sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Foguetes de que festa?


Segundo os números revelados pelo INE relativos ao 2º trimestre, a economia portuguesa cresceu 0,4 por cento neste período em comparação com o trimestre anterior. Os preços terão caído em Julho. A taxa de desemprego baixou 0,6 por cento.
O Ministro das Finanças apressou-se a dizer, com aquele ar grave e sério de quem sempre soube que assim iria ser, que estes números demonstram que Portugal resistiu à crise.
Fico estupefacto com estas reacções de júbilo do governo perante números que alguns explicarão por factores conjunturais. É sabido que os resultados das estatísticas deste período beneficiam quase sempre de circunstâncias como os saldos que influenciam o nível geral dos preços, ou o emprego estival, precário, que diminui a cifra do desemprego.
Conseguem ver aqui sinais de recuperação sustentável da economia? Sentem ou sentirão os portugueses no bolso e na qualidade da sua vida as melhorias que fazem rejubilar os governantes?
Sei bem que conceituados economistas vislumbram nos números divulgados o prenúncio de que o pior já passou e que daqui para a frente vai ser via verde, mesmo contra a corrente dominante das economias de que dependemos, em geral dos parceiros europeus e muito particularmente de Espanha onde se avoluma cada vez mais a preocupação sobre a evolução negativa da economia do país, designadamente em sectores próximos do governo do PSOE.
Não deixa, por isso mesmo, da perspectiva destes verdeiros oráculos ser de dificil entendimento, que não seja por razões de fé dos próprios.

Se não entendo o contentamento que os números de um trimestre provocam, devo dizer que ficarei muito satisfeito se os sacerdotes desta Igreja do Próximo Oásis estiverem certos nas suas optimistas prognoses. É que, com a desgraça e o empobrecimento do País ninguém ganha. Ou melhor, poucos ganham...

4 comentários:

  1. José Mário
    Dependemos muito da "boa saúde" das economias dos nossos parceiros europeus. A Alemanha, que está muito doente, é o coração da economia europeia. Por isso, esperemos que os remédios dos "médicos" alemães sejam rápidos e eficazes. O momento é de grande prudência e vigilância. Não há razões para deitarmos foguetes!

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  2. O desejo de V. Exa., é o mesmo, estou em crer, de todos os portugueses, que este país descole e avance. Mas tudo parece estar a complicar-se nos países de quem, infelizmente, tradicionalmente vamos a reboque...

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  3. Previsão Tonibler para o crescimento português para 2008 - 1,3% (para o desafio Tavares Moreira)

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  4. Disse no meu blog:
    O governo apresentou solenemente os resultados do INE para o crescimento do PIB, para a inflação e para o desemprego, salientando a melhoria e os aspectos positivos frente aos valores correspondentes da zona euro e da UE no seu conjunto. No entanto, as expressões graves dos ministros que tiveram a missão de anunciar estes bons resultados não correspondiam em absoluto com a bondade das notícias. Era de desconfiar. A primeira razão que me ocorreu para as caras tristonhas dos mensageiros das boas novas foi que se os nossos resultados eram momentaneamente melhores dos que os da Alemanha, da França (ambos negativos no que se refere à variação do PIB) e da Espanha, seria de esperar, acho eu que pouco percebo de economia, que aqueles piores resultados dos nossos principais clientes viessem a afectar a nossa economia nos trimestres seguintes. Continuo a pensar que esta razão é muito válida, principalmente depois de ter ouvido as opiniões de Helena Garrido e de Camilo Lourenço. Mas outra razão tornou-se evidente depois de lembrar, via Público que cita hoje resultados do INE e do Eurostat para as variações do PIB até ao 1.º trimestre, que nesse trimestre a zona euro cresceu 0,7% e Portugal -0,2%. Os resultados do 2.º trimestre agora conhecidos, embora em si positivos, não compensam, em comparação com os restantes do euro, os péssimos resultados do período anterior. Os ministros sabiam disso, mas por uma questão de enfatizarem apenas os aspectos positivos, calaram-no e sentiam-se comprometidos por essa omissão, talvez encomendada de cima.

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