Se houve clareza na palavra e no pensamento do Presidente da República ao longo dos seus mandatos, ela foi especialmente impressiva na última comunicação ao País sobre a indisfarçável crise política motivada pelo abandono do Doutor Vitor Gaspar e pela nada espantosa deserção do lider do segundo partido da coligação.
O Presidente da República foi claro nas motivações: a salvação de Portugal perante um cenário económico e financeiro agravado e de uma preocupante interrogação quando o País tiver de procurar outros apoios externos. A emergência nacional justifica que o Presidente recuse eleições imediatas e que chame à responsabilidade os partidos políticos que, sendo responsáveis pela situação, têm de se responsabilizar pela solução. Em nome da salvação do País, disse.
Estes últimos dias foram porém férteis nas habituais análises e comentários mais preocupados em especular, em adivinhar intenções ocultas e subentendidos conspirativos, do que em contribuir para o esclarecimento sério e sereno dos portugueses, naturalmente preocupados com a degradação política e com a falta de motivos de esperança.
Acabo de ouvir o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, comentador político mas conselheiro de Estado. Ouvindo-o explicar o que está em causa pela ótica do jogo político, das ambições de fulano e cicrano, dos cenários e das conveniências, das intenções não reveladas, censurando o Presidente num momento em que da parte dos senadores (daqueles que não ensandeceram) se esperaria apoio claro, fico a pensar se este País, entregue como está a estes dirigentes políticos e a estes lideres de opinião incorrigíveis, tem na verdade solução. Nem por uma vez Marcelo se referiu ao que o Presidente da República deixou muito claro: Portugal está numa situação de emergência, não saiu dela apesar dos imensos sacrifícios das pessoas, das famílias e das empresas, precisa de salvação, e essa passa pela assunção de responsabilidades. Marcelo - tal como outros - prefere como Nero tornar-se indiferente à visão de Roma a arder e recreia-se com a sua lira. Distraído nas suas lucubrações mais ou menos conspirativas, porventura nem se apercebe que o fogo tudo e todos consome...
Apetecia-me citar um daqueles portugueses que desiludidos com a Pátria são implacáveis quando se referem a esta tendência para o suicídio inconsciente. Mas amanhã, com grande probabilidade, arrepender-me-ia de alinhar na desesperança. Prefiro pensar que, tal como o Presidente da República, há ainda muita gente com sentido de responsabilidade. E não pouca com sentido de Estado. Nesta república? Talvez não. Por isso venha urgentemente a Quarta.
Creio que muita gente partilha o seu sentimento, caro Zé Mário, os comentadores analisam e comentam, os decisores têm que decidir e só estes é que são chamados às suas responsabilidades e carregam o peso das consequências sobre a vida das pessoas, os comentadores podem sempre refugiar-se nas grandes vantagens do que não foi decidido...
ResponderEliminarO PR está a mentir e toda a gente consegue perceber isso. A situação de urgência nunca foi reconhecida por ele, foi ele que mandou para o TC os cortes da despesa apesar de estar nas mãos dele o estabelecer dos critérios de emergência. Nada foi bloqueado pelo Parlamento. Nada.
ResponderEliminarEstá a mentir! E ninguém quer este presidente. Ninguém!
Caro Tonibler, corre o risco de ultrapassar a esquerda radical, esses ao menos só invocam a "esmagadora maioria" quando se armam em intérpretes da vontade dos cidadãos :)
ResponderEliminarCara Suzana, numa altura em que o estado é tomado por um mentiroso para meter os amigos no governo porque acha que sabe o que é bom para o país, toda a gente parece ser da esquerda radical. :)
ResponderEliminarNunca imaginei ver um comentário radical como este do prezado Tonibler!
ResponderEliminarOlhe que o artigo do dr.Zé Mário é bem mais lúcido do que o seu arrazoado!Que não nos levará a lado nenhum!
E já agora:o Dr.Zé Mário só se refere ao aos comentários do prof.Marcelo!Que não diz sim nem não,mas sempre vai espetando a sua língua viperina contra o Passos. Mas o que haveria de dizer-se a respeito do outro comentador,agora filósofo, na sua cátedra paga por nós?Aqui dél rei,que o homem foge:prendam-no já!
Meu caro Albérico, esse de que fala - e que presumo seja o senhor Engº Sócrates - não me merece qualquer comentário. Além de tudo o mais nunca o ouvi com exceção da entrevista no regresso à Pátria. Bastou-me. Mas o que referi em relação a MRS é aplicável a muitos analistas e comentadores de todas as áreas.
ResponderEliminarMeu caro Tonibler, o meu Amigo vive num permanente PREC!
ResponderEliminarDr.Zé Mário:juro-lhe que eu NUNCA vi nem ouvi qualquer comentário desse tal residente em Paris!Só falo porque ouvi dizer que ele solta uns balidos!
ResponderEliminarNo que respeita ao Tonibler, isto passa-lhe!Basta que as coisas aqueçam para o lado dos tais insurgentes e grandoleiros!
Meu caro JMFA, esse é um erro de perspectiva. Não sou eu que me estou a afastar para a esquerda. Senadores? Apoio ao PR? Isto é o quê, a Coreia do Norte?
ResponderEliminarAlém do mais, quando eu começo a concordar com o Marcelo (os factos estão aí, não é sequer opinativo) significa que estamos muito próximos da unanimidade. O curioso é que o meu caro aponta o Nero errado...
Sentido de dignidade e de estado tem tido o povo português.
ResponderEliminarA montanha (PR) mexeu-se. Num filme de Kurosawa a dada altura alguém disse "Do not attack, do not move. The mountain does not move." Mas a montanha mexeu-se e foi o fim.
Agora também se mexeu a montanha e aguardemos pelo resultado.