É hoje notícia a aprovação de um decreto do
governo grego, obrigando as administrações locais e regionais (e outras
entidades públicas, por suposto) a depositarem todos os seus haveres
monetários em contas no Banco Central…
…alegando necessidades extremamente urgentes e
“imprevistas” – sabemos bem do que
se trata, depois do saque sobre as contas do SNS e da Segurança Social e
dos alarmes que os próprios responsáveis políticos gregos têm vindo, com
grande serenidade e perspicácia política, a lançar sobre a sua precaríssima situação
de tesouraria.
Se isto acontecesse em Portugal, nesta data,
seria o suficiente para desencadear uma crise de enorme gravidade: o
governo censurado por garrotear o poder local e regional, pela mais
despudorada prática neoliberal – um levantamento nacional não estaria
excluído, a Associação 25/IV estaria na linha da frente para apelar a um
levantamento armado …
Mas, como se trata da Grécia, em estado de graça
pelas opções absolutamente inconsistentes mas radicais do seu patriótico governo, está
tudo bem...está tudo conforme às melhores práticas internacionais…são necessidades
urgentes e “imprevistas”, a salvação nacional e o novo projecto de Inadimplência Regeneradora tudo
justificam!
E assim vamos vivendo, neste doce enlevo com a
Helénia…
Caro Tavares Moreira, mas é impressão minha ou ninguém se apercebe que isto é efectivamente o primeiro passo para o controlo de capitais?
ResponderEliminarOs dinheiros do serviço de saúde e das pensões estavam efectivamente sob alçada do Estado Grego e o que o governo fez foi usa-los para fins distintos do previsto no orçamento. Já é mau. Mas aqui é um grau acima. O Estado Grego acaba de apropriar-se de dinheiro que não é seu mas sim doutras entidades, os entes locais e regionais, efectivamente controlando-os e os seus gastos.
Isto parece-me um despudorado primeiro passo para o controlo de capitais. Quanto tempo daqui até ao congelamento dos depósitos nos bancos Gregos e efectivo confisco dos dinheiros dos cidadãos e empresas para uso do Estado?
Há ainda um pormenor nada desprezavel nesta coisa. É que as entidades vão colocar os seus teres e haveres no Banco da Grécia, sim senhor. Mas esse dinheiro sai dos já muito aflitos bancos Gregos. É de supôr estarmos a falar dum rombo de grandes dimensões. Que efeitos pode ter isto nos bancos?
Caro Zuricher,
ResponderEliminarAs suas observações são pertinentes, nomeadamente no que se refere a mais esta preciosa "ajuda" aos bancos gregos...
Mas a noção com que se fica é que o desnorte já adquiriu proporções estratosféricas, já nada daquilo faz sentido, trata-se de tentar sobreviver a todo o custo enquanto andam entretidos numa infindável negociação com o Eurogrupo...
Já estamos a 20 de Abril, é necessário (acontece todos os meses, por azar) pagar salários e pensões num total de qq coisa como € 2,4 mil milhões e já não haverá muito por onde escavar para encontrar fundos.
A incompetência, a este nível, paga-se muito cara.
O embuste Syriza - ou uma forma encontrada pelo Monopólio Financeiro para serenar o crescente sentimento de rebelião das populações.
ResponderEliminarCronologia da extorsão e de uma tentativa de amansamento da população:
1 - Subitamente e SIMULTANEAMENTE, em todo o Planeta, o Monopólio Banqueiro Mundial (nas mãos de meia-dúzia de indivíduos) forja uma «Crise Financeira Global». Ali, é a crise dos subprime; acolá, são os produtos tóxicos; além são as «imparidades bancárias»; algures, é a incompetência dos banqueiros; aqui é a corrupção dos banqueiros, alhures é o dinheiro que se evapora dos bancos, etc. Em suma, por uma extraordinária coincidência e pelos mais variados motivos, a «Crise Financeira Global» aconteceu em todo o lado ao mesmo tempo. Este facto é claramente indiciador de que toda a banca mundial age a uma só voz e é propriedade de uma pequena elite.
2 - Consequentemente, e para evitar um efeito dominó (ou de contágio) de cariz financeiro de consequências "catastróficas", os «representantes eleitos - políticos» de todos os países afadigaram-se em recapitalizar os bancos à custa dos respetivos contribuintes. Nunca, na história da humanidade, tantas «indústrias financeiras» receberam tanto apoio monetário de tantos pagadores de impostos...
3 - Neste esforço para aguentar a «Indústria Financeira», sem a qual (segundo a esmagadora maioria dos comentadores mediáticos) a vida económica no planeta seria insustentável, o Monopólio Financeiro Mundial criou, e falando apenas da Europa, os «Serviços da Dívida», os «Memorandos da Troika», as «Políticas de Austeridade», as «Reformas do Estado», as privatizações das empresas nacionais lucrativas, etc., etc., etc...
4 - Contudo, perante a crescente revolta das populações que, com tanto de estúpidas como de ingratas, não sabem reconhecer o esforço que a «Indústria Financeira» têm feito por elas, o Monopólio Financeiro Mundial achou por bem, e graças ao seu apoio financeiro e mediático, substituir alguns partidos do «Centrão» por partidos de «Esquerda Radical». Isto, para acalmar a ira das populações...
5 - Desta forma, a Grande Finança subsidiou e propagandeou na Grécia o partido Syriza (Coligação da Esquerda Radical ) para substituir o PASOK (o PS grego) nos partidos que formavam o Centrão grego. Em Espanha, a Grande Finança está a subsidiar e a propagandear o partido «Podemos», que já aparece como vencedor no caso de umas eleições gerais em Espanha com 27,7 % dos votos em comparação aos 26,2 % do PSOE (PS) e 20,7 % do PP (PSD).
6 - O Syriza, que antes de ter vencido as eleições, prometia partir a loiça toda - recusar o pagamento da «Dívida», rasgar o memorando da Troika, dizer não às privatizações, acabar com a Austeridade, etc. - em menos de uma semana após as eleições virou o bico ao prego e deu uma volta de 180º.
7 - O Monopólio Banqueiro Mundial, para tentar manter a aparência de veracidade da «revolução grega», deu instruções a alguns dos seus actores (melhor dizendo, lacaios) na Alemanha, em Portugal e no grego Syriza, para protagonizarem uma pequena comédia cujo guião consistiria no seguinte:
a) A Chanceler alemã, Angela Merkel, e o Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, dariam a impressão que é a Alemanha que anda a sustentar isto tudo e mostrar-se-iam irredutivelmente contra qualquer mudança de políticas não austeritárias.
b) O Primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, e a Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, mostrar-se-iam absolutamente solidários com as posições do governo alemão, reforçando que mais austeridade é o caminho certo para a prosperidade, e dando um valente puxão de orelhas ao Syriza, aos gregos em geral e a outras populações europeias pouco dadas a sair da sua zona de conforto...
c) O Primeiro-ministro grego, Aléxis Tsípras, e o seu Ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, mostrar-se-iam triunfantes por terem afrontado os grandes poderes financeiros europeus e mundiais, embora sem terem conseguido qualquer resultado.
Notícia de Hoje: popularidade do governo grego afunda, entre Março e Abril, perante o arrastamento das negociações com parceiros...e 75% dos gregos rejeitam saída do Euro.
ResponderEliminarO cenário não poderia estar mais negro para os condottieri de Atenas, mas são eles próprios que o fabricaram, não se podem queixar...
Referendo à vista?
Pelo contrário, o cenário sorri abertamente aos «condottieri de Atenas», actores mercenários do Grande Dinheiro. Foi exactamente para isto que eles foram criados e financiados...
ResponderEliminarTalvez os gregos já se tenham apercebido do embuste, e Tsípras e Varoufakis já tenham à sua espera uma corda para balançarem nas bonitas oliveiras gregas com vista para o Pireu...
Parece-me que os estragos já são irreversíveis e se escaparem a sair do Euro, terão que viver com duas moedas.
ResponderEliminarNotícia de hoje: os responsáveis de empresas públicas e dos municípios gregos estão reunidos de emergência, protestando contra a decisão do governo central de usar as suas reservas monetárias para evitar um "default"...
ResponderEliminarEsta notícia mostra que a confusão está instalada na Grécia, já ninguém se entende, os custos de uma abordagem puramente demagógica e incompetente de um tema que requeria uma abordagem profissional, são cada vez mais visíveis.
Mas pode acontecer que esta pressão interna os obrigue a ser mais responsáveis nas negociações em curso com o Eurogrupo, quem sabe...não é fácil, dada a opção quase demencial pela demagogia que têm revelado, mas não é impossível.
Há que ter alguma esperança...