Em Carta Aberta, Mário Soares e mais 69 companheiros pedem que Passos Coelho se demita devido à sua política que “está a fazer caminhar o país para o abismo” e a acabar com “toda e qualquer esperança”.
Muitos deles teriam feito o mesmo, em 1983, se Mário Soares se tivesse lembrado de também escrever uma Carta Aberta a pedir a demissão do seu Governo.
Porque o acumulado das medidas de austeridade que então tomou (corte de salários, aumento de impostos e desvalorização forte do escudo num ambiente de inflação a 30%) foram pelo menos tão gravosas para os portugueses como as que neste momento sentimos. Com as famílias numa base económica muito mais débil do que a actual.
Também nessa altura na rua se dizia que o país ia para o abismo e não havia esperança.
Mário Soares, Mota Pinto e Hernâni Lopes assumiram-se, na ocasião, como verdadeiros estadistas.
Graças às medidas então tomadas, o mau tempo passou. Soares devia lembrar-se.
Há um desfasamento tão grande entre o que interessa de facto e aquilo que fala alto que se essas pessoas tomassem consciência disso cobriam-se de vergonha e desapareciam. Será que Mário Soares realmente acredita que interessa a alguém? Será que ele pensa que há mais que 0.2% dos portugueses que realmente leem as patacoadas que ele escreve?
ResponderEliminarQuando os jornais e os media em geral se reduzirem ao seu valor económico de facto e este protagonismo artificial desaparecer a nossa vida ficará tão melhor... Mário quê? Aníbal? O dos elefantes?...
A situação, o tempo, os meios, as pessoas, são incomparavelmente diferentes; No entanto gostaria de ter a sua boa fé...
ResponderEliminarCaro jotaC:
ResponderEliminarDe facto, a situação, o tempo, os meios, as pessoas, são incomparavelmente diferentes, como bem diz.
Vivia-se pior, as pessoas não eram as mesmas, havia apenas uma estação de televisão, os noticiários eram muitíssimo mais escassos.
Mas as medidas de austeridade foram mais gravosas.
Sim, Pinho Cardão, mas quanto tempo duraram?
ResponderEliminarIsso é capaz de fazer alguma diferença, não.
O problema atual é que as pessoas estão a ser assaltados à descarada e não veem resultados. Resultados, Pinho Cardão, resultados!
E dizem-lhe: vamos esfolar mais ainda e é por longos anos.
Mário Soares aplicou medidas duríssimas, mas elas tiveram um horizonte muito curto de duração.
Percebeu ou é preciso fazer um desenho?
Pelo menos duraram 3 anos, 1983, 1984 e 1985.
ResponderEliminarE também, na altura, "ninguém" via resultados. Acontece que o remédio, "duríssimo", que ninguém queria tomar, resultou.
E não é preciso desenho.
Estou certo que Soares, Ernâni e Mota Pinto também não gostaram das medidas que foram obrigados a tomar.
Exato, Pinho Cardão!
ResponderEliminarE agora quanto tempo vai demorar?
O amigo sabe muito bem que, muitas vezes, não é a doença que apressa a morte, antes a falta de esperança numa cura.
E os resultados não terão tido a ver com a entrada de Portugal na "Europa" e a chegada de fundos estruturais? Quando o que agora se perspectiva é precisamente...a saída ou, no mínimo, a perda desses fundos a favor dos novos membros! Não creio que estas comparações entre os anos 80 e agora possam contribuir muito para escolhas sensatas dos cidadãos e, sobretudo, para desmotivar iniciativas que agitam varinhas mágicas, se as pessoas não compreenderem exactamente o que se está a passar e as probabilidades que temos que (não) recuperar, a vida de cada será ainda mais difícil.
ResponderEliminarNa crise de 1983-1984 o PB apenas decresceu 3% em 1984.
ResponderEliminarEm 1985 o PIB já cresceu !
Mas é sabido que as medidas de austeridade em 1984 foram exageradas, nomeadamente o aumento colossal dos juros !