quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ao telefone, dois advogados...

- Então meu caro, como vai isso?
- Tudo bem. Cá andamos. Que mandas?
- Olha, chegaste a ver aquela questão no processo do...
- Espera, mando-te um fax, está bem?
- Sim, mas agora só te queria perguntar se o teu cliente sempre entrou com o requerimen...
- Olha, eu explico tudo no fax! Está lá tudo!
- Muito bem. Vou ver. Está tudo bem contigo? Pareces-me um pouco...
- Não, deixa. É que o meu telefone está com uns barulhos esquisitos. Falamos depois. Almoçamos um dia destes?

NOTA: não se trata de transcrição de escuta telefónica, nem de inconfidência. Mera ficção que só por coincidência se aparentará com a realidade.

9 comentários:

  1. Há quem diga que a realidade, às vezes, ultrapassa a ficção...

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  2. Fontes secretas, daquelas que fazem escutas nos corredores segredaram-me, que após o último acto do folhetim “a entrevista do PGR”, o Primeiro Ministro reuniu com os dois ministros mais inteligentes do governo a quem perguntou a forma de acabar com as p(piiiiiiiii)s das escutas. Perante tão solene e grave momento, os dois ministros abanaram as cabecinhas, e após um grande esforço dos neurónios, concluíram: faz-se uma portaria a impor a colocação dum dístico em cada telefone, fixo ou móvel, com a seguinte advertência: “falar ao telefone não é seguro, e pode ser-lhe fatal!
    Nada mais simplex.

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  3. Ouvi dizer que também há "escutas" ilegais aos faxes! O melhor seria mesmo tratar do assunto ao almoço...

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  4. Caro Dr. J.M. Ferreira de Almeida, será que o fax garante assim tanta confidencialidade?
    Lembro-me de uma peça de teatro exibida ha uns 15 anos atrás (mais coisa, menos coisa) era a representação de uma fábula de La Fontaine, onde eram protagonistas um presidente da república de um país terceiro mundista, um governador de uma ilha oriental, uma secretária do presidente, um fax e um aeroporto. O enredo da história era o normal num país com aquelas características, corrupção e diz-que-disse. No final e como sucede com todas as fábulas, restou a lição moralizante : "Se tens um fax indiscreto arranca a língua à tua secretária"
    Mas entretanto as técnologias evoluíram e actualmente os fax vêem equipados com um código deontológico restricto, cujo conjunto de regras é impossível violar.

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  5. Anónimo11:05

    Meu caro Bartolomeu:
    Se o fax não fizer um barulho esquisito, é seguro ;)
    Agora a sério. O grande profeta do século XX foi, efectivamente, o George Orwell. Só se enganou na data.
    Não há, efectivamente, meio seguro contra a devassa e o voyeurismo reinantes.
    Anteontem, num programa da SIC-N em que se falou disto, ouvi um jornalista dizer que era a morte do jornalismo no dia em que se proibir e punir o acesso às partes das escutas sem relevância para os processos. Dizia ele, perante a passividade dos restantes parceiros de mesa, todos eles representantes das corporações judiciárias, que essas partes podem não ter interesse para o processo e no entanto terem "interesse público"!
    Veja bem por onde anda o conceito de interesse público. Como estamos longe do tempo em que o interesse público tinha exclusiva representação na lei. Agora é de interesse público não o que o legislador determina mas o que o jornalista entende, ou seja, o que mais vende papel, imagem e por arrastamento alimenta o chorudo negócio da publicidade.
    Este conceito de "interesse público" não é mais, afinal, do que o aproveitamento da pulsão que leva grande parte da audiência das TV´s a preferir os programas em que individuos alienam perante as câmaras a sua privacidade e mais do que isso, a sua intimidade.

    Mas, como diria um já desaparecido repórter desportivo, "é disto que o meu povo gosta".

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  6. Caro Dr. JM Ferreira de Almeida, concordo interiamente com a sua opinião, faço no entanto uma ressalva à frase que concluí o comentário.
    Em minha opinião, o "meu povo" foi induzido, impelido e estímulado a gostar de ocupar o tempo e a atenção com estes vagos e divagantes assuntos de "interesse público".
    Bem sei que na base desse instigar permanente, está a exploração de uma tendência natural do "meu povo", mas a funcção pedagógica que também compete à comunicação social, perde-se aqui, em favor das audiências e dos Shar's.

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  7. .
    Apenas para lembrar que, a este nível, para além das conversas telefónicas, também os faxes os mails e toda a actividade na net é susceptível de ser interceptado.
    .

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  8. Anónimo16:11

    Meu caro AAF, ainda bem que o recorda! O meu teclado anda a fazer uns barulhos esquisitos! Será que...?

    ;)

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  9. Ah poissss...
    não viram ontem, aquele patusco da tropa, que mais um bocadinho dizia que qualquer dia não chegam a horas à guerra porque os telemóveis devido às escutas demoram a comunicar? Será que ele queria dizer que o inimigo fazia escutas???

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