Em Janeiro passado o INE anunciou que iria alterar a metodologia de elaboração do “Inquérito ao Emprego” a partir do primeiro trimestre de 2011. Fê-lo de forma desajeitada, sem assegurar devidamente a comparabilidade entre o passado e o futuro.
Recordo-me bem o aproveitamento político que então foi feito, com todos os Partidos da Oposi-ção a reclamarem porque, supostamente, a alteração metodológica iria “beneficiar o Governo”, não só pela interrupção da série estatística, mas porque o número de desempregados – e a taxa de desemprego – poderia diminuir. O quê?... Disse “todos os Partidos da Oposição”?... Não, não é verdade: o PSD, por meu intermédio, não reagiu neste tom. Recordo-me de ter, então, referido, que apesar de ter havido pouco cuidado na forma de comunicação do INE, alterações meto-dológicas em métodos de recolha de dados estatísticos eram habituais de tempos a tempos, acompanhando o progresso e a investigação – como era manifestamente o caso.
Soube-se hoje que a taxa de desemprego do primeiro trimestre de 2011 foi de 12.4% da popula-ção activa, um (triste) record histórico a que corresponde o também nível record de 689 mil desempregados. Sucede que, com a anterior metodologia, a taxa ter-se-ia situado em 11.4% e o número de desempregados em 633 mil (ambos os registos record). Logo, se estes dados foram desfavoráveis para alguém, foi para… o Governo!... Ao mesmo tempo que, por mais desajeitada que tenha sido a comunicação feita pelo INE na altura, a entidade estatística nacional estava, apenas, a fazer o seu trabalho. De forma séria – como, aliás, lhe compete.
Prova-se, assim, que atitudes politiqueiras e jogos meramente tácticos aproveitam muito pouco a quem os produz. E se da parte do BE (mais) e do PCP (menos) é frequente assistirmos a manobras deste género, já causa mais espanto a postura do CDS, que afinou pelo mesmo diapasão. Sendo que antes deste assunto, e depois dele, manteve a mesma atitude em várias outras matérias.
Por mim, só posso estar satisfeito pela posição que, na altura, o PSD tomou. E por ter sido eu a dar-lhe visibilidade.
Creio que todos teríamos a ganhar se as forças partidárias, que – pelo menos em teoria – deviam constituir um exemplo e uma referência para toda a sociedade apreendessem com casos como este – e deixassem de apostar em atitudes e comportamentos que eu, pelo menos, tenho muita dificuldade em perceber por que são, muitas vezes, adoptados.
Muito bem!
ResponderEliminarConcordando, e acrescentando, para mais deve perceber-se aquilo que se perde. A taxa de desemprego é uma "posição", um saldo, um stock. Quando eu mudo de metodologia no apuramento de uma métrica deste tipo eu estou apenas a perder um ponto porque aquilo que interessa no fim do dia é a derivada no tempo dessa métrica, i.e., a variação, que só não faz sentido no dia da mudança.
Isto seria uma coisa que os professores de economia deste país deveriam aprender, principalmente aqueles que aparecem na televisão a comparar a taxa de juro dos empréstimos com o crescimento do PIB. O primeiro é a primeira derivada e o segundo é a segunda derivada, i.e., não são comparáveis. Mas como até o presidente do ISEG vem mandar essa asneira para a rua...
Quando o PSD for para o governo quero ver como é... São só verdades...e a realidade vem pintada de cor-de-rosa...que é uma cor que não tem culpa nenhuma
ResponderEliminarMas alguém acredita nisto??? Somos "tonhós"? Mas algum politico diz a verdade? onde estão eles? Só contaram para você? Ele há cada um...vocês os politicos gozam com a nossa inteligência ou melhor com a falta dela, pois se fossemos inteligentes não iamos votar em vocês.
É o nosso fado.
Evidentemente, caro Tonibler!...
ResponderEliminarCara Margarida, confesso que - certamente por falha minha - nao percebi o seu ponto. Nem a sua relação o este post... O que relatei foi absolutamente verdade. Logo, assim sendo...
MMmmmmm... caro MF, a Margarida está a chamar-lhe político. Pronto já disse, a seguir entenda como quiser (deve ter estado a ver o jogo e não gostou do resultado).
ResponderEliminarOlhe, pois eu acho que com um pequeno esforçozito conseguimos chegar aos 700.000 desempregados. Há que não desanimar.
Sinceramente, não percebo porquê tanta complicação com metodologias disto e daquilo, mas isso é para dar trabalho a algum professor doutor em estatística?
Desempregados são todos aqueles que não estão a trabalhar porque ninguém os contrata.
Desocupados, são aqueles que podendo trabalhar, preferem não o fazer porque dá trabalho.
Depois é só contá-los.