quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Medidas para estimular a economia? O Estado que pague o que deve!

1.O Ministro da Economia terá hoje prometido, mais uma vez, medidas para “estimular” a economia, a tomar “dentro de semanas”.
2.Não pretendendo por em causa as boas intenções do Ministro, confesso que não sou grande apreciador deste tipo de pré-anúncios de medidas de apoio à actividade económica com que por exemplo o anterior Governo nos bombardeava incessantemente – e viu-se no que acabou!
3.Então as famosas "LINHAS de CRÉDITO" foram às dezenas, durante anos a fio, será que alguém sabe para que serviram?
4.Sempre entendi que quaisquer medidas de estímulo – até para não se criarem falsas expectativas – só devem ser notícia no momento em que são efectivamente tomadas e existam os meios e mecanismos para as aplicar...
5.Acresce que a criação de estímulos à economia por parte do Estado, nesta altura dos acontecimentos – excluindo os aumentos de impostos que também estimulam, com certeza, embora nesse caso o estímulo seja negativo – é assunto muito delicado, por duas razões: (i) a escassez de recursos para dar corpo a esses estímulos e (ii) a necessidade de direccionar quaisquer estímulos única e exclusivamente para os sectores que estão expostos à concorrência externa, que tenham potencial exportador ou de substituição de importações.
6.Mas há uma medida que o Estado poderia e deveria tomar, que já tarda, e que daria uma enorme ajuda a uma economia em que os atrasos de pagamentos entre empresas se têm vindo a agravar de forma assustadora, assumindo mesmo um carácter endémico e causando os maiores transtornos à gestão de um número incontável de empresas, algumas exportadoras (conheço diversos casos destes).
7.E essa medida até é bem simples: consiste em o Estado pagar o que deve (nem que seja só as dívidas com mais de 90 dias), aos mais variados sectores da economia, desde a construção aos fornecedores de serviços mais diversos, reduzindo a imensa montanha de dívidas de entidades públicas que o consulado socrático nos legou...
8.Já é mais do que tempo disso ser feito...mas, por favor: decidam fazer e anunciem, no mesmo dia!

9 comentários:

  1. Nem mais, caro Dr. Tavares Moreira. Para muitas empresas, essa, seria a medida mais desejada, neste momento.
    Mas aquilo que o estado pretende, julgo, é que entrem impostos e se mantenham as dívidas que, dado o estado ser "pessoa de bem", serão pagas a seu tempo.
    Lembra-me a istória do vigário de aldeia, a quem um certo paroquiano pediu dinheiro emprestado e não havia meio de o pagar.
    Um dia que o padre o encontrou num caminho, encostado a um muro, em pleno processo de "vertimento de águas", pensou de si para si "ainda bem que te vejo, malandro, hoje não me escapas".
    E aproximando-se do devedor, atirou-lhe à queima-roupa: -Óh Manel, lembras-te daqueles contos de reis que me estás a dever ha um ror de tempo?
    -Então não lembro, Sr. Padre?!
    -E quando é que tencionas paga-los?
    - Prometo-lhe senhor padre, que mal termine um assunto que tenho entre mãos, o primeiro buraco a tapar , vai ser o seu!
    Ao que consta, a dívida ficou imediatamente resolvida.

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  2. ...e quando se chega ao ponto de se ter que dizer isto, que mais há para dizer?

    Ontem um amigo meu perguntava-me "Ora pensa lá as vezes que foste roubado pelo estado português e as vezes que foste roubado pelo estado espanhol...". Lógica imbatível. Que tal em vez de ser para estimular a economia se pensasse na sobrevivência do estado português? Só para colocar a pressão do lado do incumpridor, para variar...

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  3. Caro Tavares Moreira, esse conselho que dá, de dedidir fazer e anunciar no mesmo dia, parece-me perigosamente revolucionário... :)

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  4. Caro Bartolomeu,

    Não sei se esse método assaz brejeiroso, que em tempos idos servia para enjeitar dívidas, não poderia ser aplicado hoje em dia nas relações entre o fisco e os contribuintes...

    Caro Tonibler,

    A sobrevivência do Estado é, em última análise, a preocupação primacial da classe política...porque envolve, envelopa, a sua própria sobrevivência...

    Car Suzana,

    Sou capaz de estar de acordo consigo, quanto a esse apontamento revolucionário...
    Mas olhe que talvez fosse uma reforma estrutural digna de justificar a assinatura de um Aditamento especial ao "Acordo" com a Troika...

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  5. Ok, caro Eduardo F, fico mais confortado!

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  6. Sim, reconheço, caro Dr. Tavares Moreira; demasiadas vezes, foge-me o pé prá xenéla e vêm à tona, o berço da Musgueira e a adolescência na Cova da Moura.
    Mazisto... as conbersas são comás cereizas e atrás dumas bêm as outras, e quando dou por mim... já estou completamente atolado.
    Perdoai-me Senhor... porque raramente sei o que digo.
    ;)

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  7. Pois... também não sei o que mais se poderia dizer... offsetting, talvez.

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  8. "Offsetting", bela palavra cara Anthrax...
    Tente experimentar e vai ver o resultado...

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