A expressão "segundo resgate" banalizou-se no
espaço político e mediático. Um assunto tão sério merecia ser tratado de outra
forma. Uma expressão que tem sido utilizada diariamente aos longos das últimas
semanas, servindo estratagemas políticos que as pessoas comuns não entendem. Ficam,
sim, assustadas. Uma banalização que serve e alimenta estratégias mediáticas à
custa das quais jornais e televisões se dedicam a análises e comentários sem
fim. Toda a gente opina sobre o assunto, fazem-se vaticínios, é uma fatalidade,
vai acontecer, só não se sabe quando e como ou ainda é prematuro dizem outros
numa versão light ou ainda outros que chamam a atenção para o nome,
"segundo resgate" não é a expressão adequada. Uma técnica que não informa, geradora de confusões e dúvidas, tem tudo para não correr bem.
O que as pessoas normais entendem é que algo de errado se
está a passar. Depois de tantas doses de austeridade - aumentos de impostos, cortes
nos salário que afinal de provisórios nada tinham, aumento exponencial do
desemprego, reduções nas prestações sociais, aprofundamento dos níveis de pobreza
e privação que atingem uma parte significativa da população - como se explica,
então, que as metas do défice não tenham sido atingidas e todos os anos tenham
que de novo ser corrigidas, desta vez, aliás, com grande vigor na praça
pública. E de repente, eis que surge um "segundo resgate".
Os portugueses andam com a esperança muito em baixo, a braços
com tantas dificuldades, muitos a viverem na sobrevivência e muitos a lutarem
com todas as forças que têm e que não têm pelas suas empresas e postos de
trabalho, que falar de um "segundo resgate” - que aliás entrou no léxico
da opinião pública com uma simplificação
absurda - só pode piorar a falta de confiança que tomou conta do país. Mas
quando alguém toca as campainhas de que a Troika está a trabalhar num
"segundo resgate", então surgem os comunicados, conjuntos e sem ser
em conjunto, os directos e indirectos que desmentem linha por linha uma tal
situação, não há nenhuma negociação, o assunto não está na agenda. E os
portugueses o que podem pensar, que não passou tudo de um mal entendido, que
ouviram mal?
Hoje ouvi o Durão Barroso a falar sobre isso, é mau sinal quando começam os esclarecimentos e os desmentido, em qualquer caso tem razão, entre informação, contra informação, propaganda e luta política, é impossível tirar conclusões. Uma coisa é certa, o que há pouco tempo era tabu, agora é tema de todos os dias.
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarHá momentos em que o silêncio é de ouro!