terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O condicionamento industrial!...

Nas secretárias da burocracia amontoam-se milhares de pequenos projectos de investimento, centenas de médios projectos de investimento e dezenas de grandes projectos de investimento, muitos deles classificados por organismos do Estado como de interesse nacional. À espera de licenciamento e, muitos deles, à espera de que a corrupção os possa mover da pilha onde jazem.
Bastava que os organismos oficiais autorizassem, no tempo legalmente fixado ou, não o havendo, de forma expedita, aqueles projectos que iniludivelmente se conformam com a lei, para que houvesse uma dinamização do investimento privado e da actividade económica.
Admirável é, pois, que o Governo venha a dizer é obrigado a fazer investimento público, por falta de investimento privado, quando é ele, através dos organismos que tutela, que o impede.
Algum desse investimento pede apoios do Estado? Pois que, criteriosamente, lhos conceda, se se trata de projectos relevantes, fomentadores de produção, emprego, exportação ou substituição de importações. A sua rentabilidade para o país seria bem superior à de todos os TGVs do regime.
Assim, o Governo faz o mal e a caramunha. Condiciona o investimento privado e, depois, diz que tem que haver investimento público, porque falha o privado!...

5 comentários:

  1. Anónimo12:45

    Bem visto Drº PC.
    Estou com a sensação que a histeria do governo em lançar planos todos os dias, vai acabar mal. Ou então os referidos planos não são para implementar e ficamos apenas pelo alarmismo que os mesmos provocam na retracção do investimento privado. Só que este último tem maior dimensão e impacto no PIB do que o investimento público. Em suma, estará montado o processo que nos conduzirá à banca rota?!!

    Relativamente ao assunto especifico do seu post, tenho um exemplo concreto de uma pessoa que quer fazer uma pequena construção em Sintra. Tem as licenças habituais para o efeito, mas deparou-se com um novo regulamento para a remoção a vazadouro dos entulhos. Como a construção tem a demolição prévia de uma ruína é necessário instruir um processo de certificação de entulhos de tal forma complicado que andamos à 5 meses para tentar preencher os requisitos exigidos.
    Conclusão, nem a Câmara recebe o pagamento da licença e a renovação do parque habitacional, nem a construção fomenta a actividade, nem os bancos emprestam o dinheiro se for o caso. Ficam todos a perder.

    Temos assistido a processos caros de regulação das actividades, processos que, por vezes, são tão perfeitos que ninguém os consegue implementar. O governo que acabar, se possível, com as bactérias para que ninguém fique doente. É claro que morreremos todos antes da falta de comida.

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  2. "Nas secretárias da burocracia amontoam-se milhares de pequenos projectos de investimento, centenas de médios projectos de investimento e dezenas de grandes projectos de investimento, muitos deles classificados por organismos do Estado como de interesse nacional."

    Caro Pinho Cardão,

    Ora aqui está uma questão interessantíssima. Porque não divulgam as associações empresariais estes casos?

    Se uma construção a aguardar licenciamento tem indicada a data da solicitação e depois da aprovação porque não se faz o mesmo com os projectos industriais?

    O que é que impede que estas informações sejam divulgadas na parte que não fira os interesses de confidencialidade dos próprios directamente interessados?

    Afinal não temos investimento privado porque não há dinheiro ou porque não há dinheiro para pagar os interesses inconfessáveis dos funcionários incumbidos de apreciar os projectos?

    Do que falas é de corrupção, se bem entendo. Se é o caso, deveríamos falar mais alto, não?

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  3. Caro Rui Fonseca:

    Esta sua afirmação: "Afinal não temos investimento privado porque não há dinheiro ou porque não há dinheiro para pagar os interesses inconfessáveis dos funcionários incumbidos de apreciar os projectos?"

    é deveras consistente com tudo aquilo que por aqui tem defendido. Se o sistema não funciona, a culpa é do... funcionário. Espantoso!

    Portanto, pode-se concluir que, para si, a culpa da falência do BPN se deveu aos funcionários e não aos seus gestores...!

    Assim, caro Rui Fonseca, Portugal não terá qualquer hipótese de competir com povos que responsabilizam de forma clara os gestores.

    Mas isto é apenas a minha opinião.

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  4. Caro Fartinho de Quê,

    Não fui eu quem acusou os funcionários ou os chefes dos funcionários (que também são funcionários) mais os chefes dos chefes (idem aspas).

    Apenas comentei a afirmação do meu Amigo Pinho Cardão que transcrevo:

    "Nas secretárias da burocracia amontoam-se milhares de pequenos projectos de investimento, centenas de médios projectos de investimento e dezenas de grandes projectos de investimento, muitos deles classificados por organismos do Estado como de interesse nacional."

    Onde é que estão as secretárias da burocracia? Nos gabinetes dos funcionários ou dos políticos. Não sei. Mas em algum lado estarão, não?

    Quem é que está a emperrar a máquina? Se não são funcionários quem são?

    Mas se o incomoda o termo substitua-o pelo que lhe aprouver, se faz favor.

    Para mim é igual. Podemos até chamar-lhes empata projectos ou
    objectores remunerados. Chame-lhe o que quiser mas, pelos vistos, existem.

    E parece que cobram para se moverem.

    Foi isso que deduzi. E não me custa nada a crer que assim seja. A corrupção continua nesse país à rédea solta, segundo relatórios internacionais acerca da matéria.

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  5. Diz bem, caro Agitador, e com conhecimento directo de causa.
    Mas alguém com responsabilidades autárquicas se interessa por essas minudências?
    E, se se interessar, e procurar resolver, não é logo acusado de servir interesses obscuros?
    Estamos num verdeiro pântano!...
    Só novas caras, de gente honesta, intrépida, com ideias renovadas e sem medo pderão resolver o impasse em que nos encontramos.

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