A rapariga holandesa de 14 anos Laura Dekker recebeu finalmente a ordem judicial que lhe vai permitir realizar o sonho de dar a volta ao mundo sozinha num barco à vela. Apesar da controvérsia, os serviços de protecção à criança, que desde o início se opuseram a que a jovem fizesse a viagem sozinha, viram agora preterida a sua posição, tendo o tribunal acabado por autorizar Laura Dekker a fazê-lo. Também os Pais não estiveram em sintonia, tinham opiniões diferentes. O Pai que sempre apoiou a filha, e que muito provavelmente a incentivou e lhe deu força para avançar, só mais tarde foi acompanhado pela Mãe que se opunha a esta aventura.
Não deixa de surpreender que uma jovem de 14 anos - estive quase a chamar-lhe criança - queira enfrentar um desafio tão exigente - que para a maioria dos mortais impõe muito respeito - e deixar para trás a satisfação e a necessidade do convívio familiar e dos amigos, aspectos que nestas idades estão particularmente presentes.
A volta ao mundo vai demorar cerca de dois anos (Setembro de 2012). Apesar de Laura Dekker se tornar a pessoa mais nova do mundo a conseguir uma tal faceta, se chegar ao fim, certo é que o Guinness Book e o conselho mundial da vela não vão, segundo as notícias, reconhecer o feito.
Este caso interroga-nos sobre quais os limites de liberdade que devem ser dados aos jovens, tendo em conta não apenas os aspectos do desenvolvimento psicológico e as questões de saúde, mas também a sua maturidade para enfrentarem as adversidades e ultrapassarem as contrariedades, percepcionando e antecipando problemas e agindo correctamente para lhes fazer frente.
O convívio da família e a sua inserção no espaço da escola são aspectos fundamentais para que os jovens assimilem princípios e valores e tomem conhecimento de realidades diversas. O seu desenvolvimento harmonioso e equilibrado implica que progressivamente possam traçar um caminho de vida num ambiente susceptível de lhes oferecer várias opções. O processo de socialização faz parte do crescimento dos jovens enquanto pessoas.
Talvez o facto de Laura Dekker velejar desde os 4 anos e ter navegado sozinha durante sete semanas quando tinha apenas 11 anos sejam factos que ajudaram o tribunal a ganhar a confiança necessária para autorizar a jovem a realizar sozinha a volta ao mundo, para além de alguns pré-requisitos que foram estabelecidos no sentido de garantir a sua segurança – por exemplo, aprendizagem de técnicas de sono e de navegação solitária.
Laura Dekker afirmou estar muito feliz e não ter medo. Está a caminho de Portugal, ponto de partida para o início da grande viagem que a vai levar a percorrer oceanos a perder de vista…
Não deixa de surpreender que uma jovem de 14 anos - estive quase a chamar-lhe criança - queira enfrentar um desafio tão exigente - que para a maioria dos mortais impõe muito respeito - e deixar para trás a satisfação e a necessidade do convívio familiar e dos amigos, aspectos que nestas idades estão particularmente presentes.
A volta ao mundo vai demorar cerca de dois anos (Setembro de 2012). Apesar de Laura Dekker se tornar a pessoa mais nova do mundo a conseguir uma tal faceta, se chegar ao fim, certo é que o Guinness Book e o conselho mundial da vela não vão, segundo as notícias, reconhecer o feito.
Este caso interroga-nos sobre quais os limites de liberdade que devem ser dados aos jovens, tendo em conta não apenas os aspectos do desenvolvimento psicológico e as questões de saúde, mas também a sua maturidade para enfrentarem as adversidades e ultrapassarem as contrariedades, percepcionando e antecipando problemas e agindo correctamente para lhes fazer frente.
O convívio da família e a sua inserção no espaço da escola são aspectos fundamentais para que os jovens assimilem princípios e valores e tomem conhecimento de realidades diversas. O seu desenvolvimento harmonioso e equilibrado implica que progressivamente possam traçar um caminho de vida num ambiente susceptível de lhes oferecer várias opções. O processo de socialização faz parte do crescimento dos jovens enquanto pessoas.
Talvez o facto de Laura Dekker velejar desde os 4 anos e ter navegado sozinha durante sete semanas quando tinha apenas 11 anos sejam factos que ajudaram o tribunal a ganhar a confiança necessária para autorizar a jovem a realizar sozinha a volta ao mundo, para além de alguns pré-requisitos que foram estabelecidos no sentido de garantir a sua segurança – por exemplo, aprendizagem de técnicas de sono e de navegação solitária.
Laura Dekker afirmou estar muito feliz e não ter medo. Está a caminho de Portugal, ponto de partida para o início da grande viagem que a vai levar a percorrer oceanos a perder de vista…
À três meses atrás a australiana Jessica Watson de 16 anos circum-navegou o mundo e julgo que maturidade não lhe faltou para dizer à chegada «(…) actually I’m going to disagree with what our Prime Minister just said… I don’t consider myself an hero, I’m an ordinary girl who believed in her dream. You don’t have to be someone special or anything special to achieve something amazing. You just got to have dream, believe in it and work hard.»
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=TN-OVocSm4E
Não sei porquê, vejo qualquer coisa de errado nesta iniciativa. Devo ser dada a opiniões retrógradas ocasionalmente ou são os meus instintos maternais que não me deixam ver a notícia com objectividade. Sou a favor que se proporcione às crianças bases sólidas para o seu desenvolvimento físico, espiritual, emocional, intelectual de forma a serem autónomas, aptas a tomarem decisões por si próprias e serem responsáveis por essas mesmas decisões e quaisquer consequências delas derivadas e tudo o mais. Tudo o que está escrito nos livros e que o bom senso indica. E embora esta menina, pois de “menina” se trata, esteja numa fase de maturidade muito além dos seus semelhantes da mesma faixa etária e tenha ao seu dispôr todo o apoio que se possa imaginar para tal façanha, não deixa de ser uma menina de 14 anos, demasiado jovem para uma aventura desta natureza com tantos perigos por esses mares fora.
ResponderEliminarSe algo correr mal – oxalá que não – haverá todas estas equipas de salvamento que estarão prontas para a socorrer e muitos milhões de euros ou dólares que facilitarão o resgaste. Espero, sinceramente, que isso não seja necessário.
Os disursos "à chegada" podem ser substancialmente diferentes, dos discursos "à partida" e ainda, dos discursos "à durante", caro Textículos.
ResponderEliminarPara quem nunca experienciou velejar em alto mar durante vários dias seguidos, sem terra à vista e com mau tempo, não faz a mais pálida ideia daquilo a que as miudas se propuseram fazer, na esperança de cumprir o seu sonho pessoal.
É certo que a naveção actual, tem menos a ver com a dos meus tempos de velejador. Desde a construção dos barcos, das palamentas que os compõem (palamentas, são os assessórios), aos meios de comunicação e aparelhagens de navegação, é necessário que o navegador solitário possua, para além de elevados conhecimentos de navegação que incluem cálculo de rotas, conhecimento de ventos e marés, capacidade de previsão atmosférica, conhecimento de leitura de cartas marítimas, etc. fundamentalmente, uma capacidade ilimitada de auto-domínio, de profundo conhecimento de si mesmo e, de domínio e controlo das emoções.
Recordo-me de um dia, ter saído sózinho para alto mar, até deixar de avistar terra, por volta do meio dia, aproximou-se um banco de nevoeiro, acompanhado de uma completa calmaria. Navegava sem qualquer aparelho de orientação e não me preocupei com o nevoeiro, que em menos de uma hora se transformou numa cortina tão expessa que não me permitia ver a superfície da água a uma distância superior a 3 ou 4 metros. A princípio a sensação é de uma imensa calma, algo transcendental, algo que nos transmite uma paz interior suprema.
Porém o tempo foi passando e o nevoeiro manteve-se, não me permitindo fazer a mínima ideia da posição em que me encontrava. Por volta das 20 horas, o nevoeiro começou a levantar e o vento a soprar, permitindo-me ver a posição do sol e determinar o rumo que deveria tomar, para voltar a alcançar terra. Naveguei durante 4 horas, até conseguir vislumbrar uma fina linha luminosa no horizonte. Encontrava-me em frente a Sesimbra, onde cheguei outras 3 horas depois.
Não chegou a ser uma aventura, mas foi uma lição que confirmou o velho ditado popular "antes de saíres para o mar, avia-te em terra"
Desejo os maiores sucessos à miúda Laura Dekker!
Cara M.C.Aguiar
ResponderEliminarO desenvolvimento económico que permitiu o aumento da longevidade, tem como consequência o "atraso" na emancipação dos jovens.
Frequentemente esquecemo-nos que, há bem pouco mais de cinquenta anos, a idade legal mínima para casar era de 12 anos para a mulher e 16 para o homem.
Como refere Bartolomeu, a viagem é uma prova de "stamina", um repto pessoal intransmissível; os acessórios modernos tornaram menos imprevisível mas não menos perigosa.
Pessoalmente só posso desejar sorte a Laura Dekker, ilustre membro da comunidade marítima e registar a pequeníssima "pontinha" de inveja, por não poder, ainda, fazer a mesma viagem.
Que os ventos e as correntes sejam favoráveis..
Cumprimentos
João
havia-me esquecido de colocar o som... porque a vida sem sonhos, viágens e sem melodia, torna-se uma monotonia.
ResponderEliminarpenso eu, de que...
http://www.youtube.com/watch?v=YJDldeuZyZE
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarJá tinha dado pela falta!
Boa surpresa, não ouvia a Jaon Baez em Sailing há muito tempo.
É uma grande aventura, compreendo bem este dilema entre dar-lhe a liberdade de fazer o que tanto deseja e se julga capaz e o impulso de a proteger dos perigos que terá que enfrentar sozinha. Mas hoje é difícil aceitar uma regra absoluta, há jovens com 20 que são crianças e há outras com 14 que já são adultas, depende muito da educação e das oportunidades que tiveram de se afirmar e de fazer com que os outros confiem nelas. Tal como o caro João desejo que tudo se cumpra com muita sorte e muito sucesso mas acho que não vou seguir a viagem porque não aguento o suspense, espero vir depois a saber que foi fantástica e que a garota tinha razão.
ResponderEliminarCara Drª Margarida, fico satisfeitíssimo por saber que a escolha musical, lhe agradou.
ResponderEliminarQuero acrescentar ainda duas reflexões acerca do assunto do post.
Em minha opinião, a questão da maturidade, neste caso, é tão importante, como a "bagagem" técnica e prática que a jovem Laura tenha já acumulada. Mas, a substancial preocupação, ou o maior risco, que transcende largamente todos os conhecimentos e toda a maturidade que a menina possua, é o imprevisto, o imponderável... é que estamos a avaliar uma viajem de circum-navegação, numa casquinha de noz, toda "artilhada" é certo, mas imensamente frágil, perante a furia dos elementos. Ninguem imagina, por exemplo, o que pode causar um "monte de mar" que abata subitamente sobre o pequeno barco, e isso é um de inúmeros outros imponderáveis.
A outra reflexão, tem a ver com a objectividade da viágem. Assim por alto e "à ligeira", podemos arrolar uma quantidade provável de motivos, por exemplo; testar as suas capacidades, conhecer os seus limites, tentar bater anteriores record's, demonstrar que possui conhecimentos e corágem acima da média, tornar-se famosa, ou... atracção pelo desconhecido e pela aventura.
Não faço a mínima ideia se os pais e os tribunais, tiveram possibilidade de identificar alguma destas , ou outras motivações.
Seja como for, é uma decisão muito corajosa, que merece, no mínimo o respeito que lhe é devido.
Caros Comentadores
ResponderEliminarEste é um daqueles casos que tem qualquer coisa que não faz dele um caso normal.
É um daqueles casos em que se acabar bem toda gente vai bater palmas, a menina vai ser condecorada, o tribunal actuou bem e a comissão de protecção de crianças não tinha razão e os Pais fizeram o melhor que deviam pela filha. Mas se as coisas correrem mal - basta que a menina tenha que ser resgatada e portanto não consiga concluir a volta ao mundo -vai ser tudo ao contrário, mas os Pais continuarão a achar que fizeram o melhor pela sua filha. Desejo, sinceramente, que corra tudo bem, mesmo que a Laura Dekker não chegue ao fim!
Estimada Drª. Margarida:
ResponderEliminarChego um pouco tarde a esta caixa de comentários, mas ainda assim não resisto a deixar aqui uma ou outra observação.
A semana passada, dia 5 de Agosto, encontrado-me eu aqui em Kyushu, sul do Japão, tive a oportunidade de visitar o nosso Navio-Escola 'Sagres' em visita ao velho porto de Nagasaki e trocar algumas impressões com quem já está no mar há quase 8 meses.
Em amena cavaqueira com alguns oficiais e marujos a bordo, não é difícil perceber o quanto custa empreender uma viajem de circum-navegação e manter, nas mais severas circunstâncias, a presença de espírito necessária para cumprir com as responsabilidades inerentes à missão e levar a nau a bom porto.
Não conheço o plano de percurso da jovem que faz a notícia, mas lembro-vos que, mesmo com mar calmo, bom tempo e bom vento, para uma embarcação com as características da N.R.P. 'Sagres', só do Hawai ao Japão são 20 dias seguidos só a ver mar, mar, mar, mar e mais mar...
Ouvi de alguém a bordo da Sagres qualquer coisa como 'dá cabo dos nervos' só a respeito deste 'breve' trecho da viagem, fora o muito de assustador que há reportar sobre muitos outros troços da mesma e da angústia dos dias passados em alto mar — e estamos a falar de uma viajem numa embarcação de grande porte e com uma tripulação adulta, numerosa, experiente e profissional.
Esta viagem da menina Laura Dekker mais não me parece que uma pura e desconsertante irresponsabilidade por parte de quem tinha o dever de dar o exemplo e velar pela segurança da menor.
Mas, enfim, se a garota vai mesmo avante com este disparate e fá-lo com a benção do paizinho, só lhe desejo as maiores felicidades e que Deus a traga sempre a bom porto.
Meus mais amigáveis cumprimentos,
do Japão,
Luís F. Afonso, NBJ
Caro Luís F. Afonso
ResponderEliminarSeja muito bem vindo, ainda por cima do outro lado do mundo. Tão longe, mas afinal tão perto. É sempre uma satisfação encontrar portugueses além fronteiras.
É empolgante visitar o Navio-Escola Sagres. Também conheço levemente o Japão, mas quando aí estive não tive a sorte nem o privilégio de o visitar.
A sua observação vem reforçar a sensação que muitos aqui expressaram da dificuldade de uma garota de 14 anos fazer sozinha uma viagem em condições que serão extremamente adversas.
Ao contrário da tripulação do Sagres, esta garota vai fazer a viagem sozinha, numa pequena embarcação.
Ainda que Laura Dekker tenha uma grande vocação para velejar e já tenha coleccionado muitas milhas, será realmente um feito - podemos imaginar com que dificuldades e impactos na sua saúde física e psicológica - que consiga fazer a volta ao mundo.
Resta-nos desejar que regresse do mar sã e salva. Que Deus a proteja!