O Dóris emigrou da Moldávia e trabalhava na zona de Colares. Chegado ilegalmente, já estava há uns tempos em Portugal. Nos seus trinta e tal anos, era um homem de força, e se não se eximia às tarefas mais pesadas, nunca virando a cara à luta, também punha jeito e habilidade nas funções mais maneirinhas. Por isso, granjeou a estima do empregador, no sector da jardinagem, e o empenho deste na sua legalização.
Regularizada a situação no país, julgou ser a altura de mandar vir a mulher. Esta chegou há uns quatro ou cinco meses, mas tão depressa chegou como voltou à terra natal. Porventura por ter vindo a perder os laços com o marido, porventura por inadaptação, porventura por uma outra razão qualquer.
O Dóris não compreendeu, forçado assim a voltar à sua vida de homem só, mas agora mais custosa pelo esboroar das esperanças depositadas no reassumir de uma vida em comum; por isso, entristeceu e começou a beber. Bebida que conflituava com doença que tinha e que lhe agravava o mal. Deixou de seguir os conselhos do médico e do “patrão”, bebendo e bebendo para esquecer, nostálgico do bom futuro que augurava. Começou a meter baixa e a trabalhar com intermitência. Mas já não era o mesmo Dóris.
Há dias desapareceu de casa. Um irmão e companheiros, não sei se as autoridades, procuraram-no com afã e preocupação. Mas nada de Dóris. Anteontem, um seu colega seu, ao passar por um caminho ermo, ouviu uns gemidos estranhos, no meio do matagal. Procurou e encontrou o Dóris, moribundo. Com quatro garrafões de vinho vazios a seu lado. Chamado o INEM, foi transportado ao hospital. Soube hoje que faleceu, escassas horas após a entrada.
O Dóris procurou sòzinho a morte, apenas a bebida por companhia.
Regularizada a situação no país, julgou ser a altura de mandar vir a mulher. Esta chegou há uns quatro ou cinco meses, mas tão depressa chegou como voltou à terra natal. Porventura por ter vindo a perder os laços com o marido, porventura por inadaptação, porventura por uma outra razão qualquer.
O Dóris não compreendeu, forçado assim a voltar à sua vida de homem só, mas agora mais custosa pelo esboroar das esperanças depositadas no reassumir de uma vida em comum; por isso, entristeceu e começou a beber. Bebida que conflituava com doença que tinha e que lhe agravava o mal. Deixou de seguir os conselhos do médico e do “patrão”, bebendo e bebendo para esquecer, nostálgico do bom futuro que augurava. Começou a meter baixa e a trabalhar com intermitência. Mas já não era o mesmo Dóris.
Há dias desapareceu de casa. Um irmão e companheiros, não sei se as autoridades, procuraram-no com afã e preocupação. Mas nada de Dóris. Anteontem, um seu colega seu, ao passar por um caminho ermo, ouviu uns gemidos estranhos, no meio do matagal. Procurou e encontrou o Dóris, moribundo. Com quatro garrafões de vinho vazios a seu lado. Chamado o INEM, foi transportado ao hospital. Soube hoje que faleceu, escassas horas após a entrada.
O Dóris procurou sòzinho a morte, apenas a bebida por companhia.
Podem passar os tempos, mas, no fundo, no fundo, o homem continua o mesmo. O amor é capaz de o fazer viver e por amor é capaz de se deixar morrer!...
Para o Dóris, as minhas saudações amigas.
"Podem passar os tempos, mas, no fundo, no fundo, o homem continua o mesmo. O amor é capaz de o fazer viver e por amor é capaz de se deixar morrer!..."
ResponderEliminarHa quem consiga afirmar, que os homens são desprovidos de sentimentos, uns insensíveis sensaborões.
Afinal isso não corresponde mínimamente à realidade, não é verdade Dr. Pinho Cardão?
Meu caro Pinho Cardão
ResponderEliminarDoris tinha um sonho na vida. Sonho simples, sonho ao seu alcance. Mataram-lhe o sonho e ele não quis sonhar mais.
“O sonho comanda a vida”... Deixou de sonhar e morreu....
Uma singela homenagem à sua memória.
Não me esquecerei do Dóris!
Quantos Dórias, sofrendo de solidão extrema, não andam por aí?
ResponderEliminarComeçam por perseguir a miragem de uma vida melhor e tantos acabam na mais absoluta indigência material e afectiva!
Um drama pessoal que faz pensar...
Poucos saberão que um alcoólico "tratado" é o melhor trabalhador que se pode ter.
ResponderEliminarPorque a sua dependência deixa de ser o alcool para ser o trabalho.
Um abraço
Como se vê, Caro Bartolomeu!...
ResponderEliminarE o Professor Massano disse tudo!...
Há poucos anos, quando começou a imigração de Leste, muitos deles assentaram arraiais na zona de Mafra, onde havia (e há) uma euforia de construção.Viam-se imensos homens sozinhos, desajeitados nas compras, com um ar abandonado, viviam em camaratas e compravam sobretudo cervejas e umas comidas rápidas. Agora, vejo famílias inteiras, completamente inegrados, elas a saborearem as novidades da moda, acho graça aos adereços que põem, com um ar muito garrido, alguns já têm carro. E elas levam que tempos no talho, em frente daquela abudância, a escolher com prazer, a experimentar receitas. Dá gosto ver aquleas famílias a tirar prazer de pequenos nadas que nós já nem damos valor. Também nos ensina a ver a vida co outros olhos. Pobre Dórias, que não teve a mesma sorte de realizar o seu sonho!
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