quinta-feira, 19 de junho de 2008

Avestruz agoirenta: forte pio vem de Londres

Foi hoje anunciado que o Royal Bank of Scotland (RBS), integrado no Grupo Santander, está a alertar os seus clientes para um iminente “crash” nos mercados bolsistas e de crédito.
Segundo o Banco, o “crash” poderá ocorrer durante os próximos 3 meses, à medida que os bancos centrais vão ficando cada vez mais paralisados pelas subidas da taxa de inflação.
Ao ler esta notícia lembrei-me do honroso epíteto “ave agoirenta” que o actual e sem dúvida simpático Presidente da Assembleia da República me dispensou quando, no início da presente década, procurei alertar, com alguma insistência, para as tremendas implicações dos erros de política económica - então em fase de grande exuberância – sobre o desempenho futuro da economia portuguesa.
Imagino o que sua Excelência pensaria ou diria, se tivesse conhecimento desta catastrófica previsão do RBS...
Quem sabe se não criaria um novo epíteto, de “avestruz agoirenta”, para ilustrar a magna dimensão do agoiro...

14 comentários:

  1. Caro Tavares Moreira,

    Se for avestruz, e creio que é, não são muito credíveis os seus pios depois da desorientação que se tem observado nas suas corridas.

    Ainda recentemente o RBS anunciou perdas de cerca de 3 biliões de libras depois de, por se ter desorientado, ter caído nos braços de Botin.

    De qualquer modo, o RBS, se tivesse que dar recomendações e tomar precauções fazia-o muito privadamente, se acredita nas suas previsões. Senão serão outras as suas intenções.

    Salvo melhores opiniões.

    Que no RSB parece que continuam as confusões.

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  2. Caro Rui Fonseca,

    Então meu Amigo entende que o RBS não tem qualquer razão para este agoiro - e está certo disso?
    Diga-me que sim, para também eu ficar mais descansado...

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  3. Se fosse possível prever crash bolsistas, não seria no RBS.DE certeza. Mas se eu estivesse aflitinho de liquidez, garanto que arranjava 4 ou 5 crashes para os meus clientes e só este ano...

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  4. Caro Tonibler,

    Então também está seguro do erro de previsão - do indesculpável agoiro - do RBS?
    Se me disser que sim - aguardo ainda a confirmação do caro Rui Fonseca- então ficarei duplamente confortado!

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  5. Caro Tavares Moreira,

    Se estiver errado, estou solidariamente errado. Mas, para ser franco, não ligo a crashes, nem reais, nem previstos. Aquilo que invisto nunca penso que está ganho antes de o realizar e nunca penso num prazo para o realizar.

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  6. Anónimo16:35

    O Bank for International Settlements lançou identico aviso, mencionando que podemos estar a caminhar a passos largos para uma depressão não vista desde os anos 30. E, sinceramente, nada me indica que isso não irá acontecer e muito em breve, aliás. Está um ambiente estranho nos mercados, um misto de medo com esperança em que o optimismo dos esperançosos esbarra sempre contra uma parede mas ao mesmo tempo os esperançosos mantêm-se muito, muito prudentes e arriscam pouquissimo. Até o Forex anda com pouquissima liquidez. As bolsas não sei mas imagino que semelhantes.

    É realmente provavel que dentro de poucos dias assistamos a uma coisa a que às vezes chamo "fim do mundo ao pontapé" para ilustrar os efeitos e as ondas de choque destes crashes.

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  7. Tonibler,

    Meu ilustre Amigo deixa-me muito desconfortado...ao contrário do RBS que, com razão ou sem ela arrisca publicamente uma previsão bastante "pesada", já percebi que o Senhor e o Rui Fonseca preferem o refugio nas evasivas, passe a expressão...
    Apercebo-me de que também estão cheios de dúvidas, deitando por terra as minhas esperanças...
    Estou mesmo muito desconfortado.
    Mas é problema meu, com certeza!

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  8. Recordo-me tambem, caro Dr.Tavares Moreira, de um comentário do Bartolomeu no post de 28-02-08, intitulado "Taxas de juro:BCE poderá não baixar". Neste comentário, ele (o Bartolomeu) encontrava semelhanças entre os contornos da actual crise nas bolsas e na banca mundial e a crise dos anos 3o, que deu origem ao crash que veio a motivar a grande guerra.
    Comentou-o V. Exª deste modo:
    "Caro Bartolomeu,

    Não sejamos nefelibatas, na linha da Sedes.
    As suas preocupações são mais do que legítimas, mas não me parece que o cenário apocalíptico, nesta altura, constitua uma vereda de análise adequadamente realista...
    A não ser que meu amigo acredite na aplicação da fórmula de Fibonacci ao processo de degradação em curso..."
    Entretanto, parece-me que as nuvens baixaram consideravelmente e, salvando as devidas proporções, a pardalada está a sentir-se asfixiada com o tamanho do agoiro.

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  9. Caro Tavares Moreira,

    Eu não acredito no que diz o RBS nem deixo de acreditar.

    Acredito é que se o RBS estivesse tão certo do seu vaticínio não o diria abertamente a ninguém.Tirava o máximo proveito da sua certeza. É com relatórios que ganham a vida os analistas. Se os analistas tivessem a certeza do que afirmam não seriam analistas.

    Dito isto, quero dizer que não está garantido que não haja crash nem o contrário.

    E o RSB carece de idoneidade neste momento.

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  10. E se Israel terraplanar as instalações de desenvolvimento nuclear iranianas?
    .
    Vai ser o bom e o bonito!

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  11. Era um bem que faziam à humanidade, apesar dos Iranianos não deverem achar grande graça.

    Tirando isso, uma das piores coisas que um europeu pode achar é a ideia de que o que aconteceu não vai voltar acontecer.

    É normal.

    Só que toda a história europeia diz, exactamente, o contrário.

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  12. Caro Bartolomeu,

    Como se recordará, a análise da Sedes era de índole dominantemente social, apontando para a emergência de uma crise "de consequências imprevisíveis...".
    Era a este tipo de premonições que eu me referia quando editei os comentários que meu Amigo agora cita.
    Não tenho razões para alterar o que escrevi, apesar desta previsão "agoirenta" do RBS.
    Continuo a entender que apontar crises "de consequências imprevisíveis" não é propriamente o tipo de raciocínio que nos permita perceber o que se possa vir a passar.
    Nós estamos neste momento atravessando o pior momento desde que aderimos ao Euro - e na minha perspectiva a tendência vai ser de agravamento enquanto "nossos" dirigentes não perceberem quais são as verdadeiras implicações do regime económico em que estamos inseridos.
    Para se verificar que ainda não perceberam, basta atentar na insistência no Programão de Obras Públicas, que vai agravar notavelmente a nossa dependência financeira externa - que é já um travão poderosíssimo ao crescimento - em troca de projectos de rendibilidade mais do que duvidosa se não mesmo fortemente negativa...
    Esta crise poderá assim prolongar-se indefinidamente, colocando em causa a razão de ser da nossa participação no Euro.
    Este tipo de análises e de riscos eu sou capaz de entender.
    O que não consigo perceber é a natureza, substância e tempo/modo de realização das tais "crises sociais de consequências imprevisíveis..."

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  13. Concordo com a sua análise da imprevisão caro Dr. Tavares Moreira. As previsões agoirentas ou não, sujeitam-se sempre à imprevisibilidade das alterações conjunturais.
    Por outro lado, a compreensão e aceitação, ou a crítica a quem "vaticina" apoiado em factos que entende como obvios, ou em reflexões técnicas, assenta ainda e tambem em presupostos. Ou seja, tanto o visionário como o crítico, sentam-se igualmente no mesmo barco, só que em bordos opostos. O que acaba por se virificar normalmente, é que, sempre que a agitação marítima aumenta, vão ambos encontrar-se no centro, nuca sai nenhum pela borda fora.
    Lembra-me esta reflexão que quando
    Nicolau Copérnico declarou que a terra é redonda, bateram-lhe por todos os lados, culminando num monumental churrasco, organizado por uma comissão de festas existente na época, denominada Inquisição. Mais esperto foi o Galileu Galilei que confirmou o "achado" por observação, mas negou que a terra fosse redonda... para não se queimar.
    Como sempre, a história repete-se e apesar de ver a realidade, muitos preferem manter a mentira, com medo da fogueira.

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  14. Caro Rui Fonseca,

    Meu amigo desculpará que compare a sua última proclamção ao relógio Ómega - que não adianta nem atrasa, pelo menos goza dessa fama...
    Quando diz que não acredita nem deixa de acreditar, eu interrogo-me: em que ficamos a final?
    Bem sei que o Rui Fonseca não tem qq obrigação de responder nem de tomar posição - mas para quem começou por dirigir duríssimas farpas ao RBS, limitar-se agora a estas evasivas deixa-me a pensar que sempre tem algum (muito?) receio de que o "agoiro" possa mesmo vir a materializar-se.
    E quem está a seguir o comportamento dos mercados accionistas (e de crédito) nestes últimos dias, não pode deixar de estar inquieto...

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