Tem inteira razão Pinho Cardão no post que antecede. Se um acordo alargado entre os partidos em alternância beneficiaria o País, foi o País que mais uma vez ficou esquecido no desacordo a que se chegou. A nú ficou a falta de sentido de Estado pressentida por muitos. Revelou-se também a dificuldade crescente de promover o desenvolvimento social e económico sem alterações profundas de regime, alterações que arrastem uma mudança de paradigma no sistema de partidos e no modelo de representação política que temos. Só assim se conseguirá melhorar a qualidade de quem dirige e de quem governa em nome de todos. Da democracia, em suma.
Porém, há que reconhecer que o desfecho deste episódio da crise política (crise que permanece enquanto permanecerem os fatores que a alimentam e que são sistémicos), se é preocupante do ponto de vista da incompreensível subordinação do interesse geral ao taticismo partidário, não deixou de traduzir duas importantes e positivas afirmações: (i) do sentido de responsabilidade revelado pelos parceiros sociais (CGTP naturalmente excluída), o que permite pensar que por aí se assegura uma das condições essenciais para a recuperação, o clima de paz social necessário para as reformas (assim não seja defenestrado este importante capital); e (ii) da garantia de que, contrariando a campanha que vinha sendo feita contra o PR e corrigindo erros de avaliação mas sobretudo de discurso do próprio, houve quem, no Palácio de Belém, tivesse dado provas de estar à altura do momento e significar o garante institucional do funcionamento regular da democracia, num tempo de tutelas externas incontornáveis e, por isso, de particulares dificuldades na gestão política.
As crises têm estas vantagens.
ResponderEliminarCaro Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarPeço licença para subscrever. Na íntegra.