quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um PS desfigurado

"Há muitos anos que não se ouvia no Parlamento um PS tão à esquerda, tão colado ao BE e ao PCP, tão hostil às grandes empresas, tão pouco preocupado com o investimento privado, tão indiferente ao risco de atirar pela janela a imagem de partido com genuínas preocupações sociais, mas que também compreende e aceita os mecanismos da economia de mercado - embora procure corrigi-los...
... Nem sequer o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, escapou. Poderia ter sido ele ontem o último reduto para a defesa das empresas, para a inevitável necessidade de proteger o investimento e para a obrigação de deixar claro que governar não é apenas dar, como não pode ser apenas tirar. Governar significa criar condições para que o país possa avançar protegendo os mais desfavorecidos - e são tantos -, mas percebendo também que o Estado social não é uma dádiva do céu, é o resultado de um contrato que implica vantagens e sacrifícios para todos, especialmente numa fase ainda tão vulnerável do país....
...A ânsia de aprovar o Orçamento do Estado talvez justifique esta deriva para águas radicais, mas os discursos ficam, as palavras foram ouvidas, a maneira como se falou das grandes empresas - e já são tão poucas em Portugal - corresponde à desconfiança militante que faz parte do arsenal ideológico do BE e do PCP, mas não do PS. Nem com Seguro, nem com Sócrates, nem com Guterres, nem com Constâncio, nem com Soares isso aconteceu. Costa ultrapassou-os pela esquerda..."
Pois, um PS desfigurado. E não sou eu a dizê-lo...

6 comentários:

  1. Net
    Os juros das Obrigações do Tesouro português a 10 anos subiram para 3,47% esta quarta-feira no mercado secundário. O prémio de risco também subiu. Itália e Grécia acompanharam o novimento de alta. Alemanha financia-se a menos de 1% a 30 anos

    ResponderEliminar
  2. Acontece que eles passam por cima dos mercados com toda a facilidade. Actuam como se os mercados não existissem. Acontece que existem. Depois, queixam-se.

    ResponderEliminar
  3. Pois, é a interpretação de André Macedo como a de muitos outros arautos do neoliberalismo a quem foi dado de mão beijada os púlpitos da comunicação socia.
    Pode acrescentar à lista outros “comunicadores” da mesma linha e do mesmo estilo e que com igual regularidade liberal têm aparecido nos écrans das televisões em sua campanha contra o governo social-democrata do PS: João Duque, António Costa, David Dinis, José Gomes Ferreira, Helena Garrido, entre os principais.

    Eu sei qual o Orçamento que a Direita neoliberal e os seus amigos jornalistas e comentadores desejariam.
    Seguramente um Orçamento em que os governantes peçam aos portugueses “para não serem piegas” com a austeridade que lhes cai em cima, ou que os “convide a emigrar”, ou considerem “o desemprego como uma oportunidade”, ou que os portugueses terão “que aguentar, ai aguenta, aguenta”, sempre, sempre “custe o que custar” ou ainda um Orçamento onde se possa dizer que “as pessoas estão piores mas a economia está melhor”.

    Não, há um virar de página, foi derrotado um governo que aplicou com extremo rigor e profundidade políticas neoliberais e um governo agora que tenta aplicar medidas sociais-democratas. É esta a diferença que parece assustar tanto a comunicação social bem instalada e cúmplice de uma ideologia retrograda e socialmente arrasadora. Uma ideologia que é a antítese da Social-Democracia.
    Desfigurado e bem desfigurado anda o "PSD".

    ResponderEliminar
  4. Caro Pinho Cardão,
    Sobre os "mercados".

    As forças neoliberais sabem e o PS também sabe, que o destino do país não está nas mãos dos portugueses mas sim nas mãos da Troika e dos seus aliados (agências de rating e “mercados”).

    E a esmagadora maioria das famílias portuguesas também deveriam saber que os interesses que movem os “mercados” não correspondem aos seus próprios interesses. Pelo contrário, estão interessados em que os seus parcos rendimentos sejam desviados e transferidos, através dos cortes e da redução salarial, para os seus bolsos. É disso que se trata.

    E é por isso que a oposição tem e teve o comportamento “insurrecto” típico de um partido de protesto no debate do Orçamento. E Passos Coelho se comporta como um “primeiro-ministro no exílio”.
    Tudo faz para desestabilizar e desacreditar o governo, numa campanha de permanente “insurreição” cá dentro como lá fora, onde Paulo Rangel se tem mostrado o seu mais actuante “conspirador” na procura no estrangeiro de apoios à causa. Aguardam ansiosa e nervosamente pelo apoio dos “mercados”.
    Logo que os juros da dívida sobem uns décimos aí estão eles a agoirar o futuro. Nós sabemos que o governo e mais triste ainda o país, tem o garrote dos “mercados” ao pescoço.

    ResponderEliminar
  5. Então, quem assim pensa que viva sem os mercados, até porque há mais vida para além dos mercados. Triste e difícil, trágica, sobretudo para os mais desfavorecidos. Sem os mercados, lá se ia o SNS, os salários dos funcionários, boa parte dos serviços públicos. Se o meu amigo conhece isso muito bem (faço-lhe essa justiça), por que é que continua a falar por slogans?

    ResponderEliminar
  6. Há pessoas que gostam de falar como se não usassem o dinheiro dos outros. Isso tem um nome, mas as regras ainda que informais do 4R impede-me de o dizer.

    ResponderEliminar