O que nos deve preocupar, também, nos resultados da execução orçamental é a sua tradução na degradação do bem-estar de muitos portugueses, naquilo que é o acesso a bens e serviços essenciais que o Estado não cuida de garantir. Para cá e para lá dos números e do sobe e desce das contas estão pessoas e as pessoas.
A vida política ganhou, não por acaso, um tal grau de mecanização numérica que a avaliação dos resultados esquece e menoriza a sua tradução concreta na vida de pessoas. Por uns minutos lembremos o significado dos números:
- São os doentes que não têm dinheiro para adquirir os medicamentos prescritos ou recorrem ao crédito para puderem tratar os seus problemas de saúde;
- São os doentes que não têm dinheiro para se deslocarem aos hospitais ou centros de saúde para fazerem tratamentos médicos necessários porque lhes é incomportável o custo do transporte em ambulância ou outro alternativo;
- São os estudantes universitários que não têm dinheiro para continuarem a estudar porque perderam ou viram reduzidas as bolsas da acção social escolar;
- São os desempregados que procuram emprego e querem trabalhar que perderam o direito ao subsídio de desemprego ou a ele nunca tiveram direito.
E a lista não fica por aqui, mas é suficiente para nos envergonharmos com um Estado Social que de social já pouco tem, quando não é capaz de apoiar condignamente as pessoas pobres e com rendimentos baixos, com vulnerabilidades várias. Para que nos serve um Estado Social assim?
A vida política ganhou, não por acaso, um tal grau de mecanização numérica que a avaliação dos resultados esquece e menoriza a sua tradução concreta na vida de pessoas. Por uns minutos lembremos o significado dos números:
- São os doentes que não têm dinheiro para adquirir os medicamentos prescritos ou recorrem ao crédito para puderem tratar os seus problemas de saúde;
- São os doentes que não têm dinheiro para se deslocarem aos hospitais ou centros de saúde para fazerem tratamentos médicos necessários porque lhes é incomportável o custo do transporte em ambulância ou outro alternativo;
- São os estudantes universitários que não têm dinheiro para continuarem a estudar porque perderam ou viram reduzidas as bolsas da acção social escolar;
- São os desempregados que procuram emprego e querem trabalhar que perderam o direito ao subsídio de desemprego ou a ele nunca tiveram direito.
E a lista não fica por aqui, mas é suficiente para nos envergonharmos com um Estado Social que de social já pouco tem, quando não é capaz de apoiar condignamente as pessoas pobres e com rendimentos baixos, com vulnerabilidades várias. Para que nos serve um Estado Social assim?
Sim, cara Margarida, mas isso são coisas menores do país e que só dizem respeito aos portugueses de segunda. No que diz respeito ao estado, podemos dizer que aqueles que dele vivem, vivem cada vez melhor. E isso é que interessa na política. Afinal, o estado somos todos nós e desde que o estado viva bem...
ResponderEliminarEu, simpatizo com o "Estado Social"!
ResponderEliminarUm Estado Social equilibrado e justo.
Mas, existindo na nossa sociedade, como exite, uma tão grande diversidade de problemas e de utentes deste Estado Social, torna-se imperativo uma filtragem das situações que deverão ser apoiadas pelo Estado Social.
Chocam-nos muitas situações que nos chegam diáriamente ao conhecimento, através dos noticiários, sobretudo aquelas em que estão envolvidos crianças e idosos. Fazem-nos questionar que raio de sociedade é esta em que vivemos, onde os políticos que nos governam, fazem vista-grossa a uma quantidade de problemas sociais que nos envergonham, sendo o nosso um país europeu, evoluido, democrático e, republicano.
As amplas democracias, são provávelmente o alibi de muitos decisores demagógicos e incapazes, para que as dificuldades se agravem dia para dia. Não faço a menor ideia de como é que um político com responsabilidades em matérias sociais e de saúde, consegue dormir, após assistir no telejornal da noite a notícias que trazem a claro a miséria em que muitos dos nossos con-cidadãos vivem.
Dirme-hão que não é fácil apurar a realidade das necessidades de muitos que recorrem à assistência social. Acredito que sim, afinal somos um povo com muita apetência para a patranha, a choraminguice e a vigarice mas, cum raio... ha poligrafos à venda no mercado!
Portugal é um país verdadeiramente paradoxal, de tal modo que socialismo e liberalismo feroz convivem alegremente.
ResponderEliminarEste socialismo de nova geração ultraliberal protagonizado por Sócrates reflecte a sandice de quem pensava que era pelo betão que lá íamos. És então agora socialista? Então és pelo monopólio privado da Galp, da Edp, pelos lucros não colectados da banca, pelo fim do apoio a bolsas de estudo, pelas licenciaturas a 900€, os mestrados a 3000€, pelo fim do abono de família, pela triplicação em caso de atraso do pagamento da água, pelas taxas moderadoras do SNS a 10€, pela castração química dos violadores, pelas experiências com Teasers em detidos, pela manutenção dos salários astronómicos dos gestores públicos, pelos TGV's com 25 utentes diários para Madrid, pelo deserto do sul do Tejo, pela hipocrisia política, pelo cinismo, pela falta de respeito com o contribuinte, pelo esbulho total do contribuinte... enfim, sim, se tens todos estas virtudes, então podes dizer que és um VERDADEIRO SOCIALISTA!
Ah, e há acima de tudo, uma geração, a minha, que segundo eles os de outras...
ResponderEliminar«Há uma geração que se abotoou com tudo, não larga, e só inventou perversões, avaliações, restrições, para condicionar as seguintes.
Se largar alguma coisa, há-de ser para os seus apadrinhados e descendentes..»
Quando me passeio pelos serviços públicos ou pelos bancos, vejo sempre gente nova e pergunto-me: se há tudo esta gente nova como não há concursos de ingresso?
«Há uma geração que se abotoou com tudo, não larga, e só inventou perversões, avaliações, restrições, para condicionar as seguintes.
Se largar alguma coisa, há-de ser para os seus apadrinhados e descendentes..»
Lá vai mais uma jovenzinha precoce, pela certa ainda estudante, saída de sua casa em brilhante BMW. E, ao lado, a filha da empregada a quem lhe tiraram a bolsa que lhe permitiria estudar!
«Há uma geração que se abotoou com tudo, não larga, e só inventou perversões, avaliações, restrições, para condicionar as seguintes.
Se largar alguma coisa, há-de ser para os seus apadrinhados e descendentes..»
Caro Tonibler
ResponderEliminarO que interessa na política é servir o bem comum e o interesse colectivo. Quem cria riqueza não é o Estado, são as pessoas e as empresas. Precisamos de um Estado mais pequeno e menos gastador e de uma economia que não ande pendurada no Estado. Se não formos capazes de fazer esta mudança, continuaremos a empobrecer, a pagar mais impostos, e o Estado não terá recursos para atender aos mais necessitados, àqueles que realmente necessitam de apoio.
Caro Bartolomeu
Eu defendo o Estado Social, mas não o que temos, incapaz de apoiar quem realmente precisa. A despesa pública total já absorve metade da riqueza nacional e a despesa de funcionamento está próxima de 45% do PIB. Não aceito um Estado grande de mais, improdutivo, que vive acima das suas possibilidades, que gasta mais do que produz, que sufoca a economia e que vive à custa do nosso trabalho. Um Estado assim terá cada vez menos capacidade para cumprir bem as suas funções, entre as quais as funções sociais.
O Caro Bartolomeu tem razão quando diz que somos um povo com muita apetência para a "choraminguice". Eu diria que está instalado um clima de facilitismo, em que os cidadãos estão habituados a olhar para o Estado como a solução para todos os problemas. Já todos percebemos que não pode ser assim, mas a resistência é grande. Faltam os bons exemplos, a começar pelo emagrecimento do Estado. O Estado deve garantir igualdade de oportunidades a todos, mas não deve ajudar quem não quer trabalhar e quer viver à custa dos subsídios pagos com os impostos dos outros.
Caro P.A.S.
Excelente retrato. O seu comentário também nos deveria fazer reflectir sobre a solidariedade (ou a falta dela) intrageracional e intergeracional. Portugal está-se a tornar, cada vez mais, um país a duas velocidades: a dos que estão "in" e a dos que estão "out", dos que têm direitos adquiridos e dos que foram alimentados com falsas expectativas. Quanto mais novas são as gerações mais nítida surge esta segmentação. Também aqui o Estado falhou, ao ter descurado a dimensão ética da solidariedade entre gerações, do equilíbrio de direitos e deveres entre gerações.