As velhas do soalheiro passavam horas a fio a falar da vida alheia: de um ponto faziam um conto, que era ampliado ao sabor da imaginação e da capacidade de maledicência. As alcoviteiras passavam as histórias de povoado para povoado e às tantas o enredo já nada tinha a ver com o facto inicial.
Nesta era tecnológica, nada mudou. Ou melhor, o processo tornou-se mais sofisticado. As velhas do soalheiro, antes sentadas à porta e falando em segredo, passeiam-se agora de microfone em punho. Uma conta, outra compõe, uma amplia, outra recria, uma inventa, outra produz novos enredos da história. A primeira cita a sexta, a segunda, a quarta e a terceira, a sexta, vendo-se cada qual obrigada, para a coisa não perder interesse, em juntar-lhe mais um picante, quanto mais macabro e fantasioso, melhor, e que de imediato é reproduzido pelas outras. Antes limitadas à rua da aldeia, agora plantam-se em sítios estratégicos, em Leicester ou na Praia da Luz, de forma a cuscarem o que se passa ou não passa e a fazerem o relato, logo difundido urbi et orbi em tempo real.
As novas velhas do soalheiro não hesitam em contratar alcoviteiras imaginosas que possam dar novos palpites e alimentar a coscuvilhice, quando a matéria começa a escassear. E um novo élan nasce, pela reprodução dos novos factos assim fabricados.
As vítimas são espiolhadas, mal tratadas, massacradas. A sua vida publicitada, a sua intimidade revelada. Tornaram-se mero objecto ao serviço das velhas do soalheiro.
O caso da família Mc Cann é exemplar. Hoje li que a filha não aparece, porque a mandaram incinerar!...
Nesta era tecnológica, nada mudou. Ou melhor, o processo tornou-se mais sofisticado. As velhas do soalheiro, antes sentadas à porta e falando em segredo, passeiam-se agora de microfone em punho. Uma conta, outra compõe, uma amplia, outra recria, uma inventa, outra produz novos enredos da história. A primeira cita a sexta, a segunda, a quarta e a terceira, a sexta, vendo-se cada qual obrigada, para a coisa não perder interesse, em juntar-lhe mais um picante, quanto mais macabro e fantasioso, melhor, e que de imediato é reproduzido pelas outras. Antes limitadas à rua da aldeia, agora plantam-se em sítios estratégicos, em Leicester ou na Praia da Luz, de forma a cuscarem o que se passa ou não passa e a fazerem o relato, logo difundido urbi et orbi em tempo real.
As novas velhas do soalheiro não hesitam em contratar alcoviteiras imaginosas que possam dar novos palpites e alimentar a coscuvilhice, quando a matéria começa a escassear. E um novo élan nasce, pela reprodução dos novos factos assim fabricados.
As vítimas são espiolhadas, mal tratadas, massacradas. A sua vida publicitada, a sua intimidade revelada. Tornaram-se mero objecto ao serviço das velhas do soalheiro.
O caso da família Mc Cann é exemplar. Hoje li que a filha não aparece, porque a mandaram incinerar!...
Meu caro Dr. PC,
ResponderEliminarResumindo, tudo depende da posição da pessoa perante os factos:
- há quem teime em ver ao perto, e daí, o circo montado na praia da luz e em leicester, pelos orgãos de comunicação social!
- e há quem queira uma visão mais longe e distante da história, nesta perspectiva inclui-se o trabalho da nossa PJ!
Estamos perante um problema grave de miopia? aguardemos todos pelas cenas dos próximos capitulos.
É verdade caro Dr. Pinho Cardão, tal como resume a nossa amiga heterónima de Fernando Pessoa, tem muito a ver com a posição de cada um perante os factos, e essa, terá provávelmente tudo a ver com a formação ética individual.
ResponderEliminarPerante a profusão de informações e contra-informações, se realmente não se possuir essa formação no estádo sólido, corre-se certamente o risco de considerar que tudo está a ser feito para nos informar.
Se me permite, deixo aqui a minha nota de velha sentada à soleira: Será que o Sr. Socrates, apercebendo-se de que o caso desvia a tenção da opinião pública dos assuntos que efectivamente interessam a todos, terá "incentivado" as velhotas ao soalheirismo?
NÃAAOOOO caro Bartolomeu... Nem pense numa coisa dessas. Isso é IMPOSSÍVEL... O nosso PM nunca se aproveitaria de uma coisa destas...
ResponderEliminarNem a RTP daria maior enfâse a este caso (e ao futebol) do que à cobertura da Presidência portuguesa da UE (aquela onde os 6 meses se vão passar e nada vai ser feito excepto muitas cimeiras e muita conversa-já lá vão quase 3) e ao estado do país e da economia!
Garanto-lhe que ninguém ligado ao Governo pegou no telefone e deu qualquer indicação nesse sentido...
É, pensando melhor, acho que tem toda a razão caro Virus.
ResponderEliminarEu é que sou um mal-pensante, mas vou já apertar mais um furo no cilício.
Pois é, vizinha, eu cá não sou de intrigas, mas a coisas são o que são e, como são, não há razão para não falarmos nelas, não é?
ResponderEliminarOntem, as alcoviterias falavam de "presos preventivos que cumpriam penas e iam ser libertados"...E ainda se queixam de sofrerem pressões, mas só um burro é que vai "exercer pressões" sobre um bando de hienas, como é a "comunicação social". Para um bando de hienas manda-se um bocado de carne para a frente e vão todas atrás...
Sem querer tomar partido, apenas lhe digo, caro PCardão, que o seu comentário me faz lembrar a sempre discutida perseguição dos papparazzi às "vedetas" ou "personalidades públicas"! Que se queixam, vociferam...etc!
ResponderEliminarPois, mas quando se querem tornar "vedetas" ou "personalidades" estão sempre, de porta aberta, a acenar a fotógrafos e jornalistas!...
Não há, no caso que referiu, demasiadas coincidências (por razões diversas, admito)mas, "quem anda à chuva, molha-se" diz o sábio povo!
"As hienas" foram atrás da carne que lhes lançaram!
Lá no norte, quando eu me criava, as expressões “velhas do soalheiro” e “alcoviteiras”, eram muito usadas. Não me recordo bem, mas acho que o termo "alcoviteira" era mais ofensivo que “velha do soalheiro”.
ResponderEliminarEstas expressões fazem-me lembrar um episódio.
A seguir ao PREC, um director de um Organismo onde trabalhei, usava uma estratégia, sui generis, para exercer a sua gestão sem ser contestado em plenário; A estratégia consistia, em chamar ao gabinete as linguarudas conhecidas (a propósito de nada), e no meio de uma conversa afável, descair-se sobre medidas de gestão que em breve iriam ser tomadas, reiterando-lhes, vezes sem conta, que aquilo não podia ser divulgado!
Da posse de tão valiosas informações as liguarudas -honradas com tal confidência-, segredavam, também, aqui e acolá, as medidas que iam ser tomadas.
Escusado será dizer que, passado um tempo, toda a gente aceitava as novas medidas sem levantar ondas!
Caro Rui Vasco:
ResponderEliminarHá uma diferença substancial. Aqui as "vedetas", como lhe chama, perderam uma filha e tudo fazem para a encontrar.Até prova em contrário, são inocentes.Mas o seu bom nome e a sua intimidade estão a ser explorados selvaticamente pelos interesses comerciais da comunicação social. Que actua de forma muito mais condenável do que as velhas do soalheiro, que não tiravam interesses materiais da exploração dos factos. O que se tem passado é uma vergonha e uma página negra para a informação portuguesa. Da inglesa não falo, porque não conheço bem.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarExistem revistas que esta semana, por um motivo qualquer que não consigo compreender, não fizeram primeira página com o casal McCann.
ResponderEliminarNum acto de cidadania activa vou escrever aos respectivos directores desses meios de comunicação a protestar tal omissão...
Espero bem que tal lapso não volte a ocorrer.
PS: Daqui a pouco, andam as revistas de grande tiragem a fazer capa das consequências económicas da subida da taxa de juro de referência, e nessa altura será tarde para ter mão neles.