Ficou-me a curiosidade de experimentar ao ver uma reportagem na televisão. Chama-se PROVE, um projecto inovador no sector da agricultura. Liga directamente o produto saído da terra à casa do consumidor, produtores agrícolas e consumidores estão ligados através de uma rede assente em sistemas e tecnologias da informação. É um back to basics apoiado na inovação tecnológica. É um empreendimento gerador de valor económico e social, que ganha mais expressão num momento em que é preciso cultivar as terras, dar trabalho e aproveitar o saber das gentes locais, produzir e consumir com qualidade. Um exemplo e um estímulo ao empreendedorismo. Também na agricultura.
Digo o mesmo que um certo senhor na peça de vídeo " a ideia é muito gira", mas não estou a perceber muito bem como funciona, na medida em que é proposta ao consumidor uma lista que inclui 74 produtos, dos quais o cliente só poderá rejeitar o máximo de cinco.
ResponderEliminarNo entanto, a "ideia é gira" porque possibilita estabelecer a comunicação directa entre os produtores e os consumidores, garantindo aos segundos a qualidade e frescura dos alimentos, a um preço mais baixo (suponho) e aos primeiros, o escoamento dos produtos que cultivam, a um preço mais justo.
Fica no entanto uma outra questão em aberto; como está escrito no site, este é um projecto que está em desenvolvimento e que espera a breve prazo, cobrir uma maior área do país. Verificando-se o sucesso que se espera... como é que irão reagir as grandes superfícies comerciais que hoje já se encontram em qualquer lugar recôndito do país?
Pessoalmente, entendo que este projecto é bastante interessante e proveitoso porque aproxima ambas as partes de forma acessível e prática, tirando o pormenor da lista de produtos que provávelmente não soube perceber.
E ainda, porque me permite pensar, que já posso pensar na reforma e no regresso à terra, em toda a plenitude.
Caros Margarida de Aguiar e Bartolomeu,
ResponderEliminarEu cá já PROVEI e aprovei. São 12,5€ por cabaz bio semanal que vêm trazer aqui à porta do barraco.
Há várias razões que me tornam apoiante:
a) preço justo (mais barato que uma grande superfície).
b) preço baratíssimo se tivermos em conta o tempo perdido (mesmo delegando na senhara que cá em casa nos liberta tempo a selecção não seria tão bem feita).
c) preço ainda mais barato se tivermos em conta que simplesmente já não tenho o "custo" de pensar em comprar legumes semanalmente.
d) last but not the least, curto-circuito dos merceeiros de sucesso do burgo, cujo o lucro não vem da inovação mas da "exploração" e "abuso de posição" dominante.
Cumprimentos,
Paulo
Caro Paulo; uma vez que já aderiu a este serviço, elucide-me por favor:
ResponderEliminar1- quantas espécies de vegetais e em que quantidades, compõem o cabaz que adquiriu.
2- consumiu todas as espécies que adquiriu, durante o tempo em que as mesmas se mantêm frescas?
3- depois de consumir uma ou mais espécies, dirige-se a uma grande superfície para se reabastecer dessa(s) espécie(s), ou adquire novo cabaz?
;)
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarHoje foi dia PROVE e aqui vai a informação:
morangos 0,20 3,58
alface 0,42 1,49
abóbora 0,40 0,50
batata nova 1,00 0,67
tomate cereja 0,28 5,16
cebolas 0,62 0,79
2 pimentos 0,54 2,22
4 tomates 0,84 0,80
alho francês 0,54 1,30
cenoura 1,20 1,29
pepino 0,46 0,61
couve coração 0,54 0,80
feijão verde 0,40 2,40
ramo ervas aromáticas 1 molho 0,89
A primeira coluna é o legume, a segunda a quantidade (em kg), a terceira o preço no continente on-line. Tudo somado dá 10,8 euros.
A Dulcineia aqui na tenda diz-me que hoje o serviço foi fraco.
É óbvio que estes legumes são bem melhores que os do continente. Os morangos esses estavam divinais!
Na prática não precisamos de comprar mais legumes em grande superfícies, excepto alhos, salada e coentros que aqui se consomem em grande quantidade. Os legumes são usados na prática em média para 8 refeições (essencialmente jantar) por semana para dois adultos e 2 crianças (se bem que a descendência só coma legumes na sopa).
O abastecimento é semanal. A maior parte conserva-se bem no frigorífico em sacos fechados.
Cumprimentos,
Paulo
PS: no início apenas rejeitava os marmelos na lista...
Por aquilo que me relata, caro Paulo, concluo que não entendi a explicação da lista proposta no site da PROVE, uma vez que, como referi, na lista aparecem 74 produtos diferentes, e é dada a possibilidade de rejeitar somente 5.
ResponderEliminarEste desentendimento gerou a minha dúvida que fica agora aclarada com a sua explicação. Afinal a encomenda pode ser de somente 14 produtos, como refere na lista que apresenta.
Assim, a coisa muda de figura.
Agradeço-lhe o seu esclarecimento, caro Paulo!
;)
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarA ideia do PROVE é consumir productos de época. Podem-se vetar alguns -- por exemplo o pepino -- mas espera-se o consumo da maioria, que é decidida pelo agricultor e não pelo cliente.
Em suma, em vez de escolher o que quer, o meu amigo escolhe o que não quer, mas só tem 5 cruzes... Como seria a democracia se implementassem este interessante sistema...
Cumprimentos,
Paulo
Pois... bem me parecia que existia uma certa diferença entre a escolha na montra e na lista.
ResponderEliminarMas não quero dizer com isto, que a ideia me desagrade, apesar da sujeição "ao que vier".
No meu caso sería péssima opção, porque detesto a maioria dos vegetais. Mas como é obvio, esta inovação não tem por finalidade servir fulanos de gostos esquisitos...
;)
Caro Paulo
ResponderEliminarNos tempos que correm é preciso gostar de tudo, nada de maus hábitos. Isto, sim, é que é educar...
Caro Bartolomeu
Já vi que não têm cliente...
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarA ideia do PROVE pode ter múltiplas variantes. A parte frutícula ainda está por fazer (e provavelmente gasto mais dinheiro em frutos que em legumes). Outras possibilidades são um PROVE carnívoro (extensa lista de carnes e enchidos da qual só pode recusar 5), ou mesmo ligado a líquidos do branco mamífero ao retinto solar...
Cara Margarida de Aguiar,
Já pensei como a minha amiga e entretanto mudei de ideias. Educar é exactamente o oposto de gostar de tudo ;)
Cumprimentos,
Paulo
Têm sim, cara Drª Margarida... mas somente no apoio à ideia.
ResponderEliminar;)
Não consumo a maioria dos vegetais, mas produzo-os. Uma parte deles são consumidos pela minha família,outra parte ofereço a amigos, o que me dá imenso gosto. Assim como ouvi-los gabar o sabor e o aroma genuínos.
Mas sei, porque "mexo na massa", que a frescura e o sabor, a qualidade, têm um prazo reduzido, apesar de ser possível manter-lhes as propriedades, conservando-os no frio. E ainda, que cada espécie, é colhida na altura própria, o que significa, que sem o recurso à conservação artificial, durante uma boa parte do ano, a maioria dos produtos, não existe.
Caro Paulo, nessa parte das carnes é que a porca torce o rabo.
ResponderEliminarVejamos; se eu for suinicultor equizer abater um animal, mesmo que para consumo doméstico, sou obrigado a cumprir várias normas, a saber: transporte doa nimal vivo até ao matadouro, em viatura aprovada e com alvará, para o efeito, regras sanitárias, vacinação em dia e controle veterinário, depois do abate, transporte em carro frigorífico até ao local de armazenamento, ou de transformação, ou de embalamento. Se o produto se destinar a cumprir o mesmo projecto da PROVE, terá de ser transportado novamente até ao consumidor, em carro frigorífico.
Que lhe parece?
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarÉ um privilégio ir diariamente à horta apanhar as alfaces e os tomates para fazer a salada fresca do almoço ou do jantar. O facto de uma parte destes produtos ser sazonal pode ser uma vantagem porque assim vamos variando e até adaptando melhor a alimentação à época do ano.
Na minha casa em Lisboa não poderei ir mais longe que um mini quintal para cultivar ervas aromáticas. Estou em fase experimental.
Os privilégios de que usufrui na horticultura são imensos, cara Drª Margarida.
ResponderEliminarEstando a referir-nos a uma agricultura biológica e como hoby, evidentemente.
Chegar a casa depois de um dia encerrado num escritório e poder mecher na terra e nas plantas, num ambiente despoluído e com uma paisagem natural a perder de vista, confere-nos um bem-estar físico e mental incomparáveis. Superiores a qualquer aula de ginástica ou de yoga (talvez esteja a exagerar um pouco).
;)
No entanto confesso, sinto imensa pena de não gostar de comer a maioria dos vegetais, se assim não fosse, então o prazer seria total.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarSim, será preciso carro frigorífico, mas qual é o problema? Há várias empresas que distribuem à porta do cliente com carro frigorífico.
O PROVE na minha humilde opinião é um mecanismo de distribuição "controlado" pelo productor. Em contraste com uma grande superfície que explora o tutano dos productores.
Quanto ao cultivar sem gostar de vegetais, o meu amigo lembrou-me os jardins de Villandry, onde o cultivo de legumes atinge um sublime platónico.
Cumprimentos,
Paulo
Sim, caro Paulo, no meu caso e da minha mulher e penso que de muito mais pessoas que praticam agricultura biológica e de dimensão caseira, o prazer que se retira é sublime e o amor pela terra e pelas plantas, atinge em boa verdade, o grau platoniano.
ResponderEliminar;)
Mas, em resposta à parte das carnes - voltando a puxar pelos galões - tenho para lhe dizer, várias coisas. Ou melhor, convido-o, caro Paulo, a elaborar uma lista com a finalidade de encontrar um preço apróximado para o quilo de carne no criador, preenchendo-a com os seguintes dados, partindo do princípio que estamos a referir-nos a uma produção biológica:
Investimento nas instalações:
Infraestructuras, maquinaria, mão-de-obra.
Investimento nos pastos, cuja dimensão será proporcional ao número de animais, sendo que, quanto maior fôr esse número, menor será o preço da carne produzida:
Terra, sementes, fertilizantes, tractor, semeador, ceifador, enfardador, silagem, sistema de rega.
Investimento nos animais:
- Investimento na compra de machos e fêmias de raça reprodutores.
- Investimento na compra de animais desmamados, para engorda.
Na primeira hipotese, o preço variará de acordo com a qualidade, o estalão, a idade e a raça dos animais. Após as montas, ha que esperar o tempo da gestação das fêmias, que varia de acordo com a espécie, findo esse tempo, ha que esperar o tempo necessário para que o animal adquira o peso necessário para o abate. Nas espécies maiores, o tempo que medeia entre a aquisição dos reprodutores e o abate das crias, ronda os 3 anos.
Na segunda hipotese, o investimento à cabeça, é menor e o tempo de espera também.
Durante todo o período de cria e de engorda, é necessário o controlo sanitário e as vacinações. Após o período da engorda, é obrigatório cumprir os trâmites que atrás mencionei.
;)