sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Já não há herois



Amanhã ninguém falará da confissão de Lance Armstrong. Cansadas das constantes burlas protagonizadas por gente nascida bacteorologicamente pura, grande, omniciente, necessariamente séria do mundo da alta finança, da política, das universidades, das altas competições, as pessoas comuns sabem que os verdadeiros heróis só existem nas telenovelas, virtualização da vida real que a realidade, mesmo atraiçoada, não tem força para vencer. Pode ter-se enfrentado desassombradamente a morte e lutado sem cansaço nem desânimo pela vida, própria ou alheia, oferecido o peito às balas, que mais cedo ou mais tarde a queda exporá maleitas intoleráveis segundo os padrões da honestidade e dos bons costumes feitas pelos homens para serem respeitados pelos arcanjos. 
Para as pessoas comuns só sobra a dúvida de saber se algumas vez os houve. Se os heróis do passado o eram verdadeiramente, ou se, como Armstrong, os sucessos que a história lhes credita e que contribuiram para as nossas certezas morais, são afinal fruto de vergonhosas, todavia inconfessadas, batotas.

6 comentários:

  1. JM Ferreira,
    ainda há herois!!!

    Sim , ainda há herois...e muitos mais que imaginamos.

    São é pessoas anonimas e "normais" que longe das luzes da ribalta, fazem frente a "cruzadas" bem "impossiveis" de encarar e levar por diante o simlpes dia-a-dia !

    Sem maquilhagens, sem silicones, sem agencias de comunicação ou pomotores.

    Eu, acredito e tou certo que ainda há Herois.

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  2. Anónimo15:58

    Sem maquilhagens, sem silicones, sem agencias de comunicação ou promotores, anónimos e "normais" e mesmo assim heróis, Pedro? Não vê a contradição, meu caro?
    O que descreve são os anti-heróis. Esses conheço alguns, sim.

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  3. Claro que há heróis. Não foi Armstrong o exemplo da luta contra o cancro durante mais de uma década? Não foi esse papel cumprido na perfeição até há um ano?
    Amanhã vem outro.

    Quanto aos heróis do passado, quem vive deles merece ser enganado... Quem acha que Afonso Henriques seria mais que um bronco javardolas e pequenote que não tinha pruridos em degolar pequenas crianças nos territórios conquistados, quer ser enganado. E não é mesmo para nos enganar que eles existem?

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  4. Anónimo18:50

    Grato ao Paulo Dias Neves que me mandou a adequada banda sonora.

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  5. Pequenote acho que não era, caro Tonibler,e de que é feita a História, as conquistas, as derrotas, as expansões, as invasões, as guerras, se não de violência, brutalidades e selvajarias? Ghandi propôs uma luta pacífica, quase a demonstrou, mas acabou assassinado e seguiu-se um terrível e mortífero conflito.Deixe-nos lá ficar com o D. Afonso Henriques...
    Zé Mário, eu acredito mais no herói que reconheceu as suas fraquezas - e, de certo modo a batota - do que no herói que venceu provações que eram impossíveis de vencer sem alguma batota. Tem razão,os heróis fabricados não são heróis, apenas tomam a aparência deles.Deve ser por isso que agora há tantos.

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  6. O heroísmo é um acto e o herói o seu sujeito, efémero.

    Nunca tinha associado um desportista a um herói. Mas sendo o desporto uma tradição muito grega dos nossos tempos modernos, provavelmente os ciclistas e corredores estão para nós como os heróis da argo para os antigos.

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