Há meses que ando a empreender a compra de um iPhone para substituir o meu já velhinho Nokia, cujos provectos 18 meses de idade remetem-no para uma obsolescência profunda e irreversível - pelo menos disso me tento convencer. Até à data, tenho conseguido rechaçar as investidas mais pungentes dos meus instintos consumistas, apelando a uma contenção que sei ser indispensável nestes tempos de crise. Mas não tem sido fácil, facto que, por si só, causa estranheza. É que, no meu caso pessoal, todas as características do iPhone são redundantes ou supérfluas, o que torna a aquisição de tão dispendioso equipamento uma decisão pouco racional; senão vejamos:
(i) o aparelho é grande - bastante maior que o Nokia que contemplo reformar;
(ii) o acesso em tempo real ao email é um atributo só verdadeiramente apreciado por selenitas, pois todas as outras criaturas dispõem de um PC em casa e outro no emprego;
(iii) o facto de ter incorporado um iPod – a mais sedutora das suas funcionalidades – permite-me ouvir música nos tempos livre, os quais, contudo, já são parcos e mais irão minguar com a escala da cegonha que temos agendada para Setembro.
Desta “análise” decorre que a ambição de possuir um iPhone não passa de uma diletância absurda - para mim, e desconfio que também para a generalidade das gentes. Tal conclusão, todavia, é violentamente negada pela realidade. Qualquer produto que a Apple lance no mercado torna-se num êxito instantâneo de vendas, independentemente de amiúde já existirem produtos semelhantes no mercado e da sua qualidade técnica, pelo que vou lendo na imprensa, não raramente comparar desfavoravelmente com a concorrência.
Mas então que raio é que a Apple vende? Será estatuto? Moda? Sentimento de pertença? Elegância do grafismo? Não sei o que vende, mas sei que quero comprar...tal como tantos outros milhões de pessoas. É esta iconoclastia da Apple, provocadoramente vertida num logotipo que retrata o fruto proibido já trincado (a consumação da tentação!), que justifica o sucesso comercial de qualquer coisa que o Sr. Jobs decida vender, bem como o facto desta companhia americana exalar lucros numa escala e com uma consistência quase únicas no panorama empresarial.
É muita fruta!
Eu suponho que com um Nokia 6310i (um aparelho com uns 10 anos) onde tenho um cartão e um Nokia 2720 (este realmente novo, mas básico, porque o anterior caiu no recipiente da água da minha cadela e achou por bem morrer...) onde tenho outro cartão seja considerado, por um lado, do cretácico, como mínimo, e por outro, um pobretanas que roça a indigência. Ahhh, e de recurso tenho um Nokia 6150 com seguramente mais de 10 anos.
ResponderEliminarOs telemoveis servem para fazer chamadas e mensagens instantâneas ou o objectivo é serem computadores de bolso que por mera casualidade também podem ser usados como telefone?
Grande e justificada perplexidade a sua, caro Brandão de Brito, essa de estar perante o facto de querer comprar exactamente aquilo que o vendedor oferece, mas o meu amigo não sabe o que é.
ResponderEliminarMas isso acaba por ser o dia a dia. Compra-se o que os outros nos vendem e nunca pensaríamos ter.
Quanto à boa nova do rebento, os meus parabéns!...Vai ver que lhe irá comprar o que nunca sonhou!...
Mas talvez evite o iPhone: por sorte ou habilidade, pode ser que nasça já com o aparelho incorporado!...
Se calhar, vou escrever uma enormidade, os meus amigos o dirão!
ResponderEliminarMas, se o software que equipa esse iPhone, vier da loja do Sôre Bill Gates, é de comprar. É uma forma de contribuir para o gesto absolutamente altruísta e humanitário, que o Senhor anunciou irá efectuar, oferecendo metade da sua fortuna, em benefício dos mais necessitados. E ainda, está a tentar convencer os restantes ricos do mundo a seguirem-lhe o gesto.
É nobre!
Caro Dr. Pinho Cardão,
ResponderEliminarMuito obtigado pelos seus votos. Irei concerteza comprar-lhe muita coisa, mas algumas "herdará" dos irmãos...que esta é a quarta criança.
Caros Zuricher e Bartolomeu,
Eu de tecnologia não percebo nada; este post tem que ser enquadrado na época em que estamos: a silly season. Concordo com a nobreza que atribui à atitute filantrópica do sôre Gates; mas não devemos esquecer que na América isso faz parte da cultura/tradição - atesta bem da importância da cultura de um povo.
Caro José Maria Brandão de Brito
ResponderEliminarHá já algum tempo que decidi não ir atrás das inovações tecnológicas dos iPhone e companhias, pela simples razão de que não consigo tirar partido das novas funcionalidades incorporadas. Tenho um Nokia mais ou menos decente para telefonemas e mensagens e de vez em quando uma ou outra fotografia para mais tarde recordar. E tenho outro Nokia com mais de dez anos, o meu preferido, que funciona como back up.
Claro que as marcas para continuarem a bater êxitos de venda precisam da criatividade como de "pão para a boca". É verdade que algumas inovações são autênticas revoluções a que ninguém resiste. Mas tudo o resto é, a bem dizer, perfeitamente dispensável. Mas o marketing vende e de que maneira!
Parabéns! A chegada da cegonha em Setembro é uma boa razão para não pensar mais em iPhones e fazer umas compras muito amorosas...
JMBB:
ResponderEliminar"provectos 18 meses"
O meu Nokia tem uns 12 anos ... and counting.
Caro Brandão de Brito:
ResponderEliminarEntão parabéns em quadruplicado.
Contribuintes assim tão líquidos para a propagação da espécie, aqui em Portugal, começam a ser uma raridade!...
Dispensável será
ResponderEliminarMas o IPhon é mesmo bom
Meu caro Brandão de Brito,
ResponderEliminarQuatro rebentos é hoje um sinal exterior de riqueza! Acautele-se, ou em coerência com a atitude fiscal deste governo ainda verá agravada a conta, não só do leite, das fraldas, do telemóvel, mas a que lhe apresenta as finanças ;)
Quanto ao iphone - como em relação à generalidade dos produtos Apple - recomendo que peça a alguém que o possua e não se importe de o emprestar (não será fácil encontrar) e experimente. Vai ver que se transforma como eu num convertido. É que a fama do produto não tem só a haver do brilho da marca ou da publicidade. É a qualidade que (também) vende.
Associo-me com muito gosto aos parabéns e aos votos de felicidades. É dos grandes momentos na vida.
Caro José Maria, muitos parabéns e que a cegonha chegue em boa hora com muita felicidade para a família. Acho que não deve resistir a esse impulso de comprar o iPhone, ao que me dizem,(porque não me tentam esses gadgets até porque nunca aprendo a trabalhar com eles) a Apple tem essa capacidade invulgar de seduzir,coisa que vai sendo uma raridade. Em geral compra-se e depois deita-se fora sem qualquer emoção, quando uma maquinazinha dessa é capaz de lhe ditar um post deste e andar a bailar-lhe na cabeça contra tudo o que é racional, acho que não deve mesmo resistir! Cá ficamos à espera de o ouvir contar novidades do novo brinquedo, enquanto o novo bebé não lhe tira o tempo para testar o iPhone!
ResponderEliminarEm 1°lugar convém não esquecer que um gadget que ao fim de um mês não tem sucesso, está morto e que o iphone4 tem um pecado original com a antena!
ResponderEliminarEm 2°lugar vale a pena lembrar Bernard Stiegler que, apesar de um pouco heterodoxo,lembra que o capitalismo conseguiu, através dos media, captar a atenção do homem e transformá-lo num ente subordinado aos diktats do marketing.
Em qualquer caso, o pecado não será mortal.
Muito obrigado a todos pelos simpáticos votos.
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