sábado, 8 de novembro de 2014

O critério jornalístico

Anteontem, na comemoração de mais um ano de mandato, o Presidente socialista francês François Hollande, deu uma entrevista à TF1 e RTL. A uma pergunta sobre o desemprego, Hollande evocou a sua recentíssima visita ao Canadá, onde se  reuniu com milhares de jovens franceses que aí encontraram ocupação, concluindo que “a França deve exportar os seus talentos”.
Há cerca de 2 anos, e face à diminuição do número de alunos, o 1ºMinistro português sugeriu que uma alternativa aos professores que queriam manter-se como professores seriam os países de língua portuguesa.
A comunicação social  logo desancou no 1º Ministro, numa barragem de tiroteio que durou semanas e semanas e de que ainda agora se ouvem ecos, concluindo que as palavras de Passos Coelho constituíam um desavergonhado apelo à emigração.
Não vi que os media portugueses, tão subservientes a Hollande e seus adoradores por altura da sua eleição, tenham pegado agora nas declarações do Presidente francês,  contrastando com a análise que, por exemplo, diariamente fazem de cada uma das vírgulas das declarações da senhora Merkel. Compreende-se: o critério jornalístico confunde-se com critérios políticos e partidários da nomenklatura que domina os media e que  torna a informação portuguesa como um dos produtos mais tóxicos deste país.
Ah! E também não vi qualquer reacção do Partido Socialista às afirmações do seu guru, apostador no crescimento e salvador da Europa. Então, traem-se assim tão rapidamente os amigos?  

9 comentários:

  1. É caso para dizer que mais vale cair em graça que ser engraçado... Mas a popularidade de Hollande está pelas ruas da amargura.

    ResponderEliminar
  2. Dr. Pinho Cardão
    Os critérios jornalísticos são, não raras vezes, insondáveis. Mas não é difícil de perceber que a Senhora Merkel tenha muito mais cobertura mediática que o Senhor Hollande.

    ResponderEliminar
  3. O mercado de trabalho é cada vez mais a Europa muito para além do território português. É uma oportunidade extraordinária para os jovens. No meu tempo emigrava-se para Lisboa, depois para França e antes para África e Brasil. A diferença é que agora o emigrante é informado e vai para uma vida melhor

    ResponderEliminar
  4. Recordo-me de quando em 1992 o Tratado de Maastricht foi assinado, serem os portugueses informados que a partir daquela data, a "troca" de produtos e pessoas entre os estados membros da União Europeia, tornara-se possível.
    Mas,existem duas questões, que o meu estimado Amigo Dr. Pinho Cardão parece não estar a querer levar em conta: a primeira é que os jovens portugueses, foram práticamente "empurrados" pelo ministro da mota para darem à soleta daqui, ou então enfrentarem o desemprego, depois o nosso 1º aplicou a mesma receita aos professores. Entretanto as universidades viram-se à brocha com falta de alunos com boas médias para matricular, algumas tiveram de baixar as fasquias para os 8,5. E depois, diga-me lá, por favor, o estimado Dr. PC; se o meu amigo fosse professor, não tivesse sido colocado numa escola, tivesse já 20 ou 30 anos de serviço e um curriculo apreciável, formação superior, etc. aceitaria de ânimo leve pegar na mala de cartão e basar para uma aldeia lá nos escafundeu de Angola, Moçambique, guiné ou coisa que o valha? É que até na comparação que o meu amigo faz neste texto, existe uma distância abismal entre o caso francês e o português. É incomparável a alternativa que é dada a um prof. francês de ir exercer para um país com uma sociedade como a canadiana e um nível de educação e económico e de segurança altíssimos e, arrancar à papo-seco para uma aldeia de palhotas, onde um gajo pode pisar uma mina a qualquer passo, ou levar uma naifada se saír ao lusco-fusco, ensinar crianças a ler, que um dia vão à escola e no outro têm de ir para a lixeira tentar encontrar alguma coisa para enganar a fome.
    Mas pronto, se o senhor só consegue ver nisto tudo a má vontade jornalística... seja.

    ResponderEliminar
  5. Meu caro Bartolomeu, é difícil recriar situações em que não estamos. Mas com grande segurança lhe digo que "se fosse professor, não tivesse sido colocado numa escola, tivesse já 20 ou 30 anos de serviço e um curriculo apreciável, formação superior, etc...." por certo o que eu não faria era, em vez de procurar emprego, postar-me em manifestações junto ao Ministério, ou deslocar-me a apupar membros do governo, por considerar que nada valeria, face à diminuição do nº de alunos, que naturalmente implica menos professores. Por certo, que procuraria novo trabalho e por certo que uma alternativa seria , usando palavras suas, "aceitar pegar na mala de cartão e basar para uma aldeia lá nos escafundeu de Angola, Moçambique, guiné ou coisa que o valha". Não tenha dúvida!

    ResponderEliminar
  6. Como bem diz, caro Dr. Pinho Cardão;" é difícil recriar situações em que não estamos".

    ResponderEliminar
  7. é bem visível que a nossa excelente comunicação social se encontra em estádio de tórrida lua de mel com o Redondismo - versão recauchutada do Crescimentismo, ditada pela perspectiva de próxima assunção do poder...
    Deixemo-la viver nesse enlevo, que não durará muito mas enquanto dura vai gerando cenas próprias de um romantismo encantado, que nem Hoffmann seria capaz de descrever na perfeição...

    ResponderEliminar
  8. Meu caro Bartolomeu:
    De facto, é difícil recriar situações. Mas viver esperando que o Estado me arranjasse uma solução, posso dizer-lhe que não.
    A minha relação pessoal com o Estado tem sido sobretudo de contribuinte. E, quando estudava, em alternativa a uma qualquer bolsa de estudo a que, já então por razão de princípio, nunca me habilitei, trabalhei nos últimos anos do curso.
    Talvez por isso me causa uma tremenda impressão a atitude de pedinchice perante o Estado por parte de quem está em condições de procurar e obter alternativas, impedindo tantas vezes o Estado de assistir, aí sim, a quem efectivamente precisa.

    ResponderEliminar
  9. Nesse aspecto que agora refere, caro DR. Pinho Cardão; o da "pedinchice", estou em total concordância com a sua visão. Não é para atender a pedinchices que o governo existe. Na outra situação, a que deu origem ao seu post e ao meu comentário, a realidade é outra muito diferente. Ali, o governo está a demitir-se de uma tarefa fundamental, consignada na Constituição; a de proporcionar educação igual para todos. Apesar disso, e como medida para fazer baixar o déficit, o governo resolveu cortar nas despesas com a educação. Para isso, fechou escolas, reduziu o número de professores e aumentou o número de alunos por sala de aula, cortou os subsídios para deslocação e reduziu o acesso ao ensino especial. Daí resultou um número excedente de professores, mesmo depois das reformas antecipadas e das rescisões amigáveis se concretizarem. Então a solução brilhante que o nosso 1º encontra para resolver a ineficiência do ministério da educação e a incapacidade do governo em geral para levar a cabo a reestruturação que porque os serviços do estado aguardam ha muito; foi a mais difícil de todas, aque mais lhe custou, a que lhe partiu o coração: BASEM! VÃO CHETEAR OS PRETOS, DESAMPAREM-ME A LOJA, DÊEM DE FUGA, VÃO PRÓ RAIO QUE OS PARTA!!!

    ResponderEliminar