quinta-feira, 1 de agosto de 2013

"Imitar"...


Imitar é um verbo que me faz lembrar os macacos. Não sei se eles se comportam como dizem, "macacos de imitação". Não sei, não. O que vejo é o fenómeno de imitação a disparar a torto e a direito. Lembram-se de criar um penteado novo, tipo crista de galo, ou a querer lembrar o cabelo "penteado" pelo sono, e "toda" a gente passa a usá-lo. Começam a ver tatuagens desenhadas nos corpos, para, sem qualquer motivo, a não ser a novidade, começarem a usá-las por tudo o que é sítio, visível e não visível. Há quem se lembre de pintar as unhas contra o tradicional e sensual vermelho, passando a usar cores mortas, feias, a lembrar cianosados em estado pré terminal ou a quererem copiar as unhas de bruxas diabólicas, e vai daí a epidemia começa a alastrar-se. Há quem se lembre, também, de aprisionar uma ribeira ou um rio com poucas forças no verão, criando esverdeados e nauseabundos espelhos de água, para dar a expectativa de terem muita água, e inclusive colocando repuxos no meio deles como se fossem tanques artificiais a mijar água como um puto de seis meses deitado nu no seu berço. Basta haver um autarca a fazer uma coisa destas para logo outro e mais outro copiar tão criativa iniciativa. Lixam tudo como uma rapidez que até assusta. Deste modo, o discreto, transparente e amoroso fio de água que girava no verão em torno de pequenos pedregulhos, enxameados de belos e prazenteiros peixes, desaparece e consigo a sua natural beleza. Não é só nos cursos de água que se verifica este fenómeno, ocorre, também, nas alterações às praças centrais que outrora eram arborizadas e que passaram a dar lugar a desertos de betão e de calçadas não-portuguesas. Atentados e mais atentados, típicos de quem gosta de imitar, descurando o bom gosto e a beleza tradicional. Moda? Qual moda, falta de gosto. Não há dúvida de que o verbo imitar é o verbo dos pretensiosos e da falta de espírito. No que toca ao cabelo, basta cortá-lo ou penteá-lo de outra maneira. No que toca às unhas, também é fácil. No que toca às tatuagens não há praticamente solução. Paciência, arrojam-nas com elas até ao fim da vida, é uma mera questão de escolha. No fundo trata-se de um problema pessoal e cada um escolhe o que mais lhe apraz. Mas no que toca ao ambiente as coisas são diferentes, porque constituem atentados para os quais não há justificação nem mais-valias, além de desrespeitarem a beleza da natureza, também violam os direitos dos cidadãos. A mim não me incomoda muito os "imitadores" exceto quando dizem respeito ao património comum. Neste caso quase que poderíamos dizer que estamos perante "autarcas de imitação"...

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