Na França de Hollande, La Banque de France confirma a sua previsão de recessão no
fim de 2012, com a diminuição do PIB nos dois últimos trimestres ("La Banque de France confirme sa prévision de récession fin 2012").
Para o
campeão do crescimento, como Hollande se fez notar, nada mal. O certo é que o
nosso Seguro deixou de falar em Hollande, que o seguro morreu de velho.
Enfim,
não é por muito falar que a economia cresce. Nem por muito apostar que o PIB sobe.
A
economia não vai lá com palavreado. Ou com apostas. Muitos ainda julgam que
sim.
Sr. Dr. Pinho Cardão:
ResponderEliminarA austeritária Alemanha em 2011 cresceu 1,9%
Em 2012 só cresceu 0,7%.
A previsão para 2013 é de apenas 0,4%.
Pela primeira vez nos últimos 5 anos se prevê também déficite público.
Moral da história:
«Não deites foguetes antes da festa», ou então, «Quem tem telhados de vidro não atira pedras para o ar».
O bom povo sabe-a toda.
Claro, caro Manuel Silva. Quem deitou foguetes foi Hollande e está a receber a festa. Porque pensou, e muitos como ele, e também por cá, que meras palavras resolviam qualquer crise.
ResponderEliminarMas eu não deito foguetes por desgraças próprias ou alheias, limitei-me a notar o facto. Sem qualquer prazer, com muito pesar. Até porque uma França em crise não ajuda nada às exportações portuguesas.
Sr. Dr. Pinho Cardão:
ResponderEliminarO que eu quis realçar é que a crise está para lá dos discuros.
Nem o discurso do Crescimento a resolve, nem o da Austeridade também a resolve.
Como podemos constatar na produtiva, trabalhadora, organizada e rigorosa (nas contas) Alemanha.
Nos povos do Sul, latinos, católicos, da festa, não admira a recessão, já na Alemanha (a passos largos para ela) espantará.
Ou não, é que isto anda tudo ligado, quando se vergastam uns, as pontas da chibata vão atingir os outros.
Portanto, em matéria de condenações e de discursos (austeritários ou crescimentistas) o melhor é seguir outro ditado popular: prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém (isto antes de as galinhas serem de aviário, agora já não sei).
É verdade, caro Manuel Silva. Os ciclos económicos existem. Mas acontece que enquanto uns países combinaram bem estabilidade com crescimento e têm reservas (dívida pública controlada, défice controlado, fiscalidade racional, etc)que lhes permitem inverter mais rapidamente a situação, com uma ou outra mexida nessas variáveis, outros países cuidaram de crescer sem estabilidade, à toa, não obtendo crescimento e, pior,não possibilitando tomada de medidas anti-cíclicas, por esgotamento dos factores que as possibilitariam.
ResponderEliminarAo longo do tempo, Portugal não cumpriu o Pacto de Estabilidade e Crescimento; os socialistas até lhe chamaram estúpido. Vê-se o resultado.
Sr. Dr. Pinho Cardão:
ResponderEliminarSobre as medidas anti-cíclicas (e a raiz das razões para a nossa situação), talvez goste, ou talvez não goste, provavelmente não, e até poderá ficar agastado, pois contraria a narrativa dominante dos austeritários, aqui lhe deixo:
Mais outro «socialista», de seu nome Pedro Braz Teixeira, Director-executivo do Nova Finance Center, Nova School of Business and Economics (Universidade Católica), qual «ovelha ronhosa» a desfazer as narrativas da moda.
«Desde o início da democracia que o nosso país se encontrou três vezes em situação de pré-bancarrota, 1978, 1983 e 2011. (...) Antes de mais, tem de se reconhecer que as três crises foram desencadeadas por choques externos: o choque petrolífero de 1973 (para os problemas de 1978); o segundo choque petrolífero de 1979 (para o recurso ao FMI em 1983); a crise financeira internacional iniciada em 2007, agravada pela crise do euro, a partir de finais de 2009 (para o resgate de 2011. (…)
Pouco depois do choque petrolífero de 1973 deu-se o 25 de Abril, que trouxe subidas salariais não só fantasiosas como totalmente desajustadas da conjuntura. Além disso, numa tentativa de manter um poder de compra artificial, os primeiros governos adiaram uma desvalorização que se impunha. Ou seja, tivemos respostas de política económica totalmente erradas.
Pouco depois do segundo choque petrolífero, 1979, o então ministro das Finanças, Cavaco Silva, teve a “brilhante” ideia de revalorizar o escudo 6%, o que permitiu a baixar a inflação e ajudou a AD a ganhar as eleições de 1980. Infelizmente, este erro crasso de política económica foi também uma das principais razões por que Portugal acabou por ser atirado para os braços do FMI em 1983.
A crise portuguesa de 2011 é mais complexa porque a crise internacional iniciada em 2007 veio expor problemas nacionais muito mais antigos, em particular a acumulação de fortes défices externos desde 1996. Mas tem em comum com as anteriores os erros de política económica: o menosprezo pela necessidade de equilibrar as contas externas e o descontrolo orçamental, não só o visível mas sobretudo o escondido em PPP ruinosas.»
O mais curioso é que, muito provavelmente, a economia francesa cresceu de facto muito mais que no ano passado, o que não cresceu foi a trafulhice contabilística de andar a estoirar dinheiro dos outros.
ResponderEliminarCaro Manuel Silva:
ResponderEliminarExtraordinária teoria essa do Dr. Brás Teixeira que, depois das justificações virtuais já clássicas, mas pouco aderentes à realidade dos factos, vem dizer, e cito o que o meu amigo diz, que a actual crise "tem em comum com as anteriores os erros de política económica: o menosprezo pela necessidade de equilibrar as contas externas e o descontrolo orçamental..."
Querer estar bem com Deus e com o diabo é o que dá: contradição nos termos. Mas a mistificação é a melhor forma de agradar a todos.
De facto, queira-se ou não, se não houvesse descontrolo na dívida pública e descontrolo orçamental não estávamos a passar pelo que passámos. Como se prova pelo que acontece nos países que não tiveram esse descontrolo.
O Holland está a seguir na pratica uma linha austerista, com aumento de impostos e alguns cortes na despesa.
ResponderEliminarO resultado só poderia ser recessão ou estagnação.
Mais uma prova do obvio, que a austeridade sincronizada num bloco económico provoca recessão.
Caro Paulo Pereira:
ResponderEliminarE Hollande até se propunha aumentar a despesa para obter crescimento. Por que não o fez?
Sobre Hollande e como o jornalismo luso o sapregoa...
ResponderEliminarhttp://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/01/filhos-e-enteados-da-comunicacao-social.html
Nós, os portugueses, temos a certeza que a partir de agora, nunca teremos um governo que faça bem.
ResponderEliminarCaro murphy V:
ResponderEliminarClaro.
Para a generalidade da nossa imprensa, e como dizia o outro, um governante opressor de esquerda é chamado de líder e um governante opressor de direita é chamado de ditador.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarO Holland não entende que um deficit de 4 a 5% é normal nesta altura de estagnação .
É ignorancia de macroeconomia.
Por alguma razão desconhecida , os economistas desaprenderam o que sabiam nos anos 70 e 80.
Caro Paulo Pereira:
ResponderEliminarTodo o défice é normal enquanto houver alguém disposto a pagá-lo.
Numa altura de crise, um défice de 4%, 5% ou 10% é normal, se a dívida pública for normal e a fiscalidade normal. Mas se um e outro destes factores forem anormais, um défice orçamental da ordem que indicou não tem quem o pague.
Compete aos políticos a gestão destas pequenas coisas. Acontece que muitos nem sabem, nem sonham; e acontece que outros sabem bem, mas sonham com poder a todo o custo, deixando para os outros a pesada herança.
Caro Bartolomeu:
ResponderEliminarComentário deveras enigmático!...
Será que se deixaram levar pela sereia "hollandaise" e agora bateram com a cabeça no chão?
Eu até acredito que o que diz seja verdade. De facto, os cidadãos sentem-se confusos: não estão a ver resultados da austeridade em Portugal, e estão a ver que os remédios invocados contra a austeridade também não dão resultado noutros países.
Como a medicina, também a economia não é arte que todos dominem. Muito menos, no que respeita à economia, os tecnocratas de power-point ou os investigadores liofilizados na sua redoma universitária.
A economia não é boi para curiosos. E curiosos é o que há mais na política. "Hollandaises" ou portugueses.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarReduzir o deficit significativamente em recessão ecnómica é impossivel porque o aumento de impostos ou o corte na despesa baixam o consumo e o investimento, e a receita fiscal diminui.
Os anos de 2011 e 2012 são a prova provada disso em muitos países.
Quem financia o deficit são os proprios investidores com o apoio do BCE que mantem os juros nas taxas de referencia, como se está a fazer agora.
Tudo isto era conhecido nos anos 80, porque será que agora se esqueceram disto ?
De onde acha que veêm os euros para comprar a divida publica ?
Caro Pinho Cardão, Louve-se o exemplarismo de Hollande como exemplo para memória futura. Pena mesmo são as consequências para eles e para nós...
ResponderEliminarCaro Paulo Pereira:
ResponderEliminarNão sei exactamente, mas gostava de saber.
Caro Ilustre Mandatário:
ResponderEliminarTambém digo