“Atraso na promoção turística, pouca notoriedade e reduzida oferta hoteleira ajudam a comprometer um investimento de 33 milhões de euros”. É assim que a ANA justifica o insucesso do aeroporto de Beja. Um aeroporto que está às “moscas”, mas que as Orientações Estratégicas para o Sistema Aeroportuário Português de 2006 faziam prever que em 2015 o aeroporto de Beja seria um êxito, com um movimento de um milhão de passageiros. Desde o voo inaugural - tirado a ferros pelo anterior governo e merecedor de grande festa - até agora chegaram e partiram 798 passageiros.
Diz agora a ANA que a inexistência de praias e a distância até à costa não favorecem a procura deste aeroporto e que a oferta hoteleira no Alentejo é de reduzida dimensão e diversidade.
Mas o presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, com extinção à vista determinada por este governo, é que não desiste de defender a sua dama. Afirma que, apesar da falta de passageiros, “valeu a pena ter sido construída a infra-estrutura”, lembrando que o seu custo foi financiado totalmente pela União Europeia e que a crise internacional é a culpada de tudo. Esta obra é um excelente exemplo de megalomania e de esbanjamento de dinheiros públicos. Dá que pensar…
Diz agora a ANA que a inexistência de praias e a distância até à costa não favorecem a procura deste aeroporto e que a oferta hoteleira no Alentejo é de reduzida dimensão e diversidade.
Mas o presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, com extinção à vista determinada por este governo, é que não desiste de defender a sua dama. Afirma que, apesar da falta de passageiros, “valeu a pena ter sido construída a infra-estrutura”, lembrando que o seu custo foi financiado totalmente pela União Europeia e que a crise internacional é a culpada de tudo. Esta obra é um excelente exemplo de megalomania e de esbanjamento de dinheiros públicos. Dá que pensar…
Contributos para uma solução:
ResponderEliminara)Deslocar algumas praias do litoral alentejano para as imediações de Beja
b)Batizar o aeroporto com um nome sonante e apelativo: "José Sócrates International Airport". Convidá-lo para o descerramento da lápide.
c)Convidar igualmente outros eméritos advogados do empreendimento: Sampaio & Barroso.
Os grandes objectivos do aeroporto de Beja não são o tráfego de passageiros e nem entendo sequer o porquê das tais previsões, (mesmo sem crise e tendo sido levados a cabo os investimentos turisticos previstos para a região) eventualmente optimistas, terem sido feitas.
ResponderEliminarO grande interesse do aeroporto de Beja é particularmente para o segmento da industria aeronautica. Até agora já está confirmada a presença duma empresa, Aeromec, com a geração de 100 postos de trabalho e algumas mais deste cariz se seguirão.
Agora a quantidade de passageiros, se são 1000 ou 10000, para o aeroporto, pouco interessa. Já o mesmo pode não ser verdade para o turismo na região.
Caro Bmonteiro
ResponderEliminarAgora que já temos experiência de praias artificiais é uma questão de fazer uma igual lá para as bandas do aeroporto. Julgo que li que a praia artificial de Mangualde é a maior da Europa. Ficava mesmo bem uma igual.
Caro Zuricher
É espantoso que se tenha avançado com o aeroporto de Beja pelas razões erradas e que agora haja outras razões para dar sentido ao investimento realizado. Só me ocorre falar em irresponsabilidade e incompetência. Julgo ter compreendido bem, o aeroporto irá permitir operacionalizar a entrega das aeronaves construídas na Aeromec.
Este país não tem solução. Aeroporto de Beja? Sempre me intrigou, ou talvez não. Equivalentes ao aeroporto de Beja é coisa que não falta entre nós. Veja-se os casos dos estádios do euro 2004 e de obras meio parvas que volta e não volta acabo por tropeçar. A desculpa é sempre a mesma: aproveitar os fundos comunitários!! Ainda há dias numa pequena vila perto de Coimbra vi o cimentar de um leito de um pequeno rio que corre três meses por ano. Nos restantes não tem água. Mas era belo, mesmo quando só tinha um pequeno fio de água. Agora alargaram-no, cimentaram-no, acabando por o transformar num tanque de água choca e esverdeada ótimo para a criação de mosquitos e outras bicharadas. Pus-me a pensar se algum dia chegará a ter água suficiente para afogar os autarcas que se lembraram, em plena crise, fazer tal monstruosidade, matando algo naturalmente belo. Um país de loucos, um país sem solução...
ResponderEliminarCara Margarida, na realidade o aeroporto de Beja sempre foi pensado para o então chamado "cluster" aeronautico e para a carga aérea. Os passageiros sempre foram algo secundário e por isso mesmo o terminal minimalista que lá foi feito com capacidade para 3 milhões de passageiros anuais e porque para menos não é possivel.
ResponderEliminarAgora estas coisas são muito dificeis de explicar ao público em geral. É muito dificil fazer passar para a opinião pública um aeroporto sem passageiros ou que não se destine a eles e ainda mais dificil de fazer tal coisa engolir pelas gentes da região onde o aeroporto se localiza. Daí, claro, usar-se a cenoura dos passageiros para não gerar burburinho e contestação populares. Não sei como é noutras áreas do saber mas em transportes nem sempre se pode dizer a verdade toda para a opinião pública... sob pena de não se fazer nada ou fazerem-se coisas erradas sob pressão popular, algo a que a área dos transportes é extremamente sensivel.
Uma adenda ao post anterior, algo que me esqueci. Tinha na cabeça mas passou-me, escrevo agora. A Aeromec não é construtora de aviões. É oficina de reparação e já está firme a sua instalação em Beja com a criação de cerca de 100 postos de trabalho. Vagamente soou-me nos mentideros aéreos que há mais duas empresas interessadas em estabelecer-se em Beja.
ResponderEliminarPoder-se-á agora perguntar porquê em Beja e não em Lisboa ou no Porto. Primeiro por uma questão de clima. Beja tem condições muito simpáticas em termos de humidade e reduzida precipitação, permitindo a primeira o seu uso para parqueamento de médio e longo prazo de aviões e a segunda a realização de inumeras tarefas de manutenção que não requerem hangar ao ar livre. Por outro lado há o preço dos terrenos, incomparavel com Lisboa, Porto ou Faro e que pelo seu baixo preço permitem que as empresas aí se localizem.
É comum em todo o mundo haver empresas dedicadas à manutenção e reparação aeronautica localizadas em aeroportos em localizações remotas.
Cara Margarida C Aguiar
ResponderEliminarPara alêm das considerações que o Caro Zuricher apresenta, deixe-me recordar que, em meados de 1950 foi realizado um estudo pelo então LNETI, onde "previam" que a Portela estaria saturada em... 1972. Claro que, a crise de 1973 foi a grande causadora da falha do estudo.
Um aeroporto não serve apenas para deixar e tomar passageiros e, no caso de Beja, as cidades e as praias já lá estavam antes da construção da base aérea. Acresce que, o aeroporto está, sensivelmente, à mesma distância que Stanstead está de Londres; claro que, como falam inglês a distância é menor.
O aeroporto, pela sua localização tem todas as condições para ser um importante hub de carga, da Europa para África e vice versa.
Pelo que disse Zuricher e por estas modestas achegas só não percebi o que quer a ANA, ou melhor, o que não quer a ANA.
Cumprimentos
joão
Caro Zuricher,
ResponderEliminarÉ admirável o seu esforço em fazer notar as enormes vantagens no investimento em infraestruturas de comunicação que ninguém usa. Certamente que o burro sou eu, que isto se paga a si próprio, etc... Mas porque é que é preciso o meu dinheiro em tudo isto é que me faz confusão. Se tem valor económico, deve haver centenas de investidores interessados.
Cara Margarida,
Acho que serve de exemplo do funcionário que está destinado à empresa pública. E estes devem ser dos mais bem pagos, imagine-se os outros.
Caro Tonibler, estará o aeroporto de Beja a gerar 500 empregos directos e ainda haverá gente a zurzir nele. Para mais um investimento a preços módicos como é o caso.
ResponderEliminar164 passageiros estão a pagar 500 empregos? Bolas, deve ser um bilhete assim pró carote...:)
ResponderEliminarCaro Zuricher
ResponderEliminarConstruir um aeroporto sem tratar de uma estratégia de desenvolvimento para a região não pode dar bom resultado. Se bem entendo, a dinamização de um aeroporto depende das características demográficas, urbanas, económicas e turísticas. Ora o Alentejo tem baixa densidade demográfica, tem um elevado envelhecimento demográfico, não tem mercados locais dinâmicos e não tem grandes cidades. A actividade empresarial é reduzida e a actividade turística não justificam um aeroporto. Será que vai haver negócios aeronáuticos com escala suficiente para justificar a opção feita? Nas orientações estratégicas que estive a folhear falam desses negócios, mas há uma aposta no transporte de passageiros.
Caro Joao Jardine
Mas será que alguém sabe o que se pretende do aeroporto de Beja?
A vocação de hub de carga julgo que não esteve na decisão de avançar com o aeroporto. Será que está a ser estudada?
Já sabemos que a empresa gestora do aeroporto vai ser extinta. Mas ninguém ainda explicou o que se vai fazer ao aeroporto, que desenvolvimento económico deve ser incentivado e promovido no Alentejo que aproveite esta infra-estrutura.
Caro Tonibler
Seria bom que alguém viesse demonstrar a rendibilidade deste investimento ou pelo menos o seu valor económico e social para a região e para o país. Será que alguém fez contas?
Já que está feito há que criar procura para ele e encontrar nichos de mercado.
ResponderEliminarO potencial está lá, é necessário é permitir iniciativa a quem tem iniciativa. Chorar sobre o leite derramado, não compensa. Aprender com os erros, sim.
Nada que um bom gestor daqueles que não nasceram em cima de EDP´s minas de ouros, ou quejandas, não possa fazer.
Cara Margarida,
ResponderEliminarHá alguém que fez as contas que vale a pena enganar-me. Isso vê-se pela justificação que é dada. Que nós perdemos parece não haver a menor dúvida.
Caro Tonibler, os 500 empregos não vêm do transporte de passageiros, evidentemente. Vêm das empresas ligadas à actividade aeronautica.
ResponderEliminarCara Margarida, ao não ser o foco do aeroporto o transporte de passageiros (embora, claro, também se promova e não faria sentido não o promover já que existe a possibilidade) é irrelevante levar em consideração todas as variaveis relativas a ele. Sempre se soube para o que era: cluster aeronautico primeira prioridade, transporte de carga a segunda. E só pelo primeiro, assim se consiga captar empresas como já há uma "captada" e mais em vias disso, claro que compensa o investimento. Repare que estamos a falar duma ninharia de 33 milhões de €. Os passageiros estão e promove-se para isso, claro, mas não são o fulcro nem o principal objectivo desse aeroporto e se fosse apenas por isso não se teria feito a adaptação da base aérea, muito provavelmente. Se o fulcro fossem os passageiros a aerogare teria sido algo totalmente diferente.
Pois tenho de dizer que estou de acordo com o (c)PAS.
ResponderEliminarO que está feito, está feito. Agora a única coisa que há a fazer é tirar o máximo de vantagem possível da situação em vez de estar a dizer disparates... que é o que a ANA está a fazer.
Qualquer pessoa séria, com 2 palmos de testa e um Q.I superior a 13 consegue tirar partido de um aeroporto. Dá um bocado de trabalho, os tempos são adversos, mas não é impossível.
Zuricher,
ResponderEliminar"...Agora estas coisas são muito dificeis de explicar ao público em geral. É muito dificil fazer passar para a opinião pública um aeroporto sem passageiros..."
Peço desculpa, mas esse argumento parece-me um pouco descabido.
Em primeiro lugar, porque o "povão" não é tão estúpido quanto pintam; acho que concordaria muito mais com um aeroporto em Beja destinado à indústria aeronáutica, do que ao turismo e transporte de passageiros. Isto sim, parece-me completamente ridículo.
Em segundo lugar, desde quando é a opinião pública tida em conta em matéria de grandes obras públicas?
Caro AF, os grandes equívocos do aeroporto de Beja advêm precisamente do que foi passado para a opinião pública versus o que era na realidade a coisa. Não imagina o que é a pressão dos autarcas e similares mas pode fazer uma pequena ideia com o que está a passar-se agora com a electrificação da linha entre Casa Branca e Beja (um rematado disparate mas que já se decidiu atirar dinheiro para o lixo a estudar o assunto) e o próprio serviço IC entre Lisboa e Évora que está a ser feito como está, a perder rios de dinheiro mensais por causa da pressão popular e da gritaria nas ruas.
ResponderEliminarPara lhe ilustrar um pouco mais este primeiro ponto, posso dizer-lhe que se se tivesse ido pelo falar do povo aquele que é hoje em dia o grande case study de transporte urbano no mundo não existiria: Estrasburgo. Durante a fase de planeamento e construção foi um horror, toda a gente e mais alguma a zurzir na presidente da câmara, enfim, uma loucura total. Não havia praticamente ninguém naquela cidade a favor do projecto. Depois de o verem pronto e a funcionar, gostam, têm orgulho e... a presidente de câmara que teve a popularidade nos fundos foi reeleita.
Em transportes casos assim são o que não falta e em larga medida por isto é que sou contra haver discussão pública destas coisas.
Quanto ao segundo ponto, nem pense que a opinião pública não influi nas obras publicas. Influi e muito. Aliás, muitas delas são feitas para ganhar votos. Ou como lhe parece que chegámos à quantidade de AEs que há espalhadas pelo país inteiro?
Caro Zuricher,
ResponderEliminarE quantos empregos se perderam com a construção do aeroporto? Está-me a falar em 500 empregos isso dá em PV por volta de 10 milhões de euros. Quanto é que custou e custa a manutenção dessa porcaria?
Quantos empregos se perderam? Explique-se, tonibler.
ResponderEliminarQuanto aos custos de manutenção... peanuts. Era uma base aérea permanentemente guarnecida, não é uma coisa feita de raiz. A unica diferença é a manutenção do edificio feito, ou seja, irrelevante.
Há um custo de oportunidade, ter feito aquilo e não ter feito outra coisa como, por exemplo, nada.
ResponderEliminarA pista não se degrada, não há segurança à volta, não há vedações, não há casas de banho, não há serviços da ANA de volta disso?... Tem mais investimentos destes? :)
Cara Margarida C Aguiar
ResponderEliminarProvavelmente não estamos no mesmo planeta. Com o que se gastou em Beja, nem sequer se conseguia fazer os acessos para o (putativo) novo aeroporto de Lisboa.
Conseguimos obter uma nova infraestrutura por menos de um centésimo do seu custo actual, obtendo um pólo de atracçao de investimento de elevado valor acrescentado para o país.
Se se criar 500 empregos directos e indirectos, continua a ser menos de metado do que se gastou para "criar" os empregos para a Autoeuropa
Cumprimentos
joão
Caro tonibler, tudo o que mencionou são gastos existentes, com ou sem a abertura da Base Aérea ao tráfego civil. A pista, a segurança, a vedação, o controlo de tráfego aéreo, todas essas coisas existiam de qualquer maneira, independentemente de haver tráfego civil ou não.
ResponderEliminarQuanto aos serviços da própria ANA, o aeroporto neste momento não tem pessoal em permanencia. Quando há vôos é destacada gente para lá.
Portanto, como vê, é a manutenção do edificio e não sei sequer se tem segurança ou não.
Caro Zuricher
ResponderEliminarEsperemos que o aeroporto atraia negócios aeronáuticos, que seja capaz de desenvolver o Alentejo que bem precisa. Mas é preciso trabalhar muito para ter resultados, envolvendo várias entidades. É preciso criar condições, muitas delas que nada têm que ver com a região, mas sim com o país.
Estou de acordo com os nossos Caro P.A.S. e Caro Joao Jardine que agora temos que olhar para a frente e encontrar caminhos para tirar partido da infra-estrutura.
É pena que tendo sido anunciada a extinção da empresa gestora, não tenham sido dadas explicações sobre o futuro do aeroporto no contexto do desenvolvimento do Alentejo. Assim ficou a ideia, exponenciada por diversas notícias que têm sido publicadas e agora pelas declarações da ANA e do presidente da empresa gestora, de uma obra afundada ou então que se quer esconder alguma coisa.
Cara Anthrax
Esse Q.I. parece-me, ainda assim, demasiado baixo!
Cara Margarida, a extinção da EDAB e integração do aeroporto na ANA já há algum tempo que estava prevista. Agora, claro, estes processos geram sempre questões de quintais e quintalinhos, já se sabe. E daí, claro, muito mais confusão e barafunda para a opinião pública.
ResponderEliminarConcordo plenamente consigo quando alude às demais condições necessárias para atrair investimento e que têm realmente a ver com o país. As infra-estruturas de transporte não são o desenvolvimento em si mesmas nem sequer condição suficiente para que este ocorra. Condição necessária, sim, condição suficiente não.
"Um pequeno investimento para tão grande empreendimento": 33 ME.
ResponderEliminarCom esta frase, registei há poucos anos a profunda veia filosófica dos eu autor.
Estará agora a estudar Filosofia em Paris.