Posso até concordar que é desproporcionada por excessiva a publicidade dada a estas orientações dos membros do governo, com especial destaque para a MAMAOT. Mas reconheço-lhes, para além da carga simbólica e exemplar, a virtude de chamar a atenção para aquilo que devem ser elementares boas práticas na gestão dos recursos do Estado, não só por razões ambientais mas também por respeito para com os contribuintes. Para além dessa face inegavelmente positiva, estes despachos têm um tremendo alcance de denúncia. Denunciam, na verdade, práticas desde sempre toleradas como normais, apesar de abusivas. Uma ministra vir dizer num despacho com honras de publicidade no Diário da República e nos media, que as viaturas de serviço só podem ser utilizadas para o serviço, não deixa de ser extraordinário. Tão extraordinário quanto revelador da triste realidade que torna necessário o ministerial despacho.
... e transmite um carácter volátil do respeito pelo dinheiro dos outros. Mostra que assim que a troika voltar costas, o dinheiro do meu trabalho, que vai para estes consumíveis antes de poder ser usado para a alimentação dos meus filhos, vai ser estoirado noutra inutilidade qualquer.
ResponderEliminarEsperemos que não...
ResponderEliminarA Ministra Assunção Cristas está a subir imenso na minha consideração. Se o Caro Ferreira de Almeida soubesse o dinheiro que se gasta todos os dias nas escolas públicas em papel e nos respetivos consumíveis levava as mãos à cabeça..., exorto o Ministro do Ensino a fazer o mesmo e a exigir o mesmo.
ResponderEliminarO Estado criou o sofisma das "Receitas do Estado" e as pessoas interiorizaram que dinheiro era do Estado, logo não tinha dono, toca a gastar.
ResponderEliminarInverter tal ideia é tarefa difícil. Mas é preciso persistir. Há aspectos simbólicos em que se devia reflectir. Por exemplo, em Portugal, era e é usual ver nos prédios a inscrição "Propriedade da Companhia de Seguros X". Pois em muitos países vê-se a inscrição: "Propriedade dos segurados da Cªde Seguros X", quando são esses prédios que caucionam e garantem o pagamento das indemnizações.
Enquanto os funcionários e políticos não forem obrigados a mentalizar-se que o dinheiro que usam nas suas funções é nosso, nada se alterará. O Despacho de uma Ministra que revela ter umas cristas bem erguidas vai nesse sentido. Apoiado.
Acho que os ministros bem se podem multiplicar em despachos deste género se decidirem que lhes cabe ocupar-se a este nível, porque este era um tema que dantes cabia a um chefe de repartição, por exemplo, mau seria quando era preciso um ministro para tratar da intendência. Concordo com a decisão, pois claro, o que não percebo é que tenha sido preciso uma decisão com esta pompa e circunstância, não bastaria uma orientação firme nesse sentido, a propósito da análise dos custos de funcionamento? Toda a hierarquia se desresponsabiliza quando os mais altos dirigentes assumem as decisões mais ínfimas.
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