Às vezes penso como é bom viver em Portugal, ter nascido neste jardim à beira mal plantado e ter aqui as minhas raízes culturais e religiosas.
Apesar de todos os nossos problemas económicos e sociais, das nossas dificuldades em encontramos um rumo positivo para a nossa economia e de descobrirmos o caminho do progresso, apesar das desigualdades sociais que encontramos à nossa volta, da pobreza que nos rodeia, da injusta distribuição da riqueza que não temos, da persistência em cometermos os mesmos erros, da teimosia em nos queixarmos da nossa má sorte, da falta de ambição que nos caracteriza, apesar de tudo isto temos sorte em viver aqui, aqui em Portugal.
Envolvidos que estamos nas azáfamas e rotinas diárias e nas lutas do dia-a-dia, esquecemo-nos e tantas vezes não valorizamos que vivemos em liberdade, num país pacífico e de brandos costumes (pelo menos tem sido assim), feito de gente boa, hospitaleira, simpática e sonhadora, aquecidos por um sol radioso e banhados por um mar azul a perder de vista e na companhia de tantas outras coisas boas…
Quando penso nas vítimas das desgraças e tragédias naturais, nos crimes praticados contra a humanidade, na violação dos direitos humanos, na repressão e na violência dos regimes autoritários, na fome e na guerra que ceifam milhares de vidas humanas e nos radicalismos e fundamentalismos “religiosos” que reprimem e oprimem o ser humano, dou-me conta da sorte que tenho.
Bem nos podemos comparar com os nossos vizinhos europeus e ambicionar sermos iguais ou ainda melhores, mas raramente valorizamos as condições superiores de que dispomos e que verdadeiramente não aproveitamos quando ao olharmos mais longe além fronteiras deste velho continente europeu o que encontramos é uma miséria humana incapacitante.
Ao abrir ontem as páginas dos jornais chocou-me impressionantemente o relato da morte de uma rapariga iraquiana de 17 anos assassinada pelo pai por ter cometido o “pecado mortal” de se ter apaixonado por um soldado inglês. O pai matou-a com a ajuda dos filhos e afirmou que se soubesse no que a filha se transformaria a teria morto à nascença. Não bastando, na página ao lado, a notícia de uma rapariga do Curdistão apedrejada na praça pública até à morte por ter fugido com um árabe sunita não me deixou indiferente. E que dizer da junta militar toda poderosa que governa a Birmânia, ou melhor que se governa, que impediu sem dó nem piedade a ajuda humanitária internacional às dezenas de milhares de pessoas devastadas pelo ciclone “Nargis”, recusando-lhes o auxilio de que tanto precisam.
Perante tantas barbaridades, sou levada a reforçar a obrigação que temos, não se tratando apenas de um direito, de cuidar do nosso futuro, trabalhando com vontade de fazermos melhor. Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar a nossa liberdade, a nossa inteligência e os nossos recursos e gastarmos o tempo sem resultados.
Pode ser que olhando seriamente para aqueles que fazem mais e melhor e não esquecendo aqueles que pouco ou nada têm mas que vivem para sobreviver ganhemos ambição e força para vencermos!
Apesar de todos os nossos problemas económicos e sociais, das nossas dificuldades em encontramos um rumo positivo para a nossa economia e de descobrirmos o caminho do progresso, apesar das desigualdades sociais que encontramos à nossa volta, da pobreza que nos rodeia, da injusta distribuição da riqueza que não temos, da persistência em cometermos os mesmos erros, da teimosia em nos queixarmos da nossa má sorte, da falta de ambição que nos caracteriza, apesar de tudo isto temos sorte em viver aqui, aqui em Portugal.
Envolvidos que estamos nas azáfamas e rotinas diárias e nas lutas do dia-a-dia, esquecemo-nos e tantas vezes não valorizamos que vivemos em liberdade, num país pacífico e de brandos costumes (pelo menos tem sido assim), feito de gente boa, hospitaleira, simpática e sonhadora, aquecidos por um sol radioso e banhados por um mar azul a perder de vista e na companhia de tantas outras coisas boas…
Quando penso nas vítimas das desgraças e tragédias naturais, nos crimes praticados contra a humanidade, na violação dos direitos humanos, na repressão e na violência dos regimes autoritários, na fome e na guerra que ceifam milhares de vidas humanas e nos radicalismos e fundamentalismos “religiosos” que reprimem e oprimem o ser humano, dou-me conta da sorte que tenho.
Bem nos podemos comparar com os nossos vizinhos europeus e ambicionar sermos iguais ou ainda melhores, mas raramente valorizamos as condições superiores de que dispomos e que verdadeiramente não aproveitamos quando ao olharmos mais longe além fronteiras deste velho continente europeu o que encontramos é uma miséria humana incapacitante.
Ao abrir ontem as páginas dos jornais chocou-me impressionantemente o relato da morte de uma rapariga iraquiana de 17 anos assassinada pelo pai por ter cometido o “pecado mortal” de se ter apaixonado por um soldado inglês. O pai matou-a com a ajuda dos filhos e afirmou que se soubesse no que a filha se transformaria a teria morto à nascença. Não bastando, na página ao lado, a notícia de uma rapariga do Curdistão apedrejada na praça pública até à morte por ter fugido com um árabe sunita não me deixou indiferente. E que dizer da junta militar toda poderosa que governa a Birmânia, ou melhor que se governa, que impediu sem dó nem piedade a ajuda humanitária internacional às dezenas de milhares de pessoas devastadas pelo ciclone “Nargis”, recusando-lhes o auxilio de que tanto precisam.
Perante tantas barbaridades, sou levada a reforçar a obrigação que temos, não se tratando apenas de um direito, de cuidar do nosso futuro, trabalhando com vontade de fazermos melhor. Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar a nossa liberdade, a nossa inteligência e os nossos recursos e gastarmos o tempo sem resultados.
Pode ser que olhando seriamente para aqueles que fazem mais e melhor e não esquecendo aqueles que pouco ou nada têm mas que vivem para sobreviver ganhemos ambição e força para vencermos!
Drª Margarida Aguiar
ResponderEliminarGostei muito destas reflexões. Muito.
O privilégio consubstanciado naquilo de que usufruimos deve obrigar-nos a sermos melhores em lugar de nos acentuar o permanente carácter crítico e negativo. Lembro-me de um prefácio do "Admirável Mundo Novo", escrito na comemoração do 25º aniversário da sua primeira edição, em que o autor referia que "rebolar na lama não é a melhor forma de nos lavarmos". Concordo. E lembro-me de Popper quando dizia que ninguém é suficientemente sábio para poder ser intolerante.
Portanto, com regozijo pelo que temos (não nos caem bombas em casa, raramente nos raptam as crianças...), estamos em óptimas condições para construir um presente e futuro bons. Naturalmente que teremos sempre dias cinzentos. Mas porque deveremos tomá-los como regra?
Gosto do optimismo da Cara Dra. Margarida, logo pela manhã.
ResponderEliminarUma manhã fresca, mas com sol.
Muito do que afirma, é sem dúvida uma realidade. É verdade. Eu tb adoro Portugal. O NOSSO País.
Mas hoje estou naqueles dias, que consigo ver os nossos apedrejamentos, e que são outros, diferentes dos dos árabes, é certo.
Nem vou falar dos filhos que agridem os pais, dos maridos que agridem as mulheres, dos alunos que agridem os professores.
Sublinho APENAS aquele que me parece ser o PRINCIPAL problema do País. Um problema que gera a seguir muitos outros problemas. Muitos outros apedejamentos
Refiro-me ao DESEMPREGO !!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sabe o que é estar desempregada, Cara Dra. Margarida ?????
Sabe o que é ter filhos, ter tudo para pagar, não ter qualquer ajuda económica, não ter "conhecimentos influentes", e não saber COMO RESOLVER O PROBLEMA ?
O que está a fazer o nosso Governo para aquele GRUPO de pessoas (homens e mulheres) que têm mais de 40 anos, que já são "velhas" para trabalhar, mas que ainda são "novas" para se reformarem ?
Que programas de emprego para este GRUPO SOCIAL estão em acção ou para operacionalizar ?
De facto hoje está sol, em Portugal, mas em muitas casas de portugueses, esse sol não está a entrar.
Maldita lucidez, a minha.
Vou-me já embora.
Um Bom Dia para Si.
São característica naturais do ser humano, desejar o que não tem e estar bem onde não está, querer ir onde não vai. António Variações tomou esses "predicados" como tema de uma das suas imortais canções.
ResponderEliminarChamo-lhes perdicados, porque esses desejos incontidos, são afinal o motor que move a massa amorfa, acéfala, incaracterística, que é a sociedade.
Desejamos ser como os estranjeiros desenvolvidos, mas rejeitamos as suas regras sociais, éticas. intelectuais, cívicas. Desejamos o calor paradisíaco das ilhas tropicais, mas voltamos a tempo de esquiar nos alpes, desejamos possuir a riqueza dos países que registam um superior desenvolvimento económico, mas procuramos formas expeditas de evitar o trabalho. É minha convicção cara Margarida, que as nossas características-tipo, irão manter-nos eternamente neste limbo já apelidado de "nacional porreirísmo" que não nos deixa avançar, progredir humana e socialmente e nos impele para o facilitismo, o compadrio, a malícia, a intriga, a mentira, em suma, a inércia, coberta por uma capa de moralismo que até enjoa.
Se dúvidas houver acerca daquilo que constitui a minha opinião, convido (o duvidante) a assistir durante um dia, aos programas que os nossos canais de televisão exibem. Das novelas aos programas vazios de conteúdo, passando por horas a fio de uns outros, onde astrólogos, colunistas, apresentadores, convidados e um fulano que deseja ser uma fulana, mais uns outros que não sei se querem tambem ser fulanas, se empenham e empregam o tempo a comentar o facto de uma outra fulana que foi vista numa discoteca com outro fulano, mas que namora com outro fulano que é casado com outra fulana, da qual está a tentar divorciar-se, mas ela não quer o divorcio porque tem um filho pequeno e queixa-se que o fulano a agride e que por 3 vezes apresentou queixa no posto da GNR, onde foi acompanhada pela amiga que é actriz de telenovela e já participou como apresentadora de um programa televisivo e fez anuncios de produtos de beleza, que foi casada com um futebolista durante 5 horas, mas divorciaram-se porque no próprio dia do casamento, foi encontra-lo a beijar a mulher de um apresentador de televisão... UFAHHH!!!!
Como é que uma sociedade pode ser mentalmente sã e autónoma para decidir os seus destinos, se os principais orgãos de comunicação lhe injectam horas seguidas, uma droga anestesiante e embrutecedora?!
Caro Manuel
ResponderEliminarUm dos nossos problemas é precisamente lamentarmos os nossos problemas em vez de olharmos em frente e aprendermos com os nossos próprios erros e os dos outros!
Cara Pézinhos n Areia
É precisamente dos nossos "apedrejamentos" que temos de cuidar. Temos obrigação de fazer melhor. Temos condições que muitos outros povos gostariam de ter. É um crime não aproveitarmos as nossas capacidades e os nossos recursos.
Mas não é fazendo demagogia, fingindo não ver o óbvio, baixando os braços e não acreditando que podemos ser tão bons como os outros que sairemos da crise em que nos encontramos. O desemprego e as desigualdades sociais deveriam ser suficientemente importantes para nos obrigar a fazer melhor! Se não atacarmos os problemas, amanhã teremos dias mais difíceis, com um sol que embora bonito e radioso persistirá em não entrar, como diz a Cara Pézinhos n Areia, nas casas de muitos portugueses.
Caro Bartolomeu
Essas novelas "cor de rosa" são um cancro social! Continuo a pensar que temos que investir a sério na educação, ensinado e formando com qualidade mas também preparando as crianças e jovens para a vida num quadro de princípios cívicos e éticos que incentivem o "fazer bem" e a ideia de que nada se constrói sem entrega e sacrifício.
O "nacional porreirismo" tem que ser contrariado assumidamente. A educação tem aqui um papel fundamental, diria insubstituível. Infelizmente, continuamos muito interessados na estatística e em políticas do nivelamento por baixo...
De facto o que será a vida sem esperança??
ResponderEliminarEsperança de um amanhã diferente!
Subscrevo muito do que aqui foi dito e na realidade não me consigo incluir no grupo dos optimistas. Temos todas as condições para ter tudo mas temos tão pouco...
Sim, temos sol, não nos caem bombas em casa e raramente nos raptam as crianças... Mas perante as condições que se apresentam de insatisfação e desemprego irão aparecer mts problemas.
Onde está a raiz do problema não sei, talvez numa mentalidade que considero tacanha e mesquinha: "...rejeitamos as suas regras sociais, éticas. intelectuais, cívicas".
Somos bons trabalhadores pelo mundo fora porque não o somos em casa? Talvez porque não nos são dadas oportunidades, reconhecimento ou motivação??
Talvez um dia no futuro o sejamos, quando apostarmos realmealmente na educação, na formação civica e ética, quando tivermos uma nova geração de empresários que saiba utilizar os recursos humanos disponiveis.
Saudações
Caro sea spirit
ResponderEliminarA pergunta "Somos bons trabalhadores pelo mundo fora porque não o somos em casa?", que muito bem lembra, também a coloco muitas vezes.
Não somos menos inteligentes do que os outros e a prova está que somos excelentes trabalhadores, investigadores, professores e empresários lá fora. Esta é uma realidade que nos deve dar alento para nos esforçarmos no caminho certo. Podemos ser cá dentro tão bons como lá fora. Mas quando? Faço minhas as suas palavras "...quando apostarmos realmente na educação, na formação cívica e ética, quando tivermos uma nova geração de empresários que saiba utilizar os recursos humanos disponíveis.