da Consciencia. Como nao entendo muito de blog, queria saber este esta em Portugues, queria saber se voces tem o contato da Ecologista Rebecca Hosking que esta ajudando tambem na causa.
Aguardo informacao dos amigos ao redor do mundo.
Atenciosamente.
JOSE PEDRO NAISSER.
ECOLOGISTA E HUMANISTA.
CURITIBA.PR.
41 3357 4370.
EMAIL. JPNAISSER@HOTMAIL.COM