Voltámos ao ponto de partida das jornadas que
aqui fomos sumariando e procurando ilustrar, nesta excusão à descoberta da terra dos Ticos, gente simpática, afável, por vezes calorosa. Regressámos ao Grano de Oro, um pequeno mas charmoso hotel, antiga moradia de
abastados “cafetaleros”, motivados para aproveitar as últimas horas passadas na Costa Rica.
Houve tempo para um descontraído passeio ao centro da capital, na hora em que esta despertava. Destino: o Teatro Nacional, local escolhido para visita mais demorada, antes
da preparação para o embarque de regresso.
Pelo caminho fomos absorvendo as impressões de uma cidade que não destoa do ambiente das capitais
da américa latina que conhecemos. Não se destaca pela arquitetura ou pela
monumentalidade dos espaços mas por aquela mistura quente de cores e odores,
por aquele caos multicultural que logo identificamos como herança da latinidade.
Valeu a pena a visita guiada ao Teatro Nacional da Costa
Rica, testemunho do período de maior fulgor económico que o País
viveu por causa da produção do café e da riqueza gerada com as exportações para
a Europa. Da Europa, no final do século XIX, pretendia-se importar o brilho das
manifestações culturais que permitisse à burguesia local aproximar-se das
vivências do primeiro mundo.Em 26 de maio de 1890, após longa discussão entre as elites
que durante anos reclamavam por um espaço cultural de dimensão nacional, o
Congresso costariquenho aprovou o lançamento de um imposto sobre as exportações
de café com o declarado objetivo de financiar o luxuoso projeto do teatro. O orçamento
revelou-se, porém, curto nas suas previsões. Mas sobretudo por
pressão dos produtores de café, o imposto veio a ser substituído por outro,
desta feita onerando toda a população, ainda que só uma reduzida elite da
burguesia viesse a usufruir daquele espaço. Em outubro de 1897 inaugurou-se o Teatro
Nacional que não impressiona pela imponência ou pelo neoclassicismo quase
vulgar naquela época, mas pelos belíssimos espaços interiores, pela primorosa
decoração dos salões. Uma homenagem ao belo e às artes, ali magnificamente
representadas em várias das suas expressões.
E com esta visita terminaram, pode dizer-se com inteira
propriedade, em beleza, umas curtas férias num destino sonhado. Para além do
deslumbre que a natureza a cada passo nos provoca, foi uma viagem em que muito,
mas mesmo muito, se aprendeu. E, repetindo a introdução a estas crónicas, que
nos relembrou que há de facto mais cores para além do cinzento…
(Continua? Quem sabe, um dia…)
Muito mais cores, csaro Ferreira de Almeida. E o meu amigo mostrou-nos como elas existem. Excelente crónica de uma bela viagem. E com toda a certeza que outras virão. Tem esse dever cívico.
ResponderEliminarPor mim, aprecio mais outro tipo de turismo, o de vaguear por lugares históricos que nos recordam antigas culturas ou civilizações. Mas a leitura destas suas descrições abriu-me algum apetite por outras paisagens.
Uma viagem muito colorida e bem ilustrada com belíssimas fotos. Fotos de profissional!
ResponderEliminarJosé Mário
ResponderEliminarProporcionou-nos uma viagem inesquecível. Obrigada. Fico com vontade de ir à Costa Rica, agora mais fácil de planear.
Acho a Costa Rica o devia fazer cidadão honorário, caro Zé Mário, esta reportagem (texos e fotografia) devia ir para as revistas de promoção turística da região! Um abraço e muito obrigada pela boleia :)
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