Os relatos e as imagens dos xiitas a flagelarem-se como prova da sua religiosidade e de expiação por não terem podido salvar o imã Hussein, morto e enterrado no ano de 680 em Kerbala, são preocupantes e difícil de compreender e aceitar.
No entanto, este fenómeno não é novo. Após o aparecimento da peste negra, em 1348, ocorreram movimentos sociais dramáticos, desde a perseguição dos judeus, com tortura, enforcamento e expulsão para o Leste europeu (a situação foi de tal forma grave, que obrigou o papa Clemente VI a editar Bulas, inocentando-os), ao aparecimento dos flagelantes. O movimento que já tinha ocorrido no século XIII, em consequência de ciclos graves de fome-doença, tinha como objectivo “exorcizar” o castigo divino (as pestes e a fome eram sinónimos de condenações superiores).
Os flagelantes eram verdadeiros “exércitos” organizados, com indumentária própria e comandados por um mestre que organizavam a flagelação pública e privada, segundo rituais próprios. Para evitar a punição divina, neste caso a peste, infligiam castigos nos seus próprios corpos.
De início, a própria Igreja aceitava estes sacrifícios “altruístas”! Até o papa Clemente ordenou uma flagelação pública em Avignon, a fim de evitar a propagação da terrível doença que dizimou grande parte da população da Europa. Mas, depressa se tornaram incontroláveis, revolucionários, perseguindo os ricos, os judeus, numa verdadeira manifestação de terror organizado, o que levou o papa a condená-los. E de que maneira! Sua Santidade não esteve pelos ajustes e muitos acabaram queimados, sem cabeça ou enforcados, além de outras medidas de carácter proibitivo.
Setecentos anos depois, o fenómeno continua a ocorrer, baseando-se nos mesmos princípios. Além da dificuldade em compreender ou pelo menos aceitar estes comportamentos, que também continuam a manifestar-se nalguns católicos (veja-se o caso das crucificações filipinas), temos de realçar a forma organizada dos flagelantes islâmicos, o que, sob o ponto de vista social, constitui uma forma perigosa de manifestação, de um poder, com consequências nada fáceis de prever. Não sendo de advogar as soluções radicais já enunciadas, por motivos óbvios, tem de haver medidas, susceptíveis de evitar as formas extremistas de pseudo-religiosidade, porque são a fonte mais perversa de tirania social.
No entanto, este fenómeno não é novo. Após o aparecimento da peste negra, em 1348, ocorreram movimentos sociais dramáticos, desde a perseguição dos judeus, com tortura, enforcamento e expulsão para o Leste europeu (a situação foi de tal forma grave, que obrigou o papa Clemente VI a editar Bulas, inocentando-os), ao aparecimento dos flagelantes. O movimento que já tinha ocorrido no século XIII, em consequência de ciclos graves de fome-doença, tinha como objectivo “exorcizar” o castigo divino (as pestes e a fome eram sinónimos de condenações superiores).
Os flagelantes eram verdadeiros “exércitos” organizados, com indumentária própria e comandados por um mestre que organizavam a flagelação pública e privada, segundo rituais próprios. Para evitar a punição divina, neste caso a peste, infligiam castigos nos seus próprios corpos.
De início, a própria Igreja aceitava estes sacrifícios “altruístas”! Até o papa Clemente ordenou uma flagelação pública em Avignon, a fim de evitar a propagação da terrível doença que dizimou grande parte da população da Europa. Mas, depressa se tornaram incontroláveis, revolucionários, perseguindo os ricos, os judeus, numa verdadeira manifestação de terror organizado, o que levou o papa a condená-los. E de que maneira! Sua Santidade não esteve pelos ajustes e muitos acabaram queimados, sem cabeça ou enforcados, além de outras medidas de carácter proibitivo.
Setecentos anos depois, o fenómeno continua a ocorrer, baseando-se nos mesmos princípios. Além da dificuldade em compreender ou pelo menos aceitar estes comportamentos, que também continuam a manifestar-se nalguns católicos (veja-se o caso das crucificações filipinas), temos de realçar a forma organizada dos flagelantes islâmicos, o que, sob o ponto de vista social, constitui uma forma perigosa de manifestação, de um poder, com consequências nada fáceis de prever. Não sendo de advogar as soluções radicais já enunciadas, por motivos óbvios, tem de haver medidas, susceptíveis de evitar as formas extremistas de pseudo-religiosidade, porque são a fonte mais perversa de tirania social.
Pergunto o seguinte: E se nos nossos dias suceder uma pandemia, nada que se possa considerar impossível de acontecer. Ainda o ano passado as autoridades alertaram para essa possibilidade, devido à propagação do viros da gripe aviária. Numa situação dessas, como iria a sociedade civil e religiosa reagir? Seria diferente daquilo que foi no tempo da peste?
ResponderEliminarainda nõ consegui descobrir porque motivo escrevo virus e aparece publicado viros...mistério...
ResponderEliminarE os piercings, as tatuagens, os liftings com aplicação de ácido, no rosto, e outras "maravilhas" da estética não serão também outro tipo de autofalegação, dos tempos modernos, Caro Prof. Salvador ?
ResponderEliminarerrata:
ResponderEliminarauto-flagelação
(sorry)
Não são naturais de facto. Mas não se "encaixam" nas formas descritas. Têm "tonalidades" sociológicas diferentes. De qualquer modo despertou-me o apetite para abordar a "auto-flagelação" dos tempos modernos...
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