Se "os cargos públicos são efémeros"...já "o carácter dos homens é duradouro...", pelo que "não são os cargos que definem a nossa personalidade , mas aquilo que somos em tudo aquilo que fazemos...".
"Nunca faltei à palavra dada e aos compromissos que assumi, em público ou em privado".
Cavaco Silva, Presidente da República, na tomada de posse do novo Governo.
Palavras oportunas e certeiras.
"Nunca faltei à palavra dada e aos compromissos que assumi, em público ou em privado".
Cavaco Silva, Presidente da República, na tomada de posse do novo Governo.
Palavras oportunas e certeiras.
Com a devida vénia:
ResponderEliminar«Se o Verão passado tivesse sido normal, ontem no Palácio da Ajuda teria havido um Presidente da República em plena posse da sua autoridade institucional e um governo minoritário a tomar posse sob vigilância presidencial. O chamado "caso das escutas" inverteu os papéis ao absurdo e transformou um delírio numa realidade: Cavaco Silva está agora efectivamente sob vigilância e quem o vigia já não são assessores governamentais que almoçam em mesas de onde os assessores presidenciais gostariam de os enxotar. É o país inteiro que agora segue os movimentos do Presidente e já lhe faz descer a popularidade nas sondagens, feito particularmente arrojado quando se fala de um cargo a que os portugueses dedicam complacência idêntica à que os regimes monárquicos concedem aos respectivos reis: Cavaco Silva, o mais feroz animal político do pós PREC, está ferido e isso ficou evidente na Ajuda, quando deu posse ao governo minoritário que supostamente vigia. Teve de justificar a sua "imparcialidade" e foi ao ponto de invocar o seu "carácter": "Não me movo por cálculos políticos. É a consciência que me interpela todos os dias no exercício das minhas funções. Os cargos públicos são efémeros, mas o carácter dos homens é duradouro." Enquanto Cavaco Silva continuar sob vigilância, a vida de Sócrates vai estar facilitada (...).»
Estas palavras são escritas pela insuspeita Ana Sá Lopes, no i-online, de hoje.
Subscrevendo também o que se contém neste excerto, seja-me lícito concluir que o "Tempo" de um discurso também pode ser o das "suas circunstâncias" para utilizar uma fórmula tão cara ao Dr.Pinho Cardão...
Caro António Transtagano:
ResponderEliminarNão é, creio, o discurso das "circunstâncias" de Cavaco; infelizmente, é o discurso das "circunstâncias" do país.
O que é bem pior.
Dr. Pinho Cardão (21:25)
ResponderEliminarÉ a sua leitura, respeitável. Tão respeitável como a minha!
Não é exactamente verdade. O PR comprometeu-se a respeitar a independência perante os portugueses e várias vezes violou esse compromisso, ao emitir opiniões a favor de um dos lados e, mesmo, a tomar posições oficiais em nome de alguns, contra outros. O caso da lei do casamento e o caso do referendo ao tratado dizem tudo. O máximo que fez foi uma ligeira independência face aos partidos e mesmo assim...
ResponderEliminarAgora, numa presidência bastante criticável, por vários motivos, e vão pegar pela escutas que não têm importância nenhuma enquanto facto (tem enquanto atitude), tenham dó de mim.
Boa tarde. Um dos grandes problemas do Ocidente é coisificar o pesamento, materializar a inteligência,levar à perda da interioridade.Por isso o valor de uma vida(de uma obra) é proporcional ao silêncio (ao cilic) que cria em nós.A tal aparição de que fala Vergílio Ferreira.Por isso, também, o subjectivismo nunca é universal. É por isso que as palavras ditas por Cavaco Silva pemanecem, porque são verdades objectivas que permanecem e tocam a interioridade, não são fogo de artifício que apenas tocam os olhos.
ResponderEliminarQuase um momento de misticismo oriental!
ResponderEliminarSim, as palavras permanecem porque foram escritas: "verba volant, scripta manet".
O que se pode pôr em causa não é a literalidade do que foi escrito mas a verdadeira "ratio" do que se escreveu.
A frase "É por isso que as palavras ditas por Cavaco Silva, porque são verdades objectivas (...) e tocam a interioridade" encerra em si mesma a mesma carga de subjectivismo que, afinal, continua a ser apanágio dos ocidentais!
Se bem percebo, nada de leituras distintas do texto literal.
Caso para Saramago dizer: até que enfim que a Bíblia pode ser interpretada à letra!