Li críticas violentas ao BCE pelo facto de não aceitar como garantia títulos de dívida grega.
Mas como pode um Banco aceitar como garantia títulos de dívida que o devedor anunciou não querer pagar, ou querer "perpetualizar", ou querer reestruturar, conforme os dias ou as horas, ou cujas taxas quer alterar?
O que é que vale uma garantia dessas para um Banco, mesmo que seja o BCE? Ou para um Banco, demais a mais o BCE, com funções reguladoras e de supervisão sobre os restantes?
Claro, nada, depois do que o governo vem declarando, e enquanto não se concluírem as negociações. É que os títulos são gregos, o BCE ainda não!
ResponderEliminarSei, António, que desconfias de Krugman.
Mas, apesar disso, sugiro-te que dês uma olhadela nisto
http://krugman.blogs.nytimes.com/2015/02/05/a-dance-with-draghi/?module=BlogPost-Title&version=Blog%20Main&contentCollection=Opinion&action=Click&pgtype=Blogs®ion=Body
Caríssimo Rui:
ResponderEliminarIndependentemente de teorias mais ou menos exóticas, alguém aceita como garantia titulos de uma dívida que o devedor declara e assume não querer pagar? Ou quer alterar substancialmente.
Tu, pessoalmente, aceitavas, ou tu, Director Financeiro, aceitavas, ou tu, Administrador, aceitavas, ou tu, Presidente do BCE, aceitavas?
Parafraseando Krugman, referindo-se no texto a Draghi, eu diria antes: Does Greece know what he’s doing? Of course not!...
Gosto muito de ouvir a social democrata Ferreira Leite nos seus comentários na TVI.
ResponderEliminarÉ uma réstia de esperança para todos os sociais democratas que cada vez mais vão rareando infelizmente.
Saberá por acaso o Pinho Cardão que Portugal ainda detem títulos de dívida perpétua?
Apontamento certeiro, caro Pinho Cardão.
ResponderEliminarAcresce que caso o BCE, levado pela onda syrizial que por aqui vai, aceitasse postergar, para a Grécia, as regras que aplica aos demais países e respectivas dívidas, nunca mais teria autoridade nem crédito para gerir a política monetária da zona Euro.
Temos de concluir que esta bondosa gente não se mostra, definitivamente, capaz de apreender as exigências da gestão de uma zona monetária.
O entusiasmo juvenil pela inadimplência como projecto de futuro para a Europa, não deixa espaço para mais nada.
Caro Carlos Sério:
ResponderEliminarTeve, não sei se ainda tem, pois alguém me disse que Portugal tinha optado por reembolsar a totalidade.
Mas era dívida "perpétua", todavia com prazo de pagamento acordado; e Portugal pagava ( ou ainda paga...) juros por ela.
Não foi, pois, negócio à grega...
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarUma leve achega: a dívida perpétua emitida pela República Portugesa - mas com cupão de 4%, na altura bastante generoso, não com cupão zero que é o nome alternativo para "burla" - foi emitida nos anos 40, numa emissão chamada "Centenários", encontrava-se expressa em Escudos e foi já integralmente reembolsada, há bastantes anos.
Os Gregos começam a dar mais problemas do que o que valem.
ResponderEliminarDado o momento actual, dada a forma como os investidores e agentes de mercado em geral estão a reagir à possibilidade de saída da Grécia da zona euro e da UE parece-me que deixa-los cair não causa mal nenhum ao mundo. Pelo contrário, talvez fortaleça a zona euro.
Esses chantagistas do BCE!!! Então os gregos estão-se a propor pagar a dívida que têm connosco com o nosso dinheiro e nós a chantagia-los desta maneira vil!!!
ResponderEliminarPeço desculpa pela extensão do artigo, mas parece-me uma reflexão interessante do diretor do Diário Económico.
ResponderEliminarUMA MÃO GREGA CHEIA DE NADA
O 'roadshow' de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis pela Europa, quais 'rock stars' que até já têm direito a ‘groupies' na imprensa europeia, resultou no regresso a Atenas com uma mão cheia de nada e na clarificação de que, afinal, a Alemanha e o BCE não estão assim tão afastados como, por vezes, parece em relação às obrigações dos Estados numa zona monetária única
Concordaram em discordar da estratégia do governo grego, o que levou Tsipras a inverter, novamente, o discurso para consumo interno.
Antes das eleições, o Syriza apresentou-se com um plano radical, desde logo a exigência de mais um perdão de dívida pública. O resultado das eleições e a necessidade de negociar, primeiro, e o choque com os mercados e os credores, depois, obrigaram a uma suavização do discurso. Das propostas irrealistas, vestiram o fato dos governos moderados de esquerda, para atraírem a França e a Itália para a sua causa. Obviamente articulados, François Hollande e Matteo Renzi deram os sinais positivos que serviram para encorajar Tsipras, mas com o cuidado suficiente para manterem uma distância de segurança, coisa que António Costa não foi capaz de fazer. O pior estava para vir.
É no mínimo ousado, para não dizer irresponsável, a forma como o Governo grego se apresentou nas capitais europeias. Continuou a comportar-se como um partido de esquerda radical que não acreditava ser possível chegar ao poder. Só que já tinha chegado. A hecatombe nos mercados e o afogamento dos bancos gregos na bolsa de Atenas obrigou Varoufakis a estender a mão ao BCE. Mas Draghi, um dos favoritos das oposições nos países do euro, à esquerda como à direita, não se impressionou e, depois de uma reunião com o ministro das Finanças grego, tomou a primeira decisão de força: Frankfurt deixou de aceitar que os bancos gregos se financiassem junto do BCE usando como colateral a dívida pública.
Foi um golpe duro, um aviso sério, o mais sério, para um Governo que mostrou muita vontade, mas muito pouca preparação. Poderia ter sido pior, se tivesse ordenado ao Banco Central da Grécia que não poderia ceder liquidez de emergência aos bancos gregos, seria mesmo a capitulação do país antes da guerra. E a saída do euro.
No dia seguinte, ontem, foi a vez de Varoufakis encontrar-se com o ministro das Finanças alemão que poderia ter falado mais alto, mas não conseguiria ser mais claro. Wolfgang Schäuble disse a Varoufakis que a Grécia tem de negociar com a ‘troika', quando, na verdade, os gregos não querem negociar com a ‘troika', nem com a Europa, querem mesmo fechar um acordo com Berlim, a capital que é alvo, nos discursos internos, dos maiores ataques. Ironias.
Tspiras regressou a Atenas e viu a casa a arder. A banca afundou na bolsa, as ‘yields' da dívida pública grega dispararam. Pior, muito pior do que estava quando foi empossado primeiro-ministro. E a responsabilidade é toda sua, não é de Samaras, o primeiro-ministro cessante, nem de Merkel, nem dos mercados. Como dizia Schäuble, quem faz promessas com o dinheiro dos outros, se calhar, faz promessas irrealistas.
Tspiras e Varoufakis conseguiram destruir a boa vontade da Europa para não ter outro caso grego, a disponibilidade para ceder alguma coisa, mesmo contra a vontade dos governos dos países que fizeram o ajustamento, a evidente disponibilidade para ouvirem, até porque os gregos fizeram um esforço enorme para aguentarem a austeridade. E aguentaram, aguentaram. Com a dignidade que, muitas vezes, a Europa não demonstrou em relação aos gregos.
Tsipras errou ao centrar todo o discurso na renegociação da dívida - leia-se: na necessidade de pedir aos outros países do euro para pagarem, outra vez, o caminho da Grécia - e agora regressa à casa e volta a ter o discurso que o levou ao poder. Mas, assim, não vai levá-lo a mais lado nenhum.
http://economico.sapo.pt/noticias/uma-mao-grega-cheia-de-nada_211520.html
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarGrato pela concordância com o texto e pelo esclarecimento prestado sobre a tal dívida "perpétua" (aliás, tão perpétua que já foi reembolsada!...)
Caro Zuricher:
Diz que "osGregos começam a dar mais problemas do que o que valem".
Isto é, em linguagem financeira, apresentam-se com valor actual negativo. Não estou longe da ideia...
Caro Tonibler:
De facto, é uma desfaçatez completa dizer que os gregos não querem pagar... De facto, eles querem, mas não com o seu dinheiro...como é que podem?
Caro Pedro de Almeida:
De facto, é mesmo isso.
Ainda bem que, concorde-se ou não, há umas vozes na Europa que sabem dizer sim ou não, ao contrário daqueles que falam tipo oráculo, como franceses e italianos, cultores que são de um politicamente correcto que só serve para enganar papalvos.
A Grécia não apresentou qualquer contrapartida às suas propostas de geometria variável, que se foram alterando conforme a hora e o interlocutor. E não creio ser de esperar muito de quem já declarou, como o M.Finanças, que as propostas eleitorais que o Syriza fez eram um bluff...é preciso descaramento!...
Como se pode acreditar no homem?