segunda-feira, 30 de julho de 2007

Remova-se para bem longe!...




Antes de férias, a Assembleia da República concluiu mais uma reforma do seu Regimento.
Não penso que daí tenha saído coelho da cartola, pois não haverá nunca uma verdadeira reforma do Parlamento enquanto alguns dos seus ícones não forem de vez reformados. Um desses ícones é José Estêvão, símbolo da oratória brilhante, mas balofa e sem conteúdo, cuja estátua se exibe em lugar nobre, frente aos Gabinetes dos Deputados, no jardim lateral ao Palácio de S. Bento.
José Estêvão foi agitador, revolucionário, jornalista e político. Bacharel em direito, passou do primeiro para o terceiro e último ano do curso, dispensado que foi do segundo ano como prémio por ter militado no exército liberal. E foi eleito deputado às Cortes por influência do pai, médico, filantropo e um importante deputado por Aveiro.
Nas Cortes, o seu nome não ficou conhecido como Deputado, mas como orador parlamentar dado o seu talento dramático, que impressionava quem o ouvia, dando a sensação de falar sempre com o coração e de defensor intrépido da verdade, mesmo quando se tratava de descaradas mentiras.
Por isso, a primeira grande medida de reforma do Parlamento que eu preconizo é a remoção, para muito longe, da estátua de José Estêvão, de forma a evitar aos Deputados a visão diária do exemplo de agitador e revolucionário, qualidades que lhe ajudaram a terminar o curso, do exemplo de quem foi deputado graças à influência familiar, e do símbolo da oratória barata e sem sentido.
A questão é que há muitos que se revêem na figura!...

2 comentários:

  1. Perdoem-me a intromissão e o destrutivismo:
    Estamos num país com um índice de sinistralidade rodoviária altíssimo, resultado ainda em grande parte do consumo excessivo de álcool, e no qual não se altera a lei de modo a reduzir a taxa de alcoolemia permitida por razões que se prendem com a nossa "cultura do vinho". Não se poderá, pelas mesmas razões, retirar aos demagogos parlamentares a doce inspiração que tal estatueta representa. Ou poderá?

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  2. Então o homem é um exemplo para todo o país, mais que para o parlamento. Ponham a estátua dele em cima do cavalo do D.José e mandem o D. José às urtigas!
    Serve também para mostrar aos profetas da desgraça como este país evoluiu. Antes eram só deputados, hoje fazemos deles primeiro-ministros!

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