domingo, 1 de setembro de 2013

A imutável formatação dos jotas

As televisões têm comentadores e analistas que diariamente nos ensinam a nós, ignorantes, a entender as comunicações dos políticos (como eles as querem entender...), e a enquadrar as grandes questões nacionais e mundiais (naturalmente, também, como eles querem que sejam enquadradas). Pode mudar o país e o mundo, mas estão lá sempre e a doutrina não muda.
Vergadas perante tal excelência, as Universidades dos Jotas acorrem a convidar como professores os mesmíssimos comentadores e analistas que diariamente nos doutrinam nas televisões.   
O que, na minha opinião, não abona lá muito, nem a capacidade dos alunos, nem o critério de recrutamento de tais Universidades. 
Não abona a capacidade dos alunos, por necessitarem de explicações complementares às aulas que as televisões diariamente nos servem a todos. E não abona o critério de recrutamento, por obrigar os Conselhos Pedagógicos e as Reitorias a repetir matérias já dadas e conhecidas há anos. Também os Professores, eméritos, sem dúvida, não saem lá muito bem, pois, em alternativa, e em abono dos alunos,  poder-se-ia concluir que, de tanto falar, já nem eles entendem o que dizem, quanto mais os alunos. 
Contudo, passam os anos, e tudo se mantém inalterável: professores, reitores, ideias e alunos. Nestes, com uma diferença: mudam os rostos, o que não acontece nem com as ideias, com os professores ou com os reitores. 
E assim saem hoje mais umas fornadas de jotas bachareis em ciência política. Devidamente formatados e perfeitamente aptos a perpetuarem o presente estado de coisas. 

13 comentários:

  1. duas frases latinas:
    inde irae et lacrimae ou daí a ira e as lágrimas(Juvenal)
    acta est fabula, plaudite ou terminou o espectáculo, aplaudam (final das comédias, duma frase de Augusto no leito de morte)

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  2. Em todos os governos eles metem nos meios de comunicação os seus amigos e pagam fortunas para passar a mensagem que lhes é mais favorável.
    Comem todos do mesmo tacho e não são capazes de resolver nenhuma das muitas situações que o país enfrenta.

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  3. São o ninho da serpente.

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  4. Caro Pinho cardāo, seria difícil ensinar-lhes por exemplo o que é o liberalismo, o marxismo, a social democracia ou o socialismo, uma vez que a confusão parece generalizada, tal como seria impossível explicar-lhes economia em tempos de incerteza e globalizações ou direito em países sob resgate. O papel das organizações internacionais parece votado a pura teoria e mesmo a História...bem, saber História ou filosofia ou literatura são temas sem empregabilidade, para usar o termo actual com que se classificam sumariamente os saberes. Portanto, sempre vão vendo um desfilar de notáveis que por sua vez fazem da ida lá um palco suplementar para a comunicação social e para os amigos ou adversários políticos e pronto.

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  5. Meus Caros:
    Reuniões para formação de quadros políticos são necessárias e bem vindas. O que eu critico é chamar-lhes Universidades, abastardando o nome. E ter como "monitores" os mesmos de sempre, que diariamente ouvimos nas televisões e que, falando das conjunturas, não trazem qualquer valor acrescentado. Assim, os formandos, em vez de serem os sujeitos, são mero objecto, instrumento para que outros continuem a aparecer. Sabe-se lá para quê.

    Cara Suzana:
    Pois tem toda a razão. Eu não diria melhor.
    Diz que "história e filosofia são temas sem empregabilidade", elamentavelmente tem razão. Apesar de haver empresas (poucas) que, para muitos postos de trabalho, não distinguém cursos, querem é pessoal bem formado. A aprendizagem prática faz-se "in job".
    E porque essas matérias não geram empregabilidade, vá tirá-las do elenco das disciplinas. Erro trágico em que têm caído os sucessivos Ministros da Educação. É que história e filosofia deveriam ser disciplinas fundamentais e nucleares em todos os cursos do secundário. Como forma de os alunos compreenderem o país e o mundo, saberem argumentar, irem às causas das coisas e não se ficarem pela mera espuma ou pela imagem.
    Mas é o que temos. Infelizmente.

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  6. Exmo Senhor Pinho Cardão:
    Tanto o seu artigo de opinião como o comentário subsequente, com os quais concordo, são muito pertinentes e esclarecedores, sem embargo de no comentário haver um pormenor em que divirjo de V.Exa., quando diz…”erro trágico em que têm caído os sucessivos Ministros da Educação”, pois, segundo o meu ponto de vista, isto é processo ideológico de cariz neo-social fascista que vem, paulatinamente, sendo implementado, há mais de trinta anos. É a substituição da Escola dos conhecimentos, da cultura e do saber, pela “escola pantomina” , onde tudo tem de ser lúdico e o mínimo esforço é logo considerado traumatizante para o aluno, com uma “pedagogia” cheia de palavras bonitas como “construtivismo”, “escola inclusiva”, “aprender a aprender “etc., etc., cujo expoente máximo estava sendo conseguido com os chamados “professores titulares,” onde indivíduos com uma formação académica e científica rudimentares, mas equiparados a licenciados eram postos a avaliarem, em áreas diversas, professores com mestrados e, até, doutoramentos. Este processo ideológico, ainda em curso, exige um esforço muito grande e dinheiro para poder ser invertido. Ou os ataques ao Senhor Ministro Crato são por via de quê? Um povo a quem se tira a cultura, é um povo de alienados, a caminho da escravatura.
    Aceite os meus respeitosos cumprimentos

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  7. Caro António Rodrigues:

    Estou de acordo consigo, no sentido que que a política do Ministério da Educação é, desde há muito, uma política de deseducação, em nome de uma ideologia mais que ultrapassada e de um experimentalismo há muito abandonado noutros países. Não vale a pena alongar-me, mas os resultados na matemática e no português falam por si. Com a agravante de, no português, ter desaparecido o estudo de alguns dos nossos melhores escritores, substituídos por textos de jornalistas do politicamente correcto. E o TLEBS, a nova gramática, uma enormidade sem fim!

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  8. Senhor Pinho Cardão:
    Creio que o famigerado TLEBS nunca entrou em vigor,sendo,contudo, ensaiado pelos da tal ideologia a ver se pegava, fazendo crer que era legal.
    Cumprimentos

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  9. Permitam-me discordar. Este ano fui convidado para fazer uma intervenção num jantar-conferência da Universidade de Verão da JSD, e fiz. Não tenho ligação a qualquer partido, nem vivo nem trabalho em Portugal. Consciente das dificuldades que o país atravessa e da falta de coragem política para as resolver - no conluio doentio e corrupto que existe entre os principais partidos - escolhi o tema "Responsabilidade" para a minha intervenção: http://www.youtube.com/watch?v=Mdv4eIQFhy0&feature=share

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  10. Caro José Salcedo:

    Repito o que referi em comentário anterior: "reuniões para formação de quadros políticos são necessárias e bem vindas. O que eu critico é chamar-lhes Universidades, abastardando o nome. E ter como "monitores" os mesmos de sempre, que diariamente ouvimos nas televisões e que, falando das conjunturas, não trazem qualquer valor acrescentado. Assim, os formandos, em vez de serem os sujeitos, são mero objecto, instrumento para que outros continuem a aparecer...".
    Por isso, acho muito bem que tenha ido.

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  11. Obrigado pelo esclarecimento, Pinho Cardão. Sou leitor assíduo dos seus textos, que aprecio. E, claro, também não concordo com a utilização da designação "Universidade", embora confesse que não lhe tenha atribuído importância. Abraço.

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  12. Caro José Salcedo:
    Muito obrigado.

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  13. Há muita gente interessante e com intervenções bem preparadas ou histórias de experiência pessoal com as quais se pode aprender muito, mas essas não têm direito a cobertura mediática, daí parecer que "não existem", como bem refere o caro José Salcedo.

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