sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A farsa e os farsantes

De Janeiro a Julho, a dívida pública directa do Estado aumentou 13,5 mil milhões de euros!
E passou de 132,7 mil milhões de euros, em 31 de Dezembro passado, para 146,2 mil milhões, em 31 de Julho de 2010 (dados do Instituto de Gestão do Crédito Público).
Ainda este ano, a dívida ultrapassará os 90% do PIB (80% em 2009). Não incluindo a dívida das empresas de transportes deficitárias, dos hospitais-empresa, das parcerias público-privadas, etc, etc, que o Estado inevitavelmente será chamado a pagar.
O Governo pode ir enganando com a redução do défice e da despesa. Mas os reflexos na evolução da tesouraria e da dívida pública não enganam quanto à grande farsa que a propalada consolidação orçamental do governo constitui.
Em 7 meses, mais 13, 5 mil milhões de euros, valor equivalente ao défice orçamental previsto para 31 de Dezembro!...
Há farsas que dão inevitavelmente em tragédia. Acontece que os farsantes vão enganando o público e normalmente safam-se a tempo.

5 comentários:

  1. Caro dr. Pinho Cardão,

    Se acrescentarmos ao assustador quadro que descreve que, e apesar de uma estranhíssima evolução dos "juros e outros encargos", o saldo corrente da execução orçamental referente ao período de Janeiro a Julho apresentar um agravamento de 5.7% face ao mesmo perído de 2009 e, sobretudo, o saldo primário se ter agravado de 604 milhões de contos (+11.5%), as perspectivas são tenebrosas.

    Isto vai acabar (mesmo) mal.

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  2. Caro Eduardo F:

    Estava neste momento à procura dos dados oficiais que referiu para um post.
    O mais dramático disto tudo é que o Governo, sem qualquer consideração pelos portugueses, diz que tudo vai bem!...

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  3. Caro Pinho Cardãu,

    Boa malha!
    Se esta tendência de crescimento da dívida pública se mantiver, chegaremos ao final do ano com um aumento da ordem dos 11 a 12% do PIB...
    Em tal circunstância, um défice público de 7,3% do PIB - ou seja aquele que tem sido apontado como objectivo - só poderá ser o resultado de uma formidavel manipulação de resultados...
    Vamos a ver o que o futuro nos reserva e qual será a postura do Eurostat...

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  4. O mais tardar lá para Outubro teremos umas viagens do engº a Paris ou Bruxelas e umas discretas visitas de gente do BCE, com declarações de "preocupação" e "solidariedade" bem como "confiança" no governo português.
    Nos bastidores o Orçamento de Estado irá ser feito em Bruxelas e toda a gente cheia de "patriotismo" se calará.
    Cavaco será reeleito em Janeiro e a crise que vai abalar o regime vai estalar em 2011.

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  5. Ora cá está um previsor - ricardo - com um apurado sentido da realidade, conhecimento do teatro político e cuja prognose não estará, por isso, muito afastada da factualidade próxima-futura...

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