Quando o tema do arrendamento foi abordado publicamente, parecia que o objectivo político seria o da dinamização do mercado, ou seja, fazer com que houvesse mais confiança para colocar casas para arrendar.
A acreditar nesta notícia, a ponderação desta matéria levou o Governo a concluir que:
- há poucos inquilinos interessados porque correm o risco de ser despejados de um dia para o outro;
- o balcão único de arrendamento foi tão eficiente que vai ser extinto;
- vai ser criado um serviço que ajude os inquilinos que não pagaram a renda a encontrar outra casa para arrendar;
- a dinâmica de demolição e reabilitação de edifícios arrendados foi tal que determinou uma onda preocupante de despejos;
- a transição das rendas congeladas durante décadas precisa de outras tantas décadas para transitar;
- há tantos portugueses com património imobiliário acumulado que se justifica criar um IMI progressivo para aumentar a receita fiscal e, claro, para assim se conseguir...baixar as rendas!
- os cidadãos que se atreveram a desenvolver o mercado dos Alojamentos Locais vão ser punidos com mais impostos, com limitação ao seu direito de dispor dos imóveis e com a fúria dos vizinhos que queiram aproveitar o maná para lhes cobrar mais condomínio por " desgaste dada partes comuns".
Isto tudo, repito, no âmbito da dinamização do mercado de arrendamento, do apoio aos jovens que querem sair de casa dos pais, das famílias com menos rendimentos e e, já agora, do estímulo ao investimento em imobiliário.
E portanto, de acordo com a avaliação do Governo, o BE e o PCP, o problema do mercado de arrendamento é de excesso de dinâmica, logo, tem que ser contrariado e controlado. Quanto antes e em todos os azimutes, para acabar com a fartura.
Hoje, quando regressava de um almoço em Setúbal, cruzei-me com algo que não via há mais de duas décadas; na estrada em direção a Alcácer do Sal, uma família de etnia cigana (pareceu-me) transportava-se, sob um sol abrasador, numa carroça com um toldo de lona por cima, puxada por uma parelha de cavalos, e dois poldros presos por uma corda seguiam atrás, um cãozito rafeiro, trotava por baixo da carroça, protegido do sol.
ResponderEliminarAbrandei a marcha para poder olhar com mais atenção aquele inusitado conjunto.
Depois, perdi-me em pensamentos e reflexões.
Serão aquelas pessoas tão ou mais felizes por possuírem a liberdade de ter uma casa-carro, deslocarem-se para onde o destino os guiar sem estarem obrigados a pagar IMI nem IUC nem IRS?!
Talvez seja este o projecto secreto dos nossos governantes... criar as condições decisivas para que prefiramos abdicar de possuir casa e carro e a tornar-nos ciganos...
ResponderEliminarCara Suzana Toscano,
São as políticas da esquerda marxista, tomadas quase sempre sob a bandeira de mais justiça social, seja lá o que isso for.
A história do caro Bartolomeu traz-nos o problema da cada vez menor liberdade provocada pelo cada vez maior controlo dos passos das pessoas que vai ocorrendo a coberto de "boas intenções." Os simplex e os impostos são exemplos disso.
Já faltou mais para nos colocarem um chip.
O controlo que o governo parece querer ter sobre o mercado de arrendamento é outro passo nesse sentido, em que poderá ser o estado a determinar quem pode ou não arrendar e a que preços.