quinta-feira, 22 de maio de 2008

O seu a seu dono!...

Passaram dez anos sobre a Expo 98, considerada a mais bem organizada exposição internacional de todos os tempos. Os meios de comunicação social vêm recordando o tema, personalizando o acontecimento em torno de Mega Ferreira. Mega Ferreira pensou, Mega Ferreira criou, Mega Ferreira executou, Mega Ferreira foi a Expo e Mega Ferreira é a Expo, pois só ele é chamado para se referir ao tema.
É a tradicional visão redutora dos media, para quem os protagonistas são sempre os amigos, os chegados, os que têm as empresas de imagem a soldo. Mega Ferreira foi um dos que deu a sua contribuição, maior ou menor, quer na ideia, quer na parte final da execução, mas não se pode tomar a parte pelo todo, sob pena de injustiça reles e mesquinha. Estamos fartos de estátuas impantes erigidas sobre os verdadeiros heróis.
Na memória do evento, a minha homenagem a Cardoso e Cunha, o primeiro Comissário e aos restantes membros do primeiro Conselho de Administração da Parque Expo 98, na pessoa do Dr. Tavares Moreira, nosso companheiro de Blog, os quais tiveram a difícil tarefa de começar o projecto e ultrapassar obstáculos de toda a ordem, legais, logísticos, regulamentares, pessoais, para além de invejas e incompreensões. E a minha homenagem também ao segundo Comissário, Torres Campos e aos que o acompanharam e que levaram o Projecto a bom termo e ao êxito comummente reconhecido.
É bom que os mais novos fiquem a saber e os mais esquecidos recordem tais nomes e o serviço que prestaram e que os media, por facilitismo ou ouras razões, tão convenientemente esquecem.

9 comentários:

  1. Ora aí está uma oportuna chamada de atenção.
    Faltou, porventura, dizer que este tipo de personalizações ocorre com muito mais frequência quando a individualidade é um ilustre membro da camarilha socialista.
    Os outros, como se sabe desde o perspicaz Ferro Rodrigues, são “uns palermas”, cujo nome não vale a pena associar às grandes realizações.

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  2. Anónimo14:34

    Muito bem, Pinho Cardão. A Expo98 foi obra de muitos. Antes mesmo de se constituir o comissariado, houve um trabalho notável de preparação de candidaturas por parte de duas comissões interministeriais que prepararam o trabalho para a sementeira.
    É sempre um acto de justiça recordar que a obra, mesmo quando tem um rosto mais mediático, é fruto do trabalho de outros, que por serem anónimos, devem ser lembrados se não pelo nome pelo menos pelo resultado do seu empenho, pelas suas ideias e pela capacidade de as realizar.

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  3. Subscrevo.
    Esta prática de "culto de personalidade" mediático quase sempre traz "água no bico" da gaivota.

    Os meus parabéns às restantes personalidades, muito especialmente ao Caríssimo Dr. Tavares Moreira.

    E acrescento que, na minha opinião, a EXPO 98 deveu-se a todos os que contribuíram com o seu saber e TAMBÉM com o seu trabalho. E foram muitos os trabalhadores que por lá passaram, nacionais e estrangeiros.
    Alguns sofreram acidentes de trabalho muito graves, e estavam ligados através de vínculos muito obscuros às entidades para as quais trabalhavam.
    Gostaria de saber se todos os processos de indemnização por acidente de trabalho do qual resultou incapacidade permanente ou morte, na EXPO 98, já estão resolvidos, e os trabalhadores e respectivas famílias, devidamente ressarcidos.

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  4. Caro Dr. Pinho Cardão
    Muito oportuna e justa a sua intervenção, colocando as coisas, ou melhor, as pessoas, nos seus lugares!
    Muitos ilustres portugueses deveriam ser homenageados pela excelente obra. Um trabalho colectivo e intertemporal que deveria ser mais vezes lembrado pela prova da nossa excelente capacidade de liderança e de trabalho.

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  5. Sem prejuízo do elogio merecido a quem cumpriu a sua missão, é um bom sinal de um país quando se orgulha da realização da melhor exposição. Há sempre a hipótese muito provável de os outros não fazerem a melhor exposição porque acharam que tal coisa não merece. E estouc erto que todos nós encontraríamos dezenas de coisas mais importantes onde ocupar o caro Tavares Moreira que nesse monumento à oportunidade perdida.

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  6. Muito oportuno este post. Por mim, acho que foi uma ideia arrojada, que teve muitos críticos e opositores, mas só quem nunca vinha a esta zona oriental´de Lisboa é que pode desvalorizar esta magnifica cidade nova que aqui nasceu, no lugar de entulho, contentores, lixo e vadios.Merece bem a comemoração e a homenagem aos que para ela contribuiram.

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  7. O Dr. Tavares Moreira e o Eng.º Cardoso e Cunha merecem bem este post.
    Tal como alguns, não colunáveis desses e destes tempos, que, na sua medida e responsabilidades, execuram este projecto, simultaneamente, de festa e de reconversão urbana.
    No final ficou o aproveitamento político de alguns, que agora se arrogam de serem os seus maiores executores.
    Ficará sempre por explicar a razão dos louvores a uns e o esquecimento para outros.
    Gostaria de saber como é que a eminência, que o é, do Dr. Mega Ferreira justifica que, se fosse agora, exigiria do Estado mais dinheiro. Isto porque dinheiro foi coisa que nunca lhe faltou...

    Deixo as minhas lembranças:

    Maio, de doze o quinto
    Maio, mês dos milagres
    Maio maduro, que já foi tinto
    Cantado foi, cantado seja
    Seja no mês cinco
    Seja quando seja

    Maio de noventa e oito
    Ano que do vinho sabemos nada
    Ano dos oitenta ou inverso oito
    Embora para muitos saiba a nada

    Maio dos encontros, dos beijos
    Das paixões mais fortes
    Mês das uniões e das primeiras bagas
    Maio dos sonhos e dos desejos
    Como nos Oceanos as grandes vagas

    Maio dos amigos
    Dos companheiros
    Dos camaradas
    Dos vinhos antigos
    Dos novos marinheiros
    Das noitadas

    Maio dos Oceanos
    Essas grandes serras de mar
    Maio de muitos anos
    Sempre, sempre a labutar

    Maio das vaidades
    Dos mitos e realidades
    Todos confundidos, misturados
    Todos sós, separados

    Ontem como hoje
    Sempre amanhã assim será
    Eles comem tudo, eles levam tudo
    Não deixam nada do lado de cá

    Feira, fungágá, Exposição
    Mar, oceanos, património
    Quem se interessa, quem lhe deu a mão
    Quem são os seus anjos onde está o seu demónio ?

    Quem lembra o sonho, a miragem
    Quem tem razão nesta viagem
    Quem inventou a derrapagem
    A estátua, a má língua sem coragem

    Quem pensou em nós, que a fizemos
    Quem viu, quem disse quem somos,
    Quem lhes contou que a quisemos
    Quem anunciou o que sentimos, o que fomos


    98/05/10 (adaptado 30/12/98)

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  8. Caro JSJ:
    Boa!...
    Apareça mais vezes!...

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  9. Caro Pinho Cardão,

    Obrigado pela reparação, na parte que me toca.
    Devo confessar que me "arrepiou" o tratamento jornalístico - até da Radio Renascença, pasme-se - quanto à imputação dos méritos do projecto EXPO/98, aquando da recordação dos 10 anos do evento...
    Parece que o sucesso do projecto se ficou a dever a uma pessoa que, nem de longe nem de perto merece tal distinção.
    Não é por falta modéstia, mas devo dizer ao Pinho Cardão que a minha contribuição para o evento foi bastante limitada, cingindo-se à colaboração na definição e desenvolvimento de um "modelo de negócio", com o apoio da Roland Berger, e à montagem financeira na sua primeira fase.
    Deixei de exercer funções executivas na EXPO no final de 2004 por força da exigência de outras ocupações profissionais, tendo então passado para uma posição não executiva na qual me mantive até renunciar ao cargo em Fev/2007, juntamente com Cardoso e Cunha e Medina Carreira.
    O meu conhecimento do prejecto e do enorme esforço que foi preciso realizar para o por de pé permite-me testemunhar a importância decisiva de 3 Pessoas para esse deisderato: além do Presidente, já referido, os Engenheiros António Pinto e Wladimiro Ricardo.
    Ao nível do Conselho de Administração estes três Homens tiveram uma influência decisiva na realização da EXPO a tempo e horas e com o brilhantismo reconhecido.
    Sem eles, a EXPO não teria existido...sem T. Moreira e outros, a EXPO teria existido igualmente, ou talvez melhor...
    A forma de recordar o evento escolhida pela comunicação social é uma boa ilustração da mendicidade que vai grassando por aí...E depois, queixem-se de que tudo corre mal...

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